De Dr. Derval Alves de Castro, conservei em parte o livro deste grande escritor, Engenheiro, letrado senão um dos homens mais cultos que já passou por Itaberaí, livro publicado em 1933. Como observação retirei do texto gráficos e citações de cargos eletivos, para facilitar a leitura. Por Dr. Bruno Calil Fonseca- 08/05/1997. Sua Fundação - A cidade de Curralinho, hoje Itaberaí, não foi fundada por Francisco de Salles Tavares, como ate aqui se vem afirmando. O erro de seus primórdios vem desde o nome do seu suposto fundador, a quem chamam de Sá Tavares, até a sua concepção histórica. Francisco de Salles Tavares, sobre-existindo, com sessenta anos, ao ano de 1856, quando então registrou sob o numero cinco, como se poderá ver na Secretária de Obras Publicas do Estado, a fazenda Bonfim, distante quinze Quilômetros da cidade que pertenceu ao Sr. José Pinheiro de Abreu, não pode ser nunca o fundador de Itaberaí. Isso não só porque em 1819, segundo o iminente Saint-Hilaire, Itaberaí já era um povoado prospero, onde se festejavam anualmente a Pentecostes, no dia 12 de agosto, e as tradicionais folias do Divino, como também porque em Itaberaí, em 1824, conforme o ilustre General Raymundo José da Cunha Mattos, já existiam uma praça, a da Matriz, e duas pequenas ruas, as atuais Municipal e Sete de setembro, com o numero total de 52 casas. Para que Salles Tavares pudesse gozar das prerrogativas de ser o seu fundador, era preciso que já fosse um macróbio em 1856, o que podemos absolutamente garantir o contrario com o testemunho fidedigna dos Srs. Coronel João Elias da Silva Caldas e Cesário Lopes de Oliveira. O primeiro destes senhores afirma ter o seu progenitor, Capitão José Manoel da Silva Caldas, que nasceu a 30 de junho de 1830 e faleceu a 16 de outubro de 1905 portando com 75 anos completos, conhecido-o não como um decrépito e senil, mas, sim, como homem de idade madura. O segundo, nascido em Itaberaí a 25 de fevereiro de 1849, e é sobrinho de Francisco de Salles Tavares, assegura tê-lo também conhecido em 1864 com uns 70 anos de idade aproximadamente, época em faleceu e foi ai sepultado. Isso faz desaparecer a hipótese ou a probabilidade de ter sido Salles Tavares o fundador de Itaberaí, uma vez que, naquele tempo, as povoações levavam anos para se desenvolver. E em 1824, não atingindo Salles Tavares a 30 anos de idade, não poderia ser o autor da fundação de um povoado com 52 casas, dado a pouca atividade construtiva daquela época e a população escassa. Depois, quando isto não baste o Sr. Cesário Lopes de Oliveira, que homem muito verdadeiro, disse ter o seu tio exercido qualquer influência nos destinos de Itaberaí, mesmo porque Salles Tavares quase que sempre residiu na sua fazenda Bonfim, tratando da sua lavoura e criação. A um seu homônimo não se pode atribuir esse acontecimento, porquanto na tradição local consta a existência de outro. Também não nos oferece fundamento o fato de dizerem ter Francisco de Salles Tavares doado um trato de terras a Nossa Senhora D Abadia, tirado da fazenda Cordeiros, para constituir o patrimônio do antigo Curralinho. E isso porque não existe nenhum documento a respeito, como também por não ter sido encontrado nada que comprove lhe ter pertencido esse referido imóvel, que aliás não limita nem nunca limitou com o perímetro urbano ou mesmo suburbano da cidade. Até pelo contrário. Separando essa propriedade agrícola, pertencendo a época ao Srs. Coronel Salathiel Simões de Lima, existindo diversos terrenos registrados nos anos de 1857 e 1858. Para melhor, no entanto, elucidar os fatos, diremos que a fazenda Cordeiros, registrada a 21 de Maio de 1858, sob o n.º 106, por Rosa de Souza Moraes, pertenceu anteriormente ao Padre Joaquim Idelfonso de Almeida e limitava-se: Ao sul com a Cachoeira de José Bueno e Tristão de Moraes (onde se achava instalada a usina Hidrelétrica de Itaberaí ); ao nascente com o mesmo Tristão ( fazenda Lagoa Velha ); ao poente com rio das Pedras do lado dos Cordeiros ( margem direita do referido rio ); ao norte com as terras de Delfina e os cultivados que foram de Faustina Gomes ( terrenos do Acury ) até uma tapera ao pé do Rio das Pedras. Como vemos, este registro não pede limite com a antiga povoação de Curralinho, que alias confina com os terrenos registros descritos abaixo, alguns dos quais, por serem diminutos, a cidade abrange totalmente e outros parcialmente: A chácara Padre Felipe, situada á margem direita do córrego do mesmo nome, registrada por Manuel Curcino de Brito, sob o n.º 60, em 30 de Setembro de 1857, o qual a comprou do Padre Joaquim Idelfonso de Almeida; a fazenda Macedo, registrado sob o n.º 157, em 26 de setembro de 1858, pelo Brigadeiro Felipe Antônio Cardoso, a Chácara, comprada do Padre Luiz Manoel dos Anjos e registrada sob o n.º 187 por Manoel da Costa em 30 de setembro de 1858, abrangendo esta uma parte da cidade, diz de seus limites: Distante do arraial um quarto de légua, divido pela estrada antiga do Engenho dos Cordeiros ate o campestre e segue para a cima até a estrada nova do mesmo Cordeiros. Outro terreno de nominado Chácara, com meia quarta de légua, comprado de João Antônio Cardoso e registrado por, Rosa de Oliveira, sob o n.º 171, em 27 de setembro de 1858, diz assim de seus limites: Ao nascente com córrego Catarrão, na estrada real antiga, desde a mesma estrada pelo córrego acima até suas cabeceiras; a chácara Catarrão com uma quarto de légua, registrada, sob o n.º 33, em 19 de maio de 1857, por D. Rosa Moreira de Souza, diz: Da estrada real velha para cima ate as cabeceiras do córrego, confrontando com Rosa de Oliveira; outro terreno também denominado Chácara, com meia quarta de légua, registrada sob o n.º 173, em 27 de setembro de 1858, por Francisco Hilário dos Santos, diz: Ao nascente com o Palmital e ao sul com Rosa Moreira de Souza. Esses terrenos com as denominações de Chácara abrange parte da cidade na zona suburbana, vindo desce ponto dividir com fazenda Palmital, que abrange parte do coração de Itaberaí, e que vai transcrito adiante, e em seguida com fazenda Santa Rita, que foi registrada sob o n.º 127, em 25 de agosto de 1858, por Apolinário Leite Antunes, com um quarto de légua de dimensões, o qual a recebera por dádiva de João José Ferraz. Este registro acima mencionados estão em ordem perimetrica, principalmente do sul para leste da cidade e a contornado em todo limite urbano. Pelo exposto se concluí que Francisco de Salles Tavares, não teve nem podia ter interferência na fundação de Itaberaí, tendo, sim, concorrido para beneficia-a. E como a tradição histórica local ate aqui vem afirmando que o Capitão-Mór Salvador Pedroso de Campos, foi um dos fundadores desta cidade, temos a dizer que a ele cabe de fato quase toda essa glória. A ele sim, que passou a maior parte de sua existência na fazenda Palmital, a qual abrangia certa porção da antiga Curralinho, e que foi o homem mais abastado de seu tempo, tendo, por isso mesmo exercido real influencia sobre os seus contemporâneos. Nessa fazenda, cuja sede ficava situado, como ainda hoje, apenas a dois quilômetros da povoação, e que era um grande núcleo de escravatura, o Capitão-Mór Salvador Pedroso, extraiu grande quantidade de ouro, a ponto de ter os seus utensílios caseiros, tais como pratos, talheres, chincaras, copos, bandejas, etc., todo desse precioso metal. O Capitão-Mór, que era descendente de índia, faleceu na Capital de Goiás mais ou menos em 1818, com 67 anos de idade, á Rua Dr. Corumbá, n.º 12, próximo da ponte do Carmo, onde dizem ter achado no quintal, junto ao pé de um tamarineiro, dois frascos contendo ouro. Segundo e corrente, formando tradição popular, e segundo informações fidedignas da bisneta do Capitão-Mór Salvador Pedroso, que é a Sr.a dona Ana Francisca do Espirito Santo, nascida a 25 de maio de 1848, e que ainda vive com admirável lucidez de espirito e esplêndida memória, e conforme ainda a coordenação dos fatos, a ele deve Itaberaí a sua formação, ou si quiser, a sua formação propriamente dito, porquanto não só nela viveu desde o fim do século XVIII, como por constar ter feito doação de uma pequena área de sua fazenda Engenho do Palmital, ou simplesmente Palmital, que ate em 1858 abrange parte de cidade, para patrimônio de Nossa Senhora D Abadia. Esse documento, que dizem ter sido consumido por pessoas interessadas no seu desaparecimento, não foi encontrado vestígios a não na boca livre do povo. É verdade que existe uma justificação feita em 29 de outubro de 1891 pelo Cônego Cândido Marinho de Oliveira, perante o juiz Municipal, suplente em exercício, Capitão José Manoel da Silva Caldas, e que foi julgada provada em 3 de novembro do mesmo ano. Nesse elemento de prova, aliás ineficiente, quatro testemunhos afirmam e declaram saber, por ouvirem dizer, ter o cidadão Francisco de Sá ( deve ser Salles ) Tavares fez doação de um patrimônio a Nossa Senhora D Abadia antes de 1854. Esse instrumento probante, porém, por melhor fé que mereça é sempre gracioso, mesmo porque, antes de lei de registro, isto é, anterior ao ano de 1857, a fazenda Cordeiros, de onde dizem ter Tavares, 1854, tirado o referido patrimônio, pertencia ao Padre Joaquim Idelfonso de Almeida. O que podemos, entretanto, afirmar é que a fazenda Palmital, de fato pertenceu primitiva e exclusivamente ao Capitão-Mór Salvador Pedroso de Campos, casado em segundas núpcias com a Sra. dona Maria Anastácia da Fonseca. Não tendo filho no seu primeiro consórcio, legitimou, após ficar viúvo, a sua filha bastarda Maria Victória de Campos, falecida a 15 de setembro de 1872, com 77 anos de idade. Falecendo o Capitão-Mór, passou a fazenda Palmital a pertencer uma metade a dona Maria Victória de Campos e a outra metade a viúva dona Maria Anastácia da Fonseca, que casou tempos depois com o Brigadeiro Felipe Antônio Cardoso, cognominado "Tio do Norte". Com o falecimento, em 1849, de dona Maria Anastácia, conhecida na intimidade por Tia dona, e sobrevindo logo em seguida a lei do registro obrigatório de terras, o Brigadeiro Felipe Antônio Cardoso e Dona Maria Victória de Campos, registraram em comum a fazenda Engenho do Palmital. Esse registro, de n.