Um dia quando acordei tomei um grande susto... Vi meu corpo deitado na cama a poucos centímetros de onde eu estava! Mas onde eu estava? Estava flutuando e quase encostando no teto! Então, eu estaria acordado ou dormindo, duvida atroz? Minha mãe adentrou no dormitório e tentou acordar-me, desesperada chamou uma ambulância, mas era tarde demais, eu tinha morrido...
Desesperei-me, agarrei-me ao corpo e o segui até o cemitério!
Eu tinha muito ainda por fazer! Era muito cedo! Eu era muito jovem!
Chorei, gritei, tentei em vão comunicar-me com os meus parentes e amigos.
Procurei o paraíso eterno, mas encontrei outras pessoas perambulando pelas ruas ao lado dos "vivos".
Vi muito sofrimento até que fui levado para um hospital no plano espiritual... Falaram-me sobre reencarnação e eu não queria acreditar nisso, mas entendi que meu medo de retornar, devia-se ao fato de que seria mais vantajoso (mais cômodo) viver num paraíso eterno, do que ter que voltar para aquela vida difícil e trabalhosa na Terra...
Mas como seria o paraíso? Certamente eu não me encontrava nele? Onde os anjos, onde as maravilhas descritas nos livros que eu conhecia?! Entendi que o paraíso não significa estagnação, que o trabalho continua do outro lado, que a saudade continua, que a consciência acusa os erros cometidos e na alma reflete os pensamentos e atos de várias vidas... Não existem saltos na obra divina, a evolução é lenta e gradual, uma vida é apenas um segundo perante a eternidade. E um segundo é muito pouco para uma alma conquistar as qualidades necessárias para se continuar galgando os degraus rumo a perfeição.
São poucos os que não precisam voltar, reencarnar... Então, muitos retornam, pois precisam auxiliar pessoas amadas, precisam
corrigir erros cometidos, precisam amar mais ao próximo... Descobri que enquanto algumas igrejas e doutrinas dizem: FORA DA IGREJA NÃO HÁ SALVAÇÃO... O CORRETO SERIA: FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO, pois para Deus, o que importa é o coração do homem e a alma. Importa o que esta dentro e não as aparências, não o que está fora.
Depois de algum tempo, pedi para reencarnar, pois minha consciência estava muito pesada e eu não podia continuar morando na colônia espiritual que me abrigara tão generosamente, sabendo dos meus débitos para com o Criador.
ANJO DE PRATA
Tenho alguns milhares de anos.
Fui rei e escravo, famoso e anônimo.
Hoje volto para ajudar os encarnados, mergulhados
no plano material, confundidos e solitários, que buscam "algo mais" do que apenas o prazer dos sentidos.