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Artigos-->INSATISFAÇÃO SEXUAL FEMININA -- 20/11/2002 - 23:44 (Rose de Castro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
INSATISFAÇÃO SEXUAL FEMININA





Ocorre, previsivelmente que os problemas sexuais da mulher têm uma multiplicidade de causas. As dificuldades de irrigação sanguínea, as descompensações hormonais e outras disfunções fisiológicas tem como agravantes as barreiras psicológicas. Quase meio século depois da revolução de costumes que liberou a porteira do prazer sexual para a mulher, as “vozes” da repressão instaladas no fundo da psique feminina ainda emperram o caminho da satisfação. Isso tudo sem contar parceiros que, espantosamente, continuam ignorantes no bê-à-bá do orgasmo feminino. Uma em cada duas brasileiras tem algum tipo de queixa na área da satisfação sexual em determinada fase da vida. Três em cada dez desconhecem o orgasmo na relação sexual – proporção que aparentemente se manteve estável nas últimas décadas. O que está mudando, segundo o diagnóstico traçado nos consultórios dos especialistas, foi a disposição feminina de procurar soluções. Descobriu-se, em 1975, numa pesquisa realizada com 600 mulheres atendidas em um ambulatório de ginecologia conduzida pelo Presidente da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana, Nelson Vitiello, que apenas 2% do total dessas pacientes compareçam para tratar de suas disfunções sexuais. Na imensa maioria dos casos, a identificação dos distúrbios se deu por meio daquilo que os médicos chamam de “achado” – revelações encontradas casualmente no decorrer das consultas ou exames. Em 1998, Vitello repetiu a pesquisa e constatou que o índice de disfunções se mantinha praticamente inalterado. A novidade era o número de pacientes que haviam procurado o ambulatório com a intenção assumida de resolver seus problemas de cama: quase um quarto do total. A insatisfação da atual geração de adultas jovens (as mulheres insatisfeitas costumam recorrer aos especialistas por volta dos 30 anos, quando concluem que já experimentaram o sufiente para saber que está faltando alguma coisa) pode até ser parecida com a de suas antecessoras.

Oficialmente, apenas em 1953, com o célebre estudo feito por Alfred Kinsey, a ciência aceitou que era o clitóris, e não a vagina, o gatilho do prazer feminino.

A maioria das mulheres ainda desconhece o próprio corpo – situação que, para os homens, tem menos chances de acontecer. Desde cedo, eles têm uma relação muito mais explícita com seus genitais , já que podem vê-los, tocá-los e senti-los. Mulheres, em compensação, estão destinadas a conviver com uma sexualidade mais oculta sob uma conformação que esconde e dissimula. Para os psicólogos, elas só vão saber que tem vagina lá pelos 8 anos, e que têm clitóris por volta dos 13. E mesmo assim... se foram muito curiosas.

O cerne da questão continua sendo o peso da repressão que ainda paira sobre as mulheres. Ao contrário dos homens, a manifestação da libido feminina é algo reprimido desde a infância. Há mulheres que sofrem de anorgasmia primária, ou seja, que nunca atingem o orgasmo - nem durante o ato sexual. Fisiologicamente, nenhum problema. Em compensação, todas apresentavam um ponto em comum: Cem por cento delas possuem em seus registros uma educação familiar opressiva, que vinculava sexo a pecado, dor, sofrimento ou perda de auto-controle.

O que deve ser entendido é que o ambiente de maior liberdade sexual pode jogar contra o prazer. Ao iniciar mais cedo a vida sexual, a jovem queima a etapa do namoro com jogos eróticos – o popular “amasso”. Essa fase que não inclui o ato sexual em si, funciona como uma espécie de aprendizagem para a vida sexual adulta.

A maior interessada em mudar esse tipo de comportamento é a própria mulher, assumindo-se e embarcando num caminho de autoconhecimento, em todos os sentidos, e de responsabilidae por seu próprio prazer.



// rose de castro – A ‘POETA’

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