º 155, deu-se em 27 de Setembro de 1858, e nele rezam os seguintes limites: Do canto da Igreja matriz pela estrada velha ate a ponte do ribeirão José Manoel, e por ele abaixo até á passagem do Roque, e ai, saltando, vai em linha reta ao ribeirão que vem a passar no mesmo Engenho e passando alem vai dividir com as terras das Mamoneiras e seguida até a estrada e por esta até a Cruz Grande, descendo pela mesma estrada até á barra do Uru, e subindo por este até á barra do Mandinga e por este acima cortando rumo direito a estrada na ponte velha do rio Bugre e pela estrada acima até á ponte do córrego Branco e dessa ponte direito pela estrada até a esquina da Igreja. Este valiosíssimo documento vem provar que a povoação foi formado dentro de terrenos alheiros por invasão da população, sem embargos de seus proprietários, e também que jamais houve doação de quem quer que seja. Do contrario não se justificam os termos do registro acima, pedindo limites com o canto ou á esquina da Igreja Matriz. E para melhor testemunhos do que nos afirmamos, vem a circunstancia de existir apenas no patrimônio, ou dentro do perímetro da cidade, uma área insignificante que não foi por ninguém registrada e que permaneceu sempre geralmente respeitada. Essa área é mais ou menos de 15 hectares e nela as edificações tiveram lugar só depois do advento da republica. A Matriz referida está situada justamente no centro da Praça que o General Raimundo José da Cunha Matos, encontrou em Itaberaí no ano de 1824, a que se refere em sua importante obra publicada na Revista do Instituto Histórico. Nessa ocasião, nesse mesmo local, em vez de Igreja, existia uma Capela sob a invocação de N. Senhora D Abadia, que era então comemorada a 8 de Setembro de cada ano, a qual, segundo esse eminente General, e que deu principio ao arraial por devoção de alguns roceiros. Essa Capela, tendo sido Mandada erigir, pelo Capitão-Mór Salvador Pedroso de Campos, somos obrigados a chegar á conclusão de que foi ele o verdadeiro fundador de Itaberaí. Como vemos, não pode restar a menor duvida quanto a influencia prepotente do Capitão-Mór Salvador Pedroso de Campos, na perpetuação dos primeiros e formação do antigo arraial de Curralinho, onde fez ele o primeiro prédio de cobertura de telha e de melhor aspecto naquele tempo, que é a casa n.º 29 da Praça da Matriz, hoje pertencente ao Sr. José Luiz da Silva Caldas. ( Este Sr. reside no prédio n.º 31 dessa mesma praça e que ocupa exatamente o lugar onde existiu a antiga Casa de Oração, antes de construir a capela ). Si duvidas houvesse nesse sentido, seria bastante sistemático o fato de sabermos que a única família existente em Itaberaí sem origem de tronco estranho aos nativos tradicionais, é a que descende do Capitão-Mór Salvador Pedroso de Campos. Os seus elementos hereditários são, assim, genuinamente itaberinos. A larga descendência que deixou está e vem sendo ligado há mais de meio século á família Caldas, que hoje formam a base da sociedade de Itaberaí, das quais origina toda sua população de classe. E verdade que essa quase progênie vem da legitimação de Dona Maria Victória de Campos, casada sucessivamente com dois irmãos de sua madrasta Dona Maria Anastácia da Fonseca, que são Francisco Antônio da Fonseca, em primeiras núpcias, e José Ignacio da Fonseca em segundas. Dona Maria Victória, que foi estéril com o primeiro marido, deixou do segundo uma descendência de cinco filhos, que são, por ordem originaria: Padre Luiz Antônio da Fonseca ( Padre Lulú ), Miguel Ignacio da Fonseca, Ana Francisca da Fonseca, Maria das Dores Fonseca e Honorato Maria da Fonseca. O Rev.mo Padre Lulú, após a receber a tousura, teve cinco filhos com aquela que devia ser sua esposa, a Sr.a dona Luiza Utim, e que não o foi por atender as exigências maternas que impunham a sua ordenação. São eles: Leonor Maria da Fonseca, Luiz Antônio da Fonseca, Salvador Pedroso de Campos Fonseca, José Ignacio da Fonseca e Benjamim Constant da Fonseca. E para perpetuar um exemplo de patriótica fecundidade, deixamos nesta paginas constatados o fato extraordinário de ter tido Dona Ana Francisca de Fonseca, na sua oportuna união com Tristão da Cunha Moraes, vinte e quatro filhos, dos quis vinte e um atingiram á maturidade. Destes quase todos forma férteis, especialmente a Sr.a Dona Ana Francisco de Espirito Santo, casada com o Brigadeiro Felicíssimo do Espirito Santo, a qual teve, por sua vez, vinte e quatro partos. Pelo exposto vemos positivamente que a formação, a parte construtiva, e que levantou a arraial do antigo Curralinho, portanto sua fundação, deve-se ao Capitão-Mór Salvador Pedroso de Campos, auxiliado pela devoção de alguns roceiros da redondeza. Sem que tenhamos dados positivos, podemos afirmar que isso data do fim do século dezoito. A origem, porém, propriamente dito de Itaberaí, ou melhor, o que deu motivo a sua fundação, remontada quase aos meados do século de Tiradentes, como passamos a ver. Reinava ainda D. João V, o vigésimo quarto rei de Portugal, em 1749, quando foi Goiás declarado independente de Capitania de São Paulo, sendo nomeado governador privativa da nova Capitania o Sr. D. Marcos de Noronha, mais tarde Conde dos Arcos, da qual tomou posse em 8 de Novembro de 1749. Por essa ocasião chegaram á capitania de Goiás alguns dos irmãos. Távoras, ricos fidalgos portugueses, dentro os quais se contava D. Álvaro José Xavier Botelho de Távora ou Conde de São Miguel, que em 31 de Agosto de 1755 recebeu as rédeas do governador de Goiás, tornando assim o seu sétimo governador, das mãos de D. Marcos de Noronha, que foi nomeado vice-rei do Brasil. Na sua inata ambição pelo ouro, ocuparam os irmãos Tovacas as terras do alto vale de Uru, onde então fizeram duas estancias a Quinta e o Santo Isidrio, hoje pertencentes aos herdeiros do Coronel Eugênio Rodrigues Jardim. Com o atentado, em 3 de Setembro de 1758, contra a vida de D. José I, cognominado o Reformador, que então já reinava em Portugal, e do qual foram acusados outros Tovacas, (o marques Francisco de Assis Tovaca, sua esposa e filhos ), parentes do conde de São Miguel, e acontecendo ter-se verificado ser este Conde um administrador desonesto e sem escrúpulo, foi demitido disciplinarmente, passando o governo em 7 de Julho de 1759 a João Manoel de Mello. Sendo por esses motivos perseguidos pelo Marques de Pombal, Ministro de D. José I, foram todos presos e assassinados em execução quase sumaríssima, quando se achavam em suas propriedades á margem do Rio Uru, em 1762. No entanto, em 1760, época em que se procedia ao processo do Conde de São Miguel, como peculatário e desonesto, o comendador José Joaquim de Tovaca, que se tornara criador, devido a uma grande geada que ressecados pastos e a seca que já se fazia sentir, e que celebrizaria mais tarde, em 1774, os três primeiros anos da benfazeja e energia administrativa de D. José de Vasconcelos Sobral, Barão de Mossâmedes e Visconde da Lapa, II.º governador de Goiás, viu o seu gado afugentar-se das pastagens costumeiras nas redondezas das fazendas Quinta e Santa Izidro, em demanda de outros sítios circunvizinhos, á cata de forragem já ali escassa e exausta. E o gado, á medida que a seca e a fome iam aumentando, diminuindo, portanto, as águas e os pastos, ia também por sua vez se afastando para outros regiões mais longínquas. Foi de modo que o gado, a procura de alimento, veio, parte dele, empastar-se ás margens de ás margens de Rio das Pedras, onde a vegetação naquele tempo, como ainda hoje, era fresca e fecunda, e onde o pasto era virgem e viçoso, devido á umidade permanente dos terrenos adjacentes, quase sempre de nível mais baixo que os barrancos do rio e ás vezes inferior ao de seu leite pedregoso e permanente. José Joaquim de Tovaca, pela circunstancia da época, em que via ofuscada e estrela de sua influencia, e ante o período de arrebanhar o gado para as salgas na sua estancia de Santo Izidro, resolveu fazer um curralzinho de madeira á margem direita de Rio das Pedras, pouco distante da estrada real de Goiás á Pirenopolis, afim de que pudesse dar sal ao gado pelas vaquejadas. Esse lugar, segundo se afirma, e justamente onde hoje se encontra a casa de residência do Sr. Coronel José Martiniano de Faria, sitio á Praça Onze de Junho, e que foi mais tarde conhecida por Curral Queimado. Feito o pequeno curral, só muitos anos depois, já quase no fim do século XVIII, surgiu o primeiro rancho. Com este aparecimento um tal de Cabral, mulato de procedimento ignorada, que tratou logo de apossar-se do local. O Capitão-Mór Salvador Pedroso de Campos, que por sua vez já ocupava as terras da fazenda Engenho do Palmital, cioso de suas domínios, procurou firmar definitivamente a sua posse mandando também fazer um curralzinho, onde está hoje situada a Matriz, e uma pequena casa. A presença de Cabral e a atividade que o Capitão-Mór desenvolvia na sua fazenda em iniciativas industriais, atraindo outras pessoas da lavoura, fez com que nascesse a idéia de se realizar ladainhas aos domingos em uma das casas, que se tornou logo conhecida por Casa das Orações. Daí nasceu a devoção para Nossa Senhora D Abadia, que, para honra das tradições católicas de Itaberaí é ainda venerada pelo sue povo, obrigando o Capitão-Mór a mandar franco apoio á população nascente. Data dessa época a existência propriamente dita de Itaberaí, que, devido ao pequeno curral feito pelo Capitão-Mór Salvador Pedroso de Campos, foi logo denominado Curralinho, que, por currutela da gente roceira, se tornou em breve Curralinho, nome este porque foi conhecida durante mais de século. Atribuí-se a esse Cabral, cuja nome perdeu-se na voragem infinita do tempo, o fornecimento de uma Telha Água para onde mais tarde teria sua chácara Francisco Hilário dos Santos, deixou, em 1912, de servir a cidade, em cujas ruas atravessava em bicas de madeira. Cabral casou-se pela segunda vez no principio do século passado com uma tal de Maria Ignez, que contava então doze anos! O Coronel José Elias da Silva Caldas, quando crianças, conheceu-a com os seus 85 invernos. A Historia e a tradição reinante, aqui nos cerram as portas para só nos abrir em 23 de Junho de 1819, por ocasião da passagem do ilustre naturalista francês Augusto de Saint-Hilaire, por Mandinga, pequena povoando que existiu á margem esquerda do Rio das Pedras, próximo da barra desse rio o Uruçu, e que desapareceu mais ou menos em 1830. De regresso, em 28 de Julho de 1819, passou pelo antigo arraial de Curralinho, encontrando em suas proximidades uma folia que recolhia esmolas para os festejos da Pentecostes a se realizaram a 12 de Agosto no povoado. E Saint-Hilaire, na pagina 173 de sua importante obra Voyages ou I Amerique du Sud, escreve encontrado com o nosso céu naquele dia: todos os campos que atravesso tinham sido queimados recentemente: o fogo ressecara as folhas das arvores; uma cinza negra cobria a terra e, com excepção dos pequenos capões de mata, não se via a menor vegetação; entretanto o sol nessa região era de um azul tão claro, a luz do sol tão brilhante, que a natureza parecia ainda mais bela, não obstante sua nudez. Nessa ocasião Itaberaí era apenas um pequeno povoado que ensaiava para vestir-se de arraial. E Curralinho de então não possuía mais que a grande praça e as duas pequenas ruas, com um total de 52 casas, a que se refere o General Cunha Matos, na Revista do Instituto Histórico. Em sua notável publicação, Expedition á I Amerique du Sud, o General Francis Castelnau nos dá indicações evidentes de que Curralinho, do ano de 1824 a 1844, entrou em franca decadência, pois que falando nessa obra em sua passagem por esta zona em 23 de Março de 1844, diz: Cheguei no arraial de Curralinho, onde encontrei trinta e oito casas com centro e quarenta habitantes aproximadamente, regulando a população da freguesia em 3.050 almas. Não Obstante esse retrocesso no seu desenvolvimento, foi ela, por resolução provincial n.