Em 1989 a banda liderada por Renato Russo lança seu quarto L.P. denominado “As Quatro Estações”, no qual , entre outras faixas, podemos encontrar uma intitulada “Monte Castelo”.
Este nome foi escolhido com o intuito de “homenagear” o mais notável episódio da história militar brasileira: a conquista de Monte Castelo na Segunda Grande Guerra.
Deixemos o título de lado, uma vez que este não é o objetivo do artigo, que discutirá sim o conteúdo da letra.
Classificada , pelo próprio Renato, como um a adaptação de parte da primeira carta de São Paulo aos Coríntios - capítulo 13 – e de 12 versos do soneto 11 de Luís De Camões, a letra em questão diz respeito ao amor. “Mas que tipo de amor?”- eu pergunto - “Será o amor fraternal (Ágape) descrito pela bíblia ou será o amor platônico (Eros) narrado explicitamente no soneto de Camões?” Ou melhor: “Será que Renato errou ao unir os dois textos?”
Se prestarmos atenção em toda a letra da música, veremos aonde o poeta quis chegar. Em meio a tanta adaptações, Renato encaixa um outro verso capaz de ajudar a esclarecer esta dúvida: “Estou acordado e todos dormem, todos dormem...”Enquanto todos se preocupam em separar o amor em infinitas partes, esquecendo de praticá-lo em qualquer uma delas, Renato expõe o amor como algo único , sem divisões: filantrópico, carnal, fraternal, heterossexual , homossexual, etc. Isso pode ser comprovado no mesmo L.P. numa outra canção denominada “Pais e Filhos”: “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã...”
Eu só não consigo entender o que Renato quis dizer com: -“Lá em casa tem um poço mas a água é muito limpa.” Mas isso eu deixo para os budistas...