º 82, de 5 de Dezembro de 1840, elevado a foros de freguesia de natureza coletiva, sob o orago de N. Senhora D Abadia, completamente assim o 32º distrito de Goiás. Esse ato foi sancionado pelo 5º Presidente da Província, D. José de Assis Mascarenhas, que a desmembrou da Catedral de Sant ana da Capital. Com a sua elevação á freguesia, o arraial de Curralinho, começou a atrair adventícios que, aos poucos, vinham aumentar e desenvolver o povoado, o qual, no meado do século passado ( XIX ), isto é, de 1846 a 1850, se viu aumentado de um pequeno bairro denominado Mundo Novo, que existiu entre as margens esquerda do Rio das Pedras e o Córrego Padre Felipe, próxima da barra deste ultimo. Esse bairro, que desapareceu em 1884, era onde vivia a gente alegre e onde alma popular da orgia se expandia em folguedos profanos e licenciosos. Com tudo, dizem que isso não privou de nele viver, por algumas anos, em completo retraimento , um virtuoso Padre Felipe, ( seria o Nery da Silva ) que jamais veio ao centro do arraial, e cuja sobrenome a tradição não conservou. Talvez mesmo por essa circunstancia tenho a ela gravado o seu nome no córrego que fica situado pouco acima da atual ponte Rio das Pedras, na estrada real para Goiás. Assim adensada a população e desenvolvimento o povoado, o Bacharel Doutor Ernesto Augusto Pereira, 18º governador da província, elevou-se á categoria de vila pelo resolução n.º 416, de 9 de Novembro de 1868, indo desse modo completar o 18º município Goiano. No entanto, talvez porque essa lei no seu texto, existe que só fosse instalada a nova Vila depois do povo dar os prédios para funcionar a Câmara e estabelecera cadeia, somente teve realizada a sua instalação a 5 de Setembro de 1885, pelo Presidente da Câmara da Capital Brigadeiro Felicíssimo do Espirito Santo, servindo de secretário o Sr. Antônio Luiz de Castro . e que a população daquele tempo era pobre. Nessa época o comercio em Itaberaí tinha vida pouco ativa, pois só existiam nesta praça seis casas de fazendas e armarinhos e algumas tavernas. Anteriormente, em conseqüência da Resolução n.º 416, foi criado, por ato n.º 2076, de 4 de Julho de 1876, o colégio eleitoral de Curralinho sendo o numero de eleitores da parecia, de acordo com a legislação da época, apenas de oito. Instalada na Vila, da qual era Juiz de Paz o Sr. José Antônio Peixoto, teve ela a sua primeira Câmara Constituinte dos seguintes vereadores: José Antônio Peixoto, Presidente, Antônio Primo de Faria Albernaz, Vice - Presidente, José da Silva Moreira, Miguel Antônio Sampaio e Eduardo da Cunha Bastos, membros. A Secretaria da Câmara ficou á cargo de Antônio Pereira de Artiaga, que serviu até 17 de Dezembro de 1886, a fiscalização a Francisco de faria Viera e a portaria a José Antônio da Fonseca. Essa Câmara pode ser provisória, foi substituída por outra que, legitimamente eleita, tomou posse a 7 de Janeiro de 1887, composta dos seguintes membros: Pedro Mendes Moreira, Presidente - Felipe Antônio Cardoso de Moraes, Vice-Presidente - Antônio Primo de Faria Albernaz, José Antônio Peixoto, Antônio da Silva e Antônio de Pádua São Tomé. Deixando de comparecer ás sessões o Presidente Mendes Moreira, desde 25 de Agosto de 1887, foi substituído pelo seu imediato, o qual serviu até 9 de Janeiro de 1888, quando assumiu este as funções de primeiro Juiz de Paz do Tremo. Fazendo-se nova eleição da mesa, passaram a exercer a Presidência e Vice-Presidente da Câmara, respectivamente os vereadores Antônio Primo de Faria Albernaz e José Antônio Peixoto. Deve Itaberaí o auspicioso fato de sua ele elevação á vila ao Sr. Brigadeiro Felicíssimo do Espirito Santo, que nela já reside alguns anos, e onde foi homem de real valor, de verdadeira influencia política, a ao Coronel Antônio Primo de Faria Albernaz, que contribui eficazmente para o alcance desse objetivo de relevância. Após sua instalação, a Câmara Municipal, reunida a 17 de Novembro de 1886, sob a Presidência do Sr. José Antônio Peixoto, deliberou representar ao Presidente da Província, afim do mesmo ordenar o alistamento e qualificação de cidadãos para jurados. Essa pretensão foi atendida a 29 de Setembro de 1888, pelo 2.º Vice-Presidente da Província em exercício, Brigadeiro Felicíssimo do Espirito Santo, que, já tendo prestado inestimáveis serviços á antiga Curralinho, criou-lhe o foro civil, conselho de jurados e dividiu o município em três distritos: 1º o lado direito da estrela de Goiás até as divisas dos municípios da Capital e Jaraguá, 2º o lado esquerdo da mesma estrela até as divisas das freguesias de São José de Mossâmedes e Anicuns, 3º a povoação de São José de Mossâmedes. Nessa mesma data foram nomeadas respectivamente 1º, 2º e 3º suplentes do Juiz Municipal os Srs. Coronel Eduardo da Cunha Bastos, Tenente Felipe Antônio Cardoso de Moraes e Coronel Belisário Alexandre de Almeida. O ato da instalação do Termo teve lugar a 27 de Outubro de 1888, sendo presidente pelo vereador José Antônio Peixoto. Deixando a Câmara de funcionar em 21 de Janeiro de 1889, por falta de quorum ante a incompatibilidade existente entre os membros José Antônio Peixoto e Pedro Mendes Moreira e também devido ao falecimento do vereador Felipe Antônio Cardoso de Moraes e demissão do seu par Antônio Primo de Faria Albernaz, foram eleitos substitutos para os três últimos, em 27 de Março de 1889, os Srs. Benjamim Constant da Fonseca, Belisário Alexandre de Almeida e Miguel Antônio Sampaio. Na eleição da mesa, realizada a 3 de Junho do mesmo ano, foram eleitos, respectivamente, Presidente e Vice-Presidente os Srs. Miguel Antônio Sampaio e José Antônio Peixoto. Com o advento da Republica no Brasil, foi aclamada, a 1.º de Dezembro de 1889, uma junta governativa para dirigir o Estado, a qual foi empossada a 7 do referido mês e ano, permanecendo , no entanto, até esse dia no governo o Sr. Dr. Eduardo Augusto Montandon. Este, por Decreto n.º31, de 3 daquele mesmo mês e ano, elevou Curralinho á sede de Comarca de primeira instancia, com os termos de São José de Mossâmedes, Anicuns e Alemão. ( Palmeiras ). Por esse mesmo decreto foi nomeado para seu primeiro Juiz de Direito o Sr. Dr. Joaquim Xavier dos Guimarães Natal, hoje ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal, e seu primeiro Juiz Municipal o Sr. Dr. Alfredo Augusto Curado Fleury. A comarca, que tomou a denominação de Rio das Pedras, foi instalada a 30 de Dezembro de 1889, sendo o ato presidido pelo Juiz Municipal acima referido, visto estar o respectivo Juiz de Direito nomeado, Administrando o território goiano como membro que era da junta governativa do Estado. Nessa mesma ocasião foi nomeada primeira promotor publico da Câmara o Tenente Coronel Sylvio Mauro Muniz Barreto, que serviu como tal até Dezembro de 1892, quando então o Sr. Virgílio Pereira de Artiaga o substitui. Tendo sido a Câmara Municipal de Curralinho cientificado, por circular de 7 de Dezembro de 1889, do estabelecimento do novo regimen no pais e da posse da junta governativa provisória do Estado, o Sr. José Peixoto dos Santos, que ocupava a presidência, respondeu a essa comunicação alvissareira, em oficio de 30 daquele mesmo mês e ano, apenas com um simples precavido ciente. No entanto, a referida Câmara, que, a 9 de Janeiro de 1890, tinha reformado a sua mesa com a eleição do Sr. Coronel Belisário Alexandre de Almeida para Presidente e o Sr. Pedro Mendes Moreira vice, querendo soar o gesto que anteriormente tivera, que era aliás duvidosa e pouca significativo na expressão de sua atitude, resolveu em sessão de 24 de Janeiro do dito ano, por indicação do Coronel Belisário de Almeida, que ala se decidisse francamente a favor do novo regimen. E assim deliberando, remeteu naquela data a seguinte moção a Junta Provisória do Estado: " A Câmara Municipal desta Vila de Curralinho, em sessão extraordinária, acompanhando o sentimento geral da Nação, que com unidade de pensamentos tem aderido ao movimento político operado na Capital Federal no dia 15 de Novembro do ano findo, e reconhecendo que o governo democrático puro, desde que seja confiado a homens patriotas e sensatos, é o mais compatível ás elevadas expirações dos povos civilizados, participa-vos que tendo-se reunido em sessão extraordinária, resolveu aderir ao novo regimen governamental, prometendo o seu leal apoio ao Governo deste Estado, certo de que esse datará este Estado de Melhoramentos naturais e morais, que atestem o vosso patriotismo e zelo. Nesta expectativa esta Câmara vos dirige esta prova se sua adesão. ( assinado ) -- Belisário Alexandre de Almeida, Presidente, -- Pedro Mendes Moreira, José Antônio Peixoto, Antônio da Silva Moreira, Jerônimo Pinheiro de Abreu ". ( Este ultimo assinou como suplemento de vereador juramentado ). Como era de se esperar, a Junta Provisória que dirigia o Estado, aliás composta dos Srs. Drs. José Joaquim de Souza, Joaquim Xavier dos Guimarães Natal e Major Eugênio Augusto de Melo, por decreto de 27 de Janeiro do mesmo ano, dissolveu a dita Câmara e nomeou, segundo a circular n.º 39, de 17 de Fevereiro de 1890, para membros do Conselho da Intendência Municipal os seguintes cidadãos: José da Silva Moreira, Presidente, Joaquim José da Silva Rosa, Salathiel Simões de Lima, José Manoel da Silva Caldas e Francisco de Faria Vieira, sendo posteriormente também nomeado, por ter o segundo deixado de aceitar a nomeação, o Coronel Luiz Antônio de Fonseca. Todos tomaram posse a 12 de Maio de dito ao. A mudança de regimen, bem com as medidas atinentes á sua consolidação, que tinha refletida com certa reserva no espirito do Presidente José Peixoto dos Santos e que espelhava também o sentimento da parte ignara do povo, despertou na alma da população rural acentuada prevenção contra as inovações republicanas. Disso insurgindo ela suposta defesa de interesses, contra a lei que ordenava o recenseamento. Reuniu-se, para fins combinados, um grupo de cento e tantos homens, todos com o rosto pintado de preto e chefiados por Manoel José Pereira, Cyriaco João de Deus, Manuel Bueno Fernandes e José Francisco Miranda e Cunha. Assim disfarçadas, entraram na Vila dando vivas á monarquia e morras á republicas, dispostas a perpetrarem depredações. Acalmados, porém, por espíritos poderosos, não chegaram a cometer desatinos, sendo presos pouco depois os principais pelo Capitão Cypriano Alcides, mais tarde General, os quais foram processados pelo chefe de Policia de Estado, Dr. Antônio José Pereira. Segundo é corrente , o Cônego Cândido Marinho de Oliveira, vigário de Itaberaí naquele tempo, fora o mentor desse grupo de irrefletidos e impatriotas. Sobre isso houve até uma denuncia ao Ministro do Interior da época, dada da Capital de Goiás por um anônimo, que se ocultou sob o falso nome de Doutor Pedro Vilaça, em 30 de Julho de 1890, contra o referido Cônego Marinho e também contra o Padre João Marques, vigário de Corumbá. O pretexto foi o de fazerem predicas publicas aconselhando o povo o desrespeito ás leis republicas. A titulo de curiosidade trasladamos para estas paginas a referida denuncia, atribuída a alguns maços da vertentes para com o clero. Vejamo-lá: " Goiás, 30 de junho de 1890. Ilustre Cidadão Ministro de Interior. Admirador em extremo do patriótico Governo, Provisório, de que V. Exc. É um dos mais dignos e ilustrados membros, sou forçado a levar ao vosso conhecimento que neste infeliz Estado alguns senhores padres, entre os quais o Cônego Cândido Marinho e João Marques, vigários de Curralinho e Corumbá, arengam publicamente, tanto nós templos como em prédicas fora delas, em plena rua, contra as magnificas leis decretadas pelo Governo, incutindo no espirito da gente ignorante, classe que aqui é numerosa, idéias absurdas em desprestigio da própria lei. Alem desses existem também por aqui numerosos frades da ordem dos Dominicanos que preferem permanecer nos sertões, e estar nas grandes cidades, por motivos que seria ocioso expender. Frades expulsos da grande e livre França, verdadeiros aves da rapina que principiam a dominar pelo fanatismo este povo bom nas papalvo, que não descobriu ainda o progresso que ter o Estado com a fundação de colégio como um que ainda á pouco se fundou em Goiás, dirigido por freiras, as quais passam por estas paragens como irmãs de caridade, titulo de que usam por ser proibido de á muito a vinda de freiras para este pais. Esses frades contentemente viajam pelas localidades do interior do Estado, e atualmente correm as cidades pregando contra o governo e seus atos, e provocando conflitos com suas estultas praticas. Seria, pois, mais um ato de patriotismo o aparecimento de um decreto para a expulsão dessa espécie de gente dentre nós brasileiros, em vista do movimento que progressivamente se opera no seio da nossa sociedade. De V. Exc. Atento e humilde credor. (a). Dr. Pedro Vilaça. Não obstante isso e não obstante terem querido as autoridades da época, envolver o referido Cônego no processo da rebelião frustada, não podemos afirmar se é ou não verdadeira a imputação que se lhe fizeram. O próprio livro de atas da Câmara Municipal de Itaberaí deixa-nos uma dúvida no espirito, quando se refere á sessão de 17 de Janeiro de 1891, em que se vê lavrada em voto de louvor ao Cônego Cândido Marinho de Oliveira, pelo fato de ter ele influindo no conceito dos que desconheciam as disposições de Governo Provisório sobre o recenseamento. E que esse ato foi assinado apenas pelo Secretario da Câmara; Augusto de Silva Moreira, embora constatando nela a presença do seu Presidente interino, Coronel Luiz Antônio da Fonseca, o único membro dessa corporação á comparecer nesse dia para a sessão ordinária. Esse fato trouxe como conseqüência a crise permanente na Câmara, que, durante o espaço de um mês, viu os seus membros substituídos parceladamente por diversas vezes. Nesse período, de 17 de Janeiro a 10 de Fevereiro de 1891, foram membros do Poder Municipal os Srs. José Antônio Peixoto, Caetano José Machado, Miguel Antônio Sampaio e José Rezende de Oliveira. De 10 de Fevereiro de 1891 em diante, verificando-se a impossibilidade de reunir-se a Câmara, o Governo do Estado em exercício dissolveu-a em 9 de Junho daquele ano, nomeando novo Conselho da Intendência, o qual tomou posse a 20 do mesmo mês, sendo seus membros o Srs. César Neto, Sylverio José de Almeida, Augusto da Silva Moreira e Manoel José Leite Borges. Este ultimo desistido do cargo, foi substituído pelo Srs. Coronel José Martiniano de Faria. Por sua vez sendo exonerado, a 15 de Abril de 1892, o intendente Sylverio José de Almeida, coube a sua substituição ao Srs. João D Abadia Bueno. Dando-se a 9 de Maio de 1892, a nomeação de novos membros para se constituir a Intendência, ficou ela assim composta: -- Augusto da Silva Moreira -- Presidente, Francisco Cardoso de Moraes , João Elias da Silva Caldas, Cícero Inácio da Fonseca e Joaquim Luiz da Fonseca. Os três primeiros tomaram posse a 21 de Maio de 1892, o penúltimo a 1.º de Agosto do dito ano, não tendo a ultimo aceitado a nomeação. Esta vaga aliás não foi preenchida, não obstante a indicação feita para esse fim do Capitão José da Patuá São Tomé, pela Intendência de então, que viu o seu mandato expirado a 321 de 1892. Em cumprimentos aos artigos 3, 39, 40 e 41 das disposições transitórias da Constituição Estadual, que dispunham sobre a autonomia dos Municípios, foram marcadas, para 7 de Dezembro de 1892, as eleições em que se deviam escolher os membros dos Poderes Legislativo e Executivo. Verificadas esta, foram eleitos para conselheiros os Srs. José da Silva Moreira, José Martiniano de Faria, João D Abadia Bueno, Pedro Peixoto dos Santos e Vicente Bueno Fernandes, e para Intendente o Coronel Luiz Antônio da Fonseca. Nessa mesma eleição também forma eleitos o primeiro Juiz Distrital e seu suplente, respectivamente, os Srs. Coronel Belisário Alexandre de Almeida e Capitão José de Freitas Machado. Por circunstancia políticas foi esse Conselho dissolvido e o Intendente destituído do cargo em 23 de janeiro de 1893, por Decreto de Presidente do Estado em exercício, Coronel Antônio José Caiado, sendo então nomeado um conselho provisório, que exerceu as funções do cargo até 10 de Maio do referido ano. Faziam parte desse Conselho Provisório os seguintes Srs. Miguel Antônio Sampaio -- Presidente, Francisco Cardoso de Moraes, Cícero Inácio da Fonseca, Augusto da Silva Moreira e Benjamim Constant da Fonseca. Com e eleição realizada a 20 de Abril de 1893, esse Conselho foi substituída pelos Srs. José de Freitas Machado -- Presidente, Manoel José de Souza, Pedro Peixoto dos Santos, José Martiniano de Faria e João D Abadia Bueno. De conformidade com a nova organização eleitoral, então em vigor, que fixava o tempo de dois ano para os mandatos municipais, foi eleito em Junho de 1895, um novo Conselho, que tomou posse a 1.º de julho do mesmo ano, e do qual faziam parte os Srs. Sylverio José de Almeida, Joaquim Manoel de Mira, Benedito Lemes dos Santos, Severiano Jeremias de Freitas, João Gualberto de Faria, Augusto da Silva Bailão e Joaquim da Cunha Bastos. Parece-nos que foi este o Conselho mais feliz até estão, porquanto veio regular a marcha do legislativo municipal, pondo termo ás crises intempestivas de reorganizações Continuas. Esses referidos Conselhos, em 11 de Dezembro de 1896, mudou a denominação do membro mais graduado do conselho, que é o de Presidente, para o de Prefeito Municipal, e o de Fiscal do Município para o de subintendente, esta determinação foi, todavia, posta sem efeito no ano seguinte de 1897. Embora tenha sido aprovado pelo Conselho Municipal, em 30 de Maio de 1893, o seu regimento interno, não foi posto em execução, pois em 7 de Junho de 1902, adaptou-se em Itaberaí o regimento do Município da Capital do Estado, com exclusão apenas dos artigos 139 e 145. A lei orgânica do município, com quanto sancionada pelo conselho em 21 de Abril de 1894, não logrou aprovação do governo Goiano, ante a sua flagrante constitucionalidade. Continuou então em vigor a da Capital até 7 de Agosto de 1899, quando, sob o n.º 205, foi criada definitivamente a sua própria, a qual ainda hoje vigoro. Com o estabelecimento desta disposição que dava nova organização ao Município, foram abolidas em 1900 as tradicionais solenidades do Te-Deum Laudamus, que se faziam por ocasião da posse de novos conselhos, conforme ordenava o anterior regimento interior da casa. Essas cerimonias, que tinham lugar logo após o compromisso dos membros do Conselho e que se lavrava a respectivo ate, realizou-se em Itaberaí pela última vez a 1.º de Novembro de 1899, ao empossar-se o Intendente José da Silva Moreira. O Primeiro Código de Postura de Município, cuja elaboração se deve á inteligência do Sr. Dr. Hermenegildo Lopes de Moraes, foi criado e posto em vigor por lei n.º 12 de 12 de Julho de 1902, sendo intendente o Coronel Belisário Alexandre de Almeida. A lei n.º 21, de 25 de Maio de 1904, dividiu o município em dois distritos: o primeiro tendo por sede a cidade de Itaberaí, subdividido em quatorze sessões, e o segundo, tendo por sede a povoação de Goiabeiras, hoje Inhumas, subdividido em doze sessões. Em 12 de Março de 1908, estando as ruas de Itaberaí, sem denominação oficial ou que perpetuasse as tradições de seus homens e de suas cousas, o 1.º vice-intendente em exercício, Coronel Antônio Luiz de Silva Caldas, por lei n.º 34, caracterizou as mesmas, dando-lhes nomes convenientes. O projeto dessa lei foi apresentado ao legislativo Municipal pelo conselheiro Coronel Luiz Perillo, em 3 de Janeiro de 1908. Apenas com algum acréscimo, as ruas atualmente existentes são as mesmas, porém aumentadas no numero de casas, que são em geral espaçosas. Conta, pois, Itaberaí presentemente com dezoito ruas, quatro praças e seis becos, com um total de 326 prédios cobertos de telhas, dos quais 52 com vidraças e venezianas. Dentes, 18 são de pratibandas, dois em estilo Chalé e um sobrado de dois pavimentos, não existindo na cidade nenhuma casa ou rancho de capim. Os prédios principais, de construção nova e moderna, obedecendo á plantas, são os dos Srs. Antônio Queiroz Barreto e Jacinto Vieira da Cunha. Os demais são de construção antiga, embora alguns de exterior modernizada, confortáveis e com decoração internas de gosto reconstruídas em 1930. As ruas tem as seguintes denominação: Jerônimo Pinheiro, Senhor dos Passos, que são as principais, Capitão Caldas, Brigadeiro Felicíssimo, General Pedroso, Municipal, Sete de Setembro, Desor. Alves de Castro, Sales Tavares, Goiás, Major Garcia, Vigário Fonseca, São Vicente, Pinheiro Chagas, Siqueira Campos, Luiz Antônio, Mestre Virgílio e Salvador de Campos. As praças são: a da Matriz, que é a maior, São Sebastião, João Pessoa e a Primeira de Junho. Todos essas ruas e praças, com excepção das Desor. Alves de Castro, Major Garcia, João Pessoa e as cinco ultimas, receberam placas e numerações no ano de 1921, quando intendente o Coronel Antônio Luiz da Silva Caldas. Dando o tradicional nome de Curralinho sempre motivo para motejos aos seus habitantes, resolveu o seu representante na Câmara Estadual, Coronel Benedito Pinheiro de Abreu, pedir a sua mudança para outro que soasse melhor. Foi o que ele justamente fez em 1924, apresentando ao Legislativo do Estado um projeto mudando o nome de Curralinho para Itaberaí. No entanto, por questão de gosto, o seu par Doutor Albatenio Caiado de Godoy, entendeu adicionar uma emenda ao referido projeto, mandando acrescentar ao vocábulo a desinência " H Y ". Aprovado a mudança do nome em Itaberaí, que em Guarani significa Rio das Pedras Brilhantes ( Ita - Pedra, Bera - Brilhante, í - Rio ), foi ela sancionada pelo 2.º Vice-Presidente do Estado do exercício, Srs. Coronel Miguel da Rocha Lima, em 5 de Agosto de 1924, sob o Decreto n.º 726. Esta lei estadual foi mandada observar e cumprir no município pela portaria de 22 de Agosto do referido ano, estando já em funções Benedito Pinheiro de Abreu. O Doutor Joaquim Xavier dos Guimarães Natal, Juiz de Direito nomeado para a Comarca do Rio das Pedras, só tendo deixado a 23 de Fevereiro de 1890 de fazer parte da junta administrativa do Estado, assumiu o exercício do cargo no inicio de Março de dito ano. A primeira audiência que presidiu foi a do 6 desse mês a ano, na qual sustentou um despacho de imponência em favor de José da Silva Moreira e Outros. A ultima em que funcionou data de 14 de Maio do mesmo ano, quando então se transferiu para a Capital afim de militar na política. Como Juiz Municipal assumiu o exercício de Juiz de Direito, o Dr. Alfredo Augusto Curado Fleury. Esta autoridade, em 1.º de Setembro de 1890, instalou na Comarca o primeiro cartório de registro geral de imóveis e hipotecas, designando para servir no mesmo o Sr. Tristão Damásio de Faria, ante o ato de 28 de Maio de 1890 do Governo Estadual. O ato de instalação, na falta de livre própria, foi lavrada em caderno de papel almaço, servindo de protocolo com mais sete outros, conforme determinava no seu artigo 2 o Regulamento de 2 de Maio de 1890. A primeira inscrição feita em cartório foi a hipoteca legal de Maria Luiza de Faria Moraes, no valor de $874$504, em favor de seus filhos órfãs Bertholdo e Felippa, por tutela dativa efetuada em 7 de Outubro daquele ano; e o primeiro registro de imóvel realizado foi a de uma escritura particular passada por Barbara de Souza Cordeiro a João Evangelista Cardoso, em 16 de Setembro de 1890, referente ao sitio denominado Conceição de Bom Jardim, no valor de $100$000. O Juiz Dr. Alfredo A. Curado Fleury, serviu na comarca até 1890, sendo substituído a 30 desse mesmo mês e ano pelo novo Juiz Municipal Dr. João Bonifácio Gomes de Siqueira Filho. Este, assumindo interinamente as funções de Juiz de Direito, um mês após fazê-lo, de comum acordo com o Juiz Municipal em exercício, mandou fixar editais á porta da Igreja Matriz e em outros lugares públicos proibidos as pessoas não habilitadas competente a advogarem no foro local, com excepção apenas do ex-tabelião de Goiás, Torquato de Souza e Oliveira. Ante essa preferencia irritante, que visava uma proteção escandalosa, o Cônego Cândido Marinho de Oliveira representou a Câmara Municipal, em 2 de Janeiro de 1891, contra esses Juizes, afim de que esse Poder, por sua vez, o fizesse ao Governo Estadual. O Governo do Estado, tomando as devidas providencias, nomeou naquele ano o Sr. Doutor José de Amorim Salgado, Barão de Santo André, para Juiz de Direito de Comarca, o qual assumiu o exercício do receptivo cargo em 8 de Maio de 1891. Este muito ilustre magistrada, dando cumprimento ao decreto n.º 68 de 23 de Junho de 1891, ordenou, a 4 de Julho do referido ano, que se reunisse em um só os ofícios de Tabelião de notas, escrivão de Civil, comercio órfãs, provedoria e crimes. A Judicatura, porém, do preclara Barão de Santo André, não obstante sua proficiência, durou pouco tempo. A lei n.º 22, de 29 de Julho de 1892, que dava nova forma ás disposições judiciarias do Estado, deixando no seu artigo 5 evidencia a supressão da Comarca do Rio das Pedras, passou o Juiz Barão, em meados de Novembro de 1892, o exercício ao seu substituo legal Dr. João Bonifácio Gomes de Siqueira Filho. Todavia essa lei, que foi sancionada pelo 1.º Vice-Presidente do estado Coronel José Antônio Caiado, só entrou em vigor a 1.º de Janeiro de 1893, passando o Termo a pertencer á Comarca da Capital. Itaberaí, que foi elevado a categoria de cidade por lei n.º 253, de 22 de Julho de 1903, sancionada pelo Presidente Dr. José Xavier de Almeida, vindo, dia a dia, incrementando o seu foro, teve de novo restaurada a Comarca, após 22 anos da sua supressão. Isso se deu por força do Decreto n.º 475, de 8 de Julho de 1914, estando na Presidência do estado o 1.º Vice-Coronel Salathiel Simões de Lima, que o fez sob a antiga denominação de Rio das Pedras, com os Termos de Curralinho, Anicuns e Alemão. Criada nova assim a Comarca, foi ela instalada a 3 de Janeiro de 1915, com presença do respectivo Juiz de Direito, Dr. Antônio Perilo, nomeado por Decreto n.º 3803, de 23 de Dezembro de 1914, e de outras altas autoridades do Estado, inclusive o Presidente Salathiel Simões de Lima, então chefe político dominante em Itaberaí. Sendo suprimidos os Termos de Anicuns e Alemão, hoje conhecidos respectivamente por Novo Horizonte e Palmeiras, que passaram, em Agosto de 1918, a pertencer á Comarca da Capital, ficou a do Rio das Pedras reduzida apenas ao Termo de sua sede até 19 de Janeiro de 1931, quando então foi criado o de Inhumas e anexada a esta circunscrição judiciaria. Anteriormente, porém, pela lei de 9 de Agosto de 1928, assinada pelo Presidente do Senado, Comendador Joaquim Rufino Ramos Jubé foi a comarca classificada como de segunda entrância. Vagando-se ela, no entanto, por ter sido nomeado desembargador, em 12 de Março de 1931, Decreto n.º 828, o Sr. Antônio Perilo, obteve transferencia para esta Comarca, em sua substituição, o Sr. Dr. José Carvalho dos Santos Azevedo, até aquela data Juiz de Direito de São José do Tocantins, conforme Decreto n.º 898 de 28 de Março de 1931. Assumiu o exercício a 4 de Março de 1932. Politicamente falando, Itaberaí não tem tido seus dias de fervente agitação, sua épocas de inquietaste ebulição social. A vida lhe tem corrido normal na monótona tranqüilidade de seu meio calmo e pacifico. A sua historia não regista um notável acontecimento de trágica luctuosidade, que manche de sangue as tradições honrosas de seu povo ordeiro e obediente ás leis. No bulício efervescente da política de outro jamais deu o que falar de si. Ela não tem, pois, a sua pagina negra ou mesmo de leve enodoada. A sua gente morigerada, infensa aos feitos das armas, teve e tem sempre os olhos voltados para o trabalho. Por isso mesmo é que nunca se emaranhou nas tradições que visassem a quebra da tradição de paz e cordura que caracteriza o povo Goiano. Alheios que foram os habitantes de Itaberaí ao movimento armado de 1909, que depois o Presidente Coronel Miguel da Rocha Lima, tiveram idêntica atitude quando do recrutamento de patriotas em Julho de 1925, por ocasião da invasão neste Estado pelos revoltosos sob o comando do Capitão Luiz Carlos Prestes e o Tenente Antônio de Siqueira Campos. E verdade que uma dúzia de pacatos lavradores, agenciados a troco de favores pessoais, se prestaram ao elegante papel de defensores da legalidade. Com quanto não tenho esse grupo, imbuído de dúbio patriotismo, se tornada celebre por feitos de relevância junto á coluna em que serviu, não ficou isento de, em Outubro de 1930, ser novamente convocada á título de defesa ao Poder constituído, representado na pessoa do Presidente da Republica Sr. Dr. Washington Luiz Pereira de Souza. E Itaberaí, então, tendo á frente o Coronel Benedito Pinheiro de Abreu, organizou um pelotão de 35 homens do povo afim de formar o batalhão dos Camisas Vermelhas, que, em 14 de Julho de 1929, pela primeira vez se constituíra a pretexto de homenagem comemorativa á posse do Presidente do Estado Sr. Dr. Alfredo Lopes de Moraes. Nessa ocasião Itaberaí forneceu um contigente garrulo de 311 homens de todos as classes sociais. Entretanto, em Outubro de 1930, como da outra vez em 1925, os filhos desta zona bem dita não puderam ainda mostrar o seu valor bélico. E o movimento revolucionário que convulsionou todo Brasil a 3 desse referido mês e ano, teve o seu triunfo alcançado a 24 do mesmo, quando então foi interrompido a forma republicana federativa no nosso pais. Goiás, que foi um dos cinco Estados que se conservaram ao lado do governo legal, viu seu território invadido logo após o conhecimento da deposição do Presidente Washington Luiz. Essa invasão que, talvez por esse fato não encontrou a menor resistência no solo Goiano, teve lugar nas fronteiras de Minas Gerais, na região confinante de Paracatú. E pela madrugada de 27 de Outubro, entre ás 2 e 3 Horas, entrou em Itaberaí a coluna Artur Bernades, composto de 356 homens, comandada pelo Coronel Quintino Vargas. Esse grupo aguerrido, formado de civis e elementos da força pública de Minas, aportou á cidade transportando por 52 automóveis e caminhões, efetuando o seu ingresso na Capital nesse mesmo dia pela tarde, onde o 1.º Vice-Presidente em exercício, Sr. Dr. Humberto Martins Ribeiro, depois nessa circunstancia mas sob seu solene, que desafiava o alarmante pavor do momento, passou o governo ao Presidente Provisório Sr. Doutor Carlos Pinheiro Chagas, deputado federal por Minas Gerais. Este, conservando-se no poder apenas algumas horas, transmitiu-o á Junta Governativa Provisória composta dos Sr. Desembargador Emílio Francisco Povoa, Drs. Pedro Ludovico de Almeida e Mário de Alencastro Caiado. Esta Junta, pelo Decreto n.º 33 de 28 de Outubro de 1930, dissolveu do seu cargo o respectivo Intendente, sendo nomeados: Intendente Coronel Artur Batista de Faria Vice-Intendentes 1.º -- Sizelisio Simões de Lima 2.º -- Pedro de Abreu Roriz 3.º -- José Simões de Lima Conselheiros Raul da Silva Bailão -- Presidente Sebastião Rodarte Aureliano de Assis Corrêa João Batista de Lima Benedito da Cunha Moraes Vicente Vigiano Euridice Luiz Brandão A posse destas representantes municipais teve lugar a 1.º de Novembro de 1930, com a presença de famílias e pessoas gradas. A mesa do Conselho, ao ser empossada, elegeu, de mutuo acorde, para seu Presidente o Sr. Sebastião Rodarte e para Secretário o Sr. Raul da Silva Bailão. Este Conselho, como abaixa veremos, teve vida efêmera. Pelo decreto n.º 19,398 de 11 de Novembro de 1930, assinada pelos Sr. Drs. Getúlio Dorneles Vargas – Presidente, Osvaldo Aranha, José Maria Whitaker, Paulo de Moraes Barros, Afrânio de Melo Franco, General José Fernandes Leite de castro e Almirante José Isaías de Noronha – Ministros, foi constituído definitivamente o governo provisório da Republica, de forma ditatorial, e deu outros providencias, e deu outros providencias. Entre estas está a de nomeais um interventor para cada Estado e a que dissolver todos os poderes administrativos e legislativos da União, e autorizando-o a nomear um Prefeito para cada município. Desse modo tornou sem efeito o Decreto n.º 33 da Junta Governativa do Estado. Tendo sido, em 21 de Novembro de 1930, nomeado interventor de Goiás o Sr. Dr. Pedro Ludovico de Almeida, este, ao assumir a direção geral do Estado, pôs logo em execução as disposições do artigo 2 do Decreto Federal n.º 19,398 por outro Decreto de n.º 237, de 27 de Novembro daquele ano, ficando assim dissolvido o Conselho de Itaberaí, porém conservado no Poder Municipal o Coronel Artur Batista de Faria, na qualidade de Prefeito. Vindo o Governo Provisório, por Decreto n.º 20,348 de 29 de Agosto de 1931, instituir conselhos consultivos nos Estados e Municípios, e estabelecer normas sobre a administração local, o Interventor Goiano, que o pois em vigor no Estado por Decreto n.º 1577, de 30 de Outubro de 1931, nomeou, em 11 de Dezembro do mesmo ano, para membros desse novo aparelho administrativo da Prefeitura de Itaberaí, os Srs. Coronel Previsto Alves de Castro, Majores João Ferraz de Maia e Artur Cabral. Governo Municipal Prefeito Coronel Artur Batista de Faria Secretario Joaquim Francisco da Costa Procurador Themistocles de Queiroz Barreto Tesoureiro Antônio Felix da Fonseca Coletor José de França Corrêa Porteiro Manoel Lucas D Abadia Moraes Fiscais Prudência Batista de Lima – do mercado José Pereira da Silva – da praça Antônio da Silva – de faxinas João Antônio de Lima – da limpeza publica Governo Judiciário da Comarca ( Termo da Saúde ) Juiz de Direito Dr. José Carvalho dos santos Azevedo Juiz Municipal Dr. Francisco Martins de Araújo Suplentes 1.º Coronel Sebastião Antônio de Fonseca 2.º Major Antônio Zacharias da Fonseca 3.º Major Luiz Alves de Castro Juiz Distrital Benedito José Nogueira Suplentes 1.º João da Silva Rosa 2.º Demétrio Alves da Costa Promotor Publico Antônio de Queiroz Barreto Sub-Promotor Argemiro do Espirito Santo Batista, Tabeliães 1.º Oficio – Benedito Luiz da Fonseca 2.º Oficio – Sebastião Fernandes de Moraes Escrivães Registro Civil – José Luiz da Silva Caldas Registro de Órfãos – Áurea Cabral Distribuidor e Contador Joaquim Francisco da Costa Avaliador Publico Benedito da Cunha Moraes Oficiais de Justiças Vital Neophito Fernandes Delegado de Policia Tenente – Eduardo de Sant ana Suplentes 1.º -- Sebastião Rodarte 2.º -- Othan Galgino de Oliveira 3.º -- José Olintho de Araújo Carcereiro João Antônio de Lima Autoridade Eclesiástica Padre José Marques Vidal Funcionários Federais Coletor Federal Arthur Pinheiro de Abreu Escrivã Josephina Lynche Fiscal do Consumo Murilo de Araújo Costa Telegrafista Francisco Colombino de Sales Agente do Correio Da. Haydée Jardim Pinheiro Itaberaí Geográfico Posição Astronômica – Este município está situada entre os paralelos 15.º 40.º e 16º20 de latitude sul e entre 6º e 7º18 de longitude pelo meridiano do Rio de Janeiro. A altitude em sua sede e de 681 metros acima do nível do mar. A maior extensão desta Comarca, de Norte a Sul, é de 80 Quilômetros a partir da margem esquerda do Ribeirão Sucuri, na divisa do município de Jaraguá, á margem esquerda do Ribeirão Anicuns Grande; e de leste a oeste é de 108 quilômetros a partir da margem direita do Ribeirão Capoeirão, na divisa do município de Anápolis, á margem direita do Rio Uruçu, nos limites do município da Capital. Superfície – Abrange esta circunscrição judiciaria uma extensão superficial de 5760 Quilômetros quadrados aproximadamente , isto é, a média de 10 léguas de largura a 5760.000.000 metros quadrados, correspondente, que o município de Itaberaí abraça, atinge a extensão de 3.600 quilômetros quadrados ou sejam 76.446 alqueires Goianos. CLIMA – O município de Itaberaí, colocado no coração do Estado de Goiás, muito do equador térmico, recebe por igual o beneficio aquecido solar sem os danos excessivos do calor; e isto não só devido á sua altitude media como também ao tapete verde de sua vegetação sempre vicejante que protege a terra da ação direta do sol. Nesta região, como em todo Estado, as duas principais estações do ano são assim caracterizadas: o verão, melhor diremos, quando o tempo corre quase completamente seco, que é de Abril a fins de Agosto, e o inverno, de Setembro até o equinócio de Março, mais notável por ser a estação das chuvas do que pelo abaixamento da temperatura. Na estação seca, sem o intenso frio de Maio a Julho, isto é, de princípios de Agosto a princípios de Setembro, costuma cair a chuva conhecida por Chuva do Caju. E quando os campos se revestem de nova vegetação. O clima desta região, que se aproxima ao da zona temperada da Europa, é bastante ameno e saudável. Tento e assim que as suas condições de salubridade são as mais recomendáveis possíveis, não só devido a ausência completa de males endêmicos, como a de outros males provenientes da inobservância dos preceitos higiênicos, que digamos de passagem, é na sua população rural um sério ponto interrogação. A temperatura é agradabilíssima, atingindo a 31 centígrados no calor intenso e a 9.º centígrados no frio máximo. E esta uma zona pouca sujeita a geadas e que nos oferece uma temperatura media de 26.º centígrados á sombra ou 78.º e 8 décimos. No verão propriamente dito, isto é, de fins de Dezembro a meados de Março, o calor torna-se ás vezes intenso durante o dia. A noite, porém, a temperatura vê-se modificada por uma brisa fresca e deliciosa, sempre constante. Saint-Hilaire, percorrendo Goiás de 27 de Maio a 5 de Setembro de 1819 de 1819, passou neste município em 26 de Junho daquele ano com um frio de 3.º Réaumur pelas 3 horas da tarde desse mesmo dia. Hoje, todavia, a sua temperatura e mais firme, menos variável, não havendo dessa brusca oscilação tão perigosa á saúde. Limites – Esta Comarca, que abrange os municípios de Inhumas e Itaberaí, tem dois pontos litigiosos em seus limites, sendo um nas cabeceiras do Rio das Pedras com o município de Nova Horizonte ( Anicuns ), e outro na zona do Capoeira ( em Inhumas ) com o município de Anápolis, não obstante atos do governo regulando-os. Segundo o Decreto n.º 3424, de 27 de Junho de 1913, quando em exercício de Presidente do Estado o Presidente do Senado, Sr. Comendador Joaquim Ramos Jubé, ficou o então município, hoje esta comarca, dividindo ao sul com o município de Novo-Horizonte, principiando do ponto extremo do Córrego Limoeiro segue pela Serra principal até á cabeceira mais alta do córrego Água Fria no ribeirão Anicunsinho; por este abaixo até a foz do ribeirão Capela; por este acima até á barra do Córrego Macaíbas e dali ás suas cabeceiras no espigão da Posse; por este espigão á cabeceira do córrego Manoel Eleutherio, e por este abaixo á barra no Anicuns Grande; ao sudeste divide com o município de Trindade pelo veio água do Ribeirão Anicuns Grande até á barra do rio Santa Maria, e por este acima até á foz do rio dos Peixes, daí vai dividindo ao sudeste com município de Campinas, conforme o Decreto n.º 342 de 15 de Julho de 1908, ( cuja texto vai aqui invertido na sua ordem lindeira ), assinada do Presidente Coronel Miguel da Rocha Lima, pelo Rio dos Peixes acima até ás suas cabeceiras, deste ponto em linha reta ao espigão das cabeleiras; do ribeirão Capoeirão; por este abaixo, atravessando a estrada real de Campinas, na fazenda do finado João Miguel Manso, até á sua barra no rio Meia Ponte; ao nordeste divide com o município de Anápolis ( Decreto n.º 389, de 30 de Junho de 1911, sendo Presidente do Estado o Sr. Dr. Urbano Coelho de Gouveia ), a partir da barra do ribeirão Capoeirão, no rio Meia Ponte, pelo seu veio água acima até ás suas cabeceiras, e das cabeceiras do referido Capoeiro ao espigão mestre que divide as águas do sul das no norte, isto é, pelo prolongamento orográfico da serra do Brandão, que é Divortium Aquarum dos afluentes do rio Tocantins e dos rio do Bois; ao norte, conforme a lei n.º 578, de 30 de Maio de 1918, decreto pelo Presidente Desembargador João Alves de castro divide com o município de Jaraguá desde o espigão que separa as águas do rio Meia Ponte das do ribeirão Sucuri, nas cabeceiras do ribeirão Passa Três, ( este espigão é o que se para as águas do norte das do Sul do estado ) desde pelo seu água até a sua barra no ribeirão Sucuri; por este abaixo até á sua barra no ribeirão Sertãozinho; por este acima até as suas cabeceiras no espigão mestre que divide as águas do ribeirão Curral Queimados das do ribeirão Sucuri; por este espigão referido até ás cabeceiras da vertente Pé de Capim por esta vertente abaixo até á sua barra no ribeirão Curral Queimado; daí, atravessando a serra divisória do sitio Cubatão com o sitio do finado Antônio Ribeira de Magalhães e o sitio do Ciganos, até ás cabeceiras da vertente denominada Posse; pelo veio água desta vertente desce até á sua barra no ribeirão das Lages, e por este abaixo até ao rio Uruçu; e ao noroeste e sudeste divide com o município da Capital, conforme a carta Regia de 11 de Fevereiro de 1736, pelo Rio Uruçu acima, a partir da barra do Ribeirão das Lages, até próximo de suas cabeceiras, em pontos ainda não convenientemente esclarecidos, sendo todavia respeitado com o córrego Limoeiro, que é afluente do Uruçu, até sua nascente, e dali a rumo direito á serra principal dos limites do município de Novo Horizonte. Topografia da Cidade – Acha-se situada em terreno firme de terra vermelha cilicias, a 681 metros acima do nível do mar, ao sudeste da capital , sendo banhada pelo Rio das Pedras. A suas ruas são simétricas e bem alinhadas. Dista da Capital apenas 42 quilômetros 153 de Anápolis, 198 do ponto mais próximo da E. de ferro Goiás, que é a estação Leopoldo Bulhões e 66 de Inhumas. ASPECTO FÍSICO – Este município é bastante original em seu aspecto. Com excepção apenas da faixa nordeste, que é bem montanhosa, apresenta-nos pouco acidente na sua configuração. Seu terreno, muito desigual, ora se nos mostra com ubertosa mataria, em cuja seio se encontram magnificas madeiras de lei e de construções civis e navais, ora me cerrado de capim duro e ás vezes de catingueiro, ora em esplendidos campos de criar com exuberante pastagem de Jaraguá. Neste ponto de vista é nesta região uma das mais bem dotadas pela natureza, que lhe foi abundantemente pródiga presenteando-se com rica fertilidade do seu solo. Assim a sua flora não pertence á zona dos chapadões. Ela e caracterizada mais pelas suas matarias ubérrimas, dentre as quais se destacam as famosas matas do Mato Grosso, que é uma faixa de soberba floresta virgem que vem além do município de Jaraguá este território no lugar denominado Catingueiro Grande, e vai perder-se pelo município de Novo Horizonte a fora. Segundo o ilustre botânico Ernesto Ule, da Comissão do Planalto Central do Brasil, esta mata tem lugares em que a sua largura é de dezesseis léguas, sendo o seu comprimento total de umas 80 outras. Este admirável trato de terras do Mato Grosso Goiano percorre neste município um espaço de nove léguas no sentido de norte a sul, quase toda entremeada de capim papuã e de outros plantas forraginosas de alto valor nutritivo. Ai as arvores nos impressionam pela grandeza de seu aspecto e pela vegetação forte e vigorosa, que é completamente diferente da de outra qualquer parte de Goiás. E segundo dados seguros, o milho nessa zona rende 200 grãos por um, o arroz de 40 a 50 por um, a cana de 8 a 9 arrobas de açúcar sobre carrada, e o café uma arroba por pé. No município de Itaberaí não se encontra os chapadões em cerrados e carrascais de extensão enormes, nos quais predominam os arbustos nodosos e tortuosos e as gramíneas duras, imprestáveis para o pasto. São elas de área muito limitada e quase insignificante, localizando-se mais ao sudeste. PRODUÇÃO – Não há talvez no Estado de Goiás, um município que precise tanto de braços para a lavoura como o de Itaberaí. E para isso muito tem concorrido as divisões de terras, que, divide á ambição de particulares, tem redundado na dispersão dos pequenos lavradores, com grandes prejuízos para a zona. E de se lamentar que, os que assim procedem, longe de incrementarem a agricultura, não fazem mais que formar enormes latifúndios para a satisfação voluptuosa da posse exclusiva. Desse modo tem a lavoura Itaberina, infelizmente, perdido numerosas elementos que vinham a abastecer o mercado com a sua pequena mas eficiente produção. Todavia este produz em relevante escala todos os gêneros do pais, tais como arroz, feijão, milho, batata doce e ingressa, cana e café, que nativa nas suas matas, sendo que os dois últimos formam com a criação do gado vacum, a trindade da sua principal fonte produtiva. A sua riqueza agrícola nos oferece também farta messe de algodão, que prima pela superioridade de sua fibra alva e resistente; de ótimo fumo, tão apreciado pela sua rescindencia como pelo sabor da fumaça; de variadas espécies de abóboras, morangos, jerimuns, croás, melancias, pepinos e favas. Mandioca, mamona, cará, mangarito, melão, alho, cebola, guariroba, palmito, amendoim, etc. Cria, sobretudo, excelente gado vacum, cavalar e suíno em grande quantidade, bem como o equíneo, lanígero e muar. Segundo o recenseamento de 1920, existiam na comarca 34.502 representantes do gado vacum, 4.527 do cavalar, 637 do muar, e 1689 do suíno. Atualmente pode atingir o primeiro a 45.000, o segundo a 12.000, o terceiro a 10.000 e o quarto a 5.000, num cálculo aproxima. Para as invernadas e xarqueadas de Minas e São Paulo regula a saída de 4.000 bois errados, novilhas e vacas maninhas. A caça é abundantíssima em suas matas, onde se encontram a onça suçuarana, preta, pintada e vermelha, a jaguatirica, a jacarambéva, o lobo, a raposa, o macaco, o sauim, coelho, coati, capivara, queixada, caitetu, ouriço caixeiro, cotia, tamanduá bandeira e mirim, veado mateiro e catingueira, preá, anta, tatu peba, canastra, folha e galinha e outros comuns ao nosso clima. As aves e pássaros são numerosos e de grande variedade. Distingue-se entre as primeiras, a inhuma robusta e de porte elegante, cuja canto gutural e sonoro desperta em nós suave e profundo nostalgia. E uma ave inofensiva, que vive nos brejos á beira-rio. Tem um aguilhão na crista, que dizem exercer influencias no amor e aquele que o trouxer consigo... Além da inhuma, existem outros aves, tais como o gavião, cujas azas, em alguns atingem ao comprimento total de dois metros; a ema, de úteis e belas caudas, que da caça aos ofídios; a garça branca, o soco, o jaburu, a saracura, o pato selvagem e o marreco existentes nas lagoas, a seriema (facilmente domesticável), o jacu, o mutuam, etc. Nos campos e cerrados encontram-se, em abundância, a perdiz, de carne tão apreciada, a cordoniz, a nhambú, etc. Quando os pássaros, dado a sua infinita variedade, torna-se fastidiosa nomeai-os. O mesmo se dá na classe dos insetos, onde se destacam os besoiros do tamanho de dez centímetros, os gafanhotos de vinte e dois centímetros e as tarântulas de mais de palmo. Aliás são espécies raríssimos. Na fauna entomologia ou dos insetos úteis, cumpre-nos salientar exemplares variadíssimos de abelhas que produzem, méis deliciosos, muitos dos quis medicinais. Destacamos dentre elas a Jatai, a Europa, Mandaguari, Bijuí, Mandaçaia, Mambuca, Aratim, Marmelada, Moça-Branca, Timbá, Axupé, Arapuá, Cupinzeiro, Limoeira, etc., bem como a sopa (de mel porco), a sanharão, Borá, Urussú-boi, etc. Entre os reptis notam-se a Víbora, a Cascavel, o Boi-pevá, o Urutu, terríveis e venenosas, que aleijam quando não matam, a Jaracuçu, a Coral, também perigosas e quase fatais, a Caninana, que atinge a dimensões enormes, chegando mesmo a mais de três metros, a Cobra-cipó, a Jibóia, que engole um Caitetu inteiro e que também cresce extraordinariamente. Estas três ultimas são atóxicas. E muito comum a Cobra-duas-cabeças, inofensiva e de diferentes características. A Cobra-vidro, de tamanho minúscula, quase vinte centímetros, de cor preta fina, que se espatifa inteiramente ao sentir o toque ou a sensação do contato humano. Esta espécie de ofídio, encontrada nos campos da tradicional fazenda Palmital, não deixe de ser curiosa em sua propriedade quebradiça. Ignoramos si o orvêto europeu, também conhecido por Cobra-vidro possua essa qualidade particular. Dentre os animais aquáticos, notam-se nos seus principais rios e córregos, que são pouco férteis em peixes, o Sucuri, a Lontra, a Paca, o cagado, o Jabuti, o Jacaré, etc. As suas matas são abundantes em madeiras de qualidade, que oferecem matérias primas para industria e das quais se extraem o óleo e a resina. O primeiro é retirado da Copaiba, também conhecida por pau de óleo, e a segunda do Jatobá, do Angico, Tamboril, Maria-preta, Jacaré, etc. Com o nome de mescla, existe uma arvore que nos oferece um combustível de primeira ordem e que rescende extraordinariamente quando se lhe ate fogo. E uma cera branca, delicadamente compacta, odorante e que, ao nosso ver, substitui muito bem o incenso usado nos templos católicos. As plantas úteis abundam por todo o município, tais como as medicinas, oleiferes, balsâmicas e produtoras de cera preciosas ainda por explorar, assim como as para ornamentações, industrias e construções, em destoante represália, porem, tem diversos setores de rubiace ou erva, a planta que envenena e casa morticínio ao gado vacum e cavalar durante o rigor da seca. São comuns em suas matas e restingas os epipitos, tais como musgos e licores. O numero das parasitas também avultam pela sua variedade, que não são aliás cactaceas. Lindas e admiráveis na coloração, apresentam-nos ás vezes com suave perfume. As madeiras de construções são numerosíssima, distinguindo-se dentro elas a Aroeira, o Vinhatico, o Ipe ou Pau-de-arco roxo e amarelo, o Cedro, Jacarandá, Bálsamo, Tamboril, Gonçalo Alves, Peroba, Sucupira, Mata-piolho, Angica, etc. Os buritisaes são pouco vulgares e raramente vistos nas cabeceiras dos córregos nas várzeas. Para outros ramos de industria também se encontram o Pau-rosa, Pau-marfim, Pau-jangada (próprio para construções de canoas), piteira (para tecidos), Angica (ótimo adstringente emprego nos cortumes), Urucum ou Araticum (colorante especial para alimento), Mangabeira (utilizado no fabrico da borracha e seus artefatos), Gameleira (cuja leite tem propriedade elástica), Arnica Montana, que dá tintura magnifica, a Anileira que vegeta naturalmente e que poderá ser vantajosamente cultivada. O mesmo se dá com a Amoreira que se desenvolve e toma aspecto espantoso. Entre as plantas medicinais destacamos o Velame (que é purgativo e anti-luético), a Caroba, a Arnica, o Nóde-cão e Negra-mina poderosos excitantes e afrodisíacos), Sete-sangrias (quase infalível em dores de dente), o Jaborandi (que adormece os dentes dos animais que o comem) e o Sabugueiro, (ótimos sudoríferos), a Beldroega alface do campo (anti-blenorragico) a Arruda a Losna, Jatobá, Mil-homens, Bálsamo, (estomáchicos), Erva-santa, quina do campo e o açafrão, que são anti-febris, a Mata-e-cura (contra feridas insidiosas), Erva-santa-maria, São Caetano, (anti-verminoso), Pau-santo, Algodãosinho, Tayuyá, Amaro-leite (anti-reumáticas) o largato (contra mordedura de cobras), cuja raiz o Tiú como ao ser picado por venenoso reptil, Quebra-pedra (diurético) e muitos de expendida aplicação terapêutica. As plantas frutíferas silvestres são inúmeras, sobressaindo as deliciosas e rescendentes curiosas, os apreciados e cheirosos pequis, que além de muito substancial e forte depurativo, as mangabas do campo, tão disputadas para o fabrico de doces, os muricis de gosto agradável e de cheiro ativo (existente dos pequenos e dos grandes); as magnificas baunilhas trepadeiras e arbóreas, que dão bagas de mais de palmo e que atraem pelo seu aroma suave e tentador. De todas estas frutas se podem extrair o suco e dele fazer expendidos licores e essenciais. Dispersos em lugares próprios vem-se, ora nos campos, ora nos matos secos e restingas, a guapeva, o saputá, o bacupari, o veludo branco e do vermelho, o ingá, caju, gabiroba do campo, jatobá (cuja invólucro e de efeito radial na cura da tosse), a marmelada areia e cachoeira a cagueiteira, o joá, algodãosinho, amora, araça e uma multiplicidade variada de coqueiros frutificas, tais como o macaíba, o indaia, o limão, o acuri, catarro, guariroba, Santo-Antônio, etc. Para a industria do vinagre encontram-se o pacova o ananás, gravata, o tamarineiro, etc., para a do sabão da terra e muito procurado a aroeirinha, que fornece ótima dicoada, tendo para outras industrias o imbé, do qual se tira o cipo para se fazer cordas; a taboca, aplicada no fabrico de balaios, cestas, jacás e peneiras; o embirussú, a paineira, a barriguda, que produzem a paina, e o capim membeca que são utilizados nas colchoarias. As arvores de frutas domesticas, embora não fazendo fartura, vegetam em todo município. INDUSTRIAS – Este ramo de atividade humana ainda esta na comarca em sua fase incipiente. Delas tem sido principalmente propugnada o Sr. Coronel Sebastião Antônio da Fonseca, que é realmente um espirito obreiro e de verdadeiras iniciativas. Não obstante sua tenaz persistência, pouco e muito pouco tem sido os seus imitadores, quando muitos podiam ser eles, dado o numero de pessoas que a comarca possui em condições de contribuíram para o seu desenvolvimento fabril e manufaturo. Infelizmente a sua industria conserva-se em estado embrionário, em estática período de inércia. Para que não se perca a oportunidade, é justo que destaquemos por sua vez, o espirito em empreendedor do Coronel João Ferraz da Maia, o primeiro fazendeiro nesta região a instalar em sua propriedade agrícola uma turbina hidroelétrica para iluminações, tendo também dotado-se de boa estrada automobilística, bem como o estabelecimento de uma rede telefônica para a mesma e cujas serviços já se acham iniciados. Na comarca existem, de dos anos para cá, três engenhos de serras, dos corneis Sebastião Augusto Barbosa, Ernesto Batista de Magalhães e Manoel Pires da Costa, pondo de parte mais um outro pertencente á herança do Sr. Antônio Primo de Faria Júnior, que á pouco entrou em atividade. Os Srs. Altamiro Alves de Castro e Antônio Zacarias da Fonseca, instalaram pequenas maquinas de beneficiar arroz, e o Sr. Áureo Cabral, um regular costume com selaria. A industria algodoeira é também explorada em pequenas teares, que nos oferecem lindos cortes de calças muito bem tecidos e panos para redes, camisas e cobertores. Podemos mesmo afirmar que a casa de cada lavrador encontra-se um tear para tecido do consumo próprio no trabalho rude da lavoura. COMERCIO – Sendo embora a cidade de Itaberaí ponto de transito forçado para toda aquela que vem ou se dirige ao extremo terminal da Estrada de Ferro Goiás e das estradas automobilísticas Goiás-Jaraguá, Goiás-Anápolis e Goiás-Bela-Vista, não é de mais intensas á sua vida comercial. Dir-sé-a mesma que, obedecendo á influencias estranhas, tem diminuído sensivelmente na sua atividade. E verdade que encontramos justificações para esse declínio no fato de ser hoje diário permanente o transito para Anápolis e a estação férrea de Leopoldo de Bulhões, onde se adquirem mercadorias por menor preço e em pouco espaço de tempo: cinco a seis horas de viagem. O mascateamento de forasteiros e o fácil intercâmbio com a praça da Capital, onde a luta comercial se choca entre a maior e a menor reputação dos artigos, vem também, por sua vez, prejudicando o movimento de Itaberaí. Com tudo, ela não pode ser considerada um mercado dos mais fracos, porque tem vida própria e onde a crise pouco ou nada infle. A causa disso deve-se ao grau de prosperidade e atividade de seus habitantes, que sabem equilibrar perfeitamente, por misteriosa mecânica, as suas finanças ou as suas condições pecuniárias com a contingência da vida. E talvez por isso mesmo que se tem a impressão de que todo mundo em Itaberaí e independente ou que, pelos menos, luta sem dificuldade para a subsistência própria, embora não tendo, de modo geral, a perseverança da formiga. Todavia é de prever-se, para um futuro próximo, grande incremente no seu comercio e produtividade, com a aproximação e penetração da Estrada de Ferro Goiás, que, como sempre acontece, trará um numero considerável de elementos adventícios que virão empregar a sua atividade e seus capitais, á cata do ambicionado acréscimo de haveres. Esboça-se nos, entretanto, para esse fim uma dificuldade que reputamos de monta: e o enorme patrimônio de terras do domínio particular, pertencentes a pessoas que delas não dispõem, não arredam e não as dão para serem utilizadas nem tão pouco as cultivam. Mesmo assim confiamos na ação renovadora do tempo e temos firmes esperanças nos nossos homens, principalmente na mocidade que chega com novas idéias, influenciando pelos surtos admiráveis do progresso contemporâneo. Toda transação comercial de Itaberaí, onde existem 14 casas de fazendas e armarinhos e 6 mercearias, e feita com os Estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, para cuja facilidade muito tem concorrido a agencia local do Banco Hipotecário e Agrícola de Minas e as estradas de automóveis. Para essas praças referidas é que se dirigem toda a exportação do seu gado vacum, couros crus e curtidos, bem como a de sola, fumo, arroz e café. VIAÇÃO – Data do ano de 1824 a época exata da entrada do primeiro veiculo de carga pesada em Goiás. Trata-se de um carro de bois trazido por alguns mineiros que migravam para as plagas Goianas. Este veiculo, que predominou até bem pouco tempo, esta hoje quase que abandonado como meio de transporte obrigatório, ante á concorrência insuperável dos autos caminhões. Atualmente, graças ao evento do automóvel, foi relegado á condição exclusiva de objeto de uso roceiro, sendo apenas aproveitado na condução dos produtos da lavoura nas fazendas. Com a guerra sem tréguas, alias louvável, que lhe vem movendo os poderes estaduais e municipais, que, com vantagem, procuram o por carro de eixo fixo e rodas movediças, e de se prever o seu desaparecimento em futuro não mui longínquo. O primeiro automóvel que entrou em Itaberaí pertencia ao intrépido Goiano Coronel Antônio Xavier Guimarães, sob a direção do chaufeur José Sabino, também conhecido por José Cachimbó. Este acontecimento teve lugar a 30 de Novembro de 1919. O auto era um Ford, tipo 1918, que logo após o seu retorno da Capital, onde pela segunda vez penetrava um automóvel, foi vendido ao Sr. Coronel José Elias da Silva Caldas, que se tornou assim o primeiro possuidor em Itaberaí de uma maquina motora de transporte. E preciso notar-se que, quando da chegada desse veiculo não existe neste Estado nenhuma estrada para esse fim; ate pelo contrario, as nossas vias de comunicações eram péssimas e imprestáveis para isso. O coronel Totó Guimarães, no entanto, levando tudo de vencida, entre mil e uma dificuldades e peripécias, concluiu o seu penoso raid coroado de pleno sucesso. Embora tendo o Conselho Municipal de Itaberaí concedido privilegio, por lei n.º 29, de 15 de Janeiro de 1907, para a abertura de uma estrada de trafego automobilístico, aos Srs. Monsenhor Inácio Xavier da Silva e Major Gustavo Theophilo Alves Ribeiro, só a 1.º de Junho de 1921 foi inaugurado a sua primeira via de comunicação de classe. Referimo-nos á estrada Goiás-Itaberaí, construída durante o período presidencial do Sr. Desembargador João Alves de Castro, que dotou o município de reais melhoramentos dispensando-lhe especial carinho e atenção. Por justiça digamos que nessa ocasião já havia uma estrada em construção, pertencente á companha Auto-Viação-Goiana, da qual era diretor o esforçado mineiro Coronel Edmundo de Morais, que foi a primeira pessoa a construir uma estrada de penetração automobilística neste Estado, conforme a concessão da lei n.º 582, de 19 de Junho de 1918, do executivo estadual. Com quanto não tenha sido inaugurada em todo seu percurso, o trafego se fazia num grande trecho, mais ou menos regularmente, desde fins de 1920. Os seus serviços chegaram a alcançar as portas de Itaberaí em 1821. E assim verificamos que foi um mineiro mais vez o precursor do nosso meio de transporte. O Sr. Coronel Previsto Alves de Castro, intendente do município em 1918, concedeu em 26 de Janeiro desse mesmo ano o auxilio de um conto de reis para a Empresa Auto-Viação Goiana, que, infelizmente, não viu o sei fim coligado senão em parte, pois teve mais tarde o seu privilegio cassado. A segunda estrada viável, aberta no município, foi a de Anápolis, via Jaraguá, da qual são concessionários os Srs. Gomes de santa Ana Ramos & Irmãos. A sua inauguração se deu a 4 de Novembro de 1922, sendo Presidente do Estado o Sr. Coronel Eugênio Rodrigues Jardim, que se fez representar ao ato pelo Secretario do Interior Doutor Joviano de Morais. A terceira via de comunicação, que é a estrada Auto-Viação Anápolis – Inhumas, foi inaugurada a 15 de Maio de 1927, da qual era concessionário exclusivo o Doutor Genserico Gonzaga Jaime, e hoje os Sr. Ferreira Jaime & Cia. Todos essas estradas estão sensivelmente melhoradas e com o transito mais intensificado dia a dia. Alem dessas foram abertas algumas outras de uso particular que se dirigem as fazendas dos Srs. Coronéis Belarmino Elvidio Leite, Antônio Luiz da Silva Caldas, Previsto Alves de Castro, Sebastião Antônio da Fonseca, Benedito Pinheiro de Abreu, Benedito Pereira de Oliveira, Sebastião Augusto Barbosa, Benedito Constant da Fonseca, João Ferraz da Maia, Doutor Antônio Ramos Caiado, Ubirajara Ramos Caiado, Inocencio e Joaquim Rosa de Oliveira. São todas elas vicinais a linha tronco Goiás-Vianopolis e Goiás-Jaraguá. O seu movimento veicular se eleva presentemente a uma media de dez diários, entre automóveis e caminhões. No município existem apenas 14 pessoas que possuem esse meio de transporte. São, na cidade, os Srs. Corroíeis Artur Batista de Faria, Benedito Pinheiro de Abreu, Sebastião Antônio da Fonseca e Antônio Felix da Fonseca, Colombo do Espirito santo Batista, Luiz Alves de Castro, Benedito Constant da Fonseca, Sátiro Dias da Mota e Antônio Clemente, Demetrio Alves da Costa e Antônio César Neto, e fora da cidade os Srs. Antônio Ferraz da Maia, Ernesto Batista de Magalhães e Bernardo de Oliveira Lobo. Com o serviço aéreo-postal, inaugurado a 22 de Outubro de 1931, entre o Rio de janeiro e a Capital de Goiás, já ,prenuncia para breve o advento da via aérea de transporte. A passagem desse avião pêlos céus Itaberinos deu-se pelas 16 horas e 15 minutos (hora oficial) desse dia. O aparelho, tipo Curtis, K272, tinha por piloto e observador, respectivamente, os 1.os tenentes do exercito Lavanier Wanderley e Araripe Macedo. GEOGENIA – Os terrenos deste município apresentam-nos em seu aspecto, de modo geral, como se fora da idade terciaria, no período eoceno. A sua composição nos seus diversos setores ora são de formação sílica argilosa, ora em tabatinga, ora oxido-ferruginoso, ora em ótima terra roxa com margas, sendo que esta ultima em acentuada preponderância. Embora não tenham eles sido explorados nas suas produções mineralógicas, possuem pedras preciosas, tais como as esmeraldas e os berilos descobertos pelo engenheiro civil Doutor Alves de Castro, na fazenda Lages, hoje pertencente ao Doutor Antônio Ramos Caiado, o ouro nas fazendas Corrêa Pinto e Palmital, o ferro, oxido de ferro, mica e micaschisto nas regiões sulinas, o Koalim e a argila-plástica na fazenda Cachoeira, de propriedade do Cornel Sebastião Antônio da Fonseca, onde são encontrados á margem esquerda do rio da Pedras, pouco acima da Barragem da usina. Encontram-se na cabeceira do córrego Passa-Três, na fazenda de Esequiel Lino, veementes indícios da existência de carbonado, gesso e platina, bem como o ouro e o chumbo, ma Serra do Brandão. Os Ribeirões Anicuns Grande e Contendas, assim como o Rio Uruçu e alguns de seus afluentes, dão também indicações da presença de diamantes. E esparsos em diferentes lugares encontram-se o sílex, o schisto, o nitro, o talcoschisto (pedra-sabão), argila de louça, barro de olaria, pedreira de cal, o gênesis granitoide schistoso. Águas minerais, propriamente dito, não existem no município, mas, sim, um ou outro córrego de fraco valor térmico. POTOMOGRAFIA – No ponto de vista hidrográfico este município esta muito bem servido, e as suas águas dividem-se para as bacias amazônica e platina. E deste município que nasce o braço desse grande caudal que e o Rio Tocantins, pois e o Uruçu incontestavelmente a cabeceira mais alta da nossa bacia amazônica. Nem pode deixar de ser o, não só porque está situado no ponto mais extremo, percorrendo maior distancia, como por ser ele o divortium aquarum das duas principais bacias hidrográficas do Brasil. E já Saint-Hilaire dizia que o Rio Uruçu e realmente o ramo mais meridional do Tocantins, e, por conseguinte, o mais longe de sua foz. As correntes liquidas de mais importante que banham este território Goiano, são: RIO URUÇU – O mais importante, não só pelo seu volume como pelo seu comprimento, nasce no sul do município, na mata formada pela junção dos espigões do gavião com a serra do Mundo Novo, que é contra-vertente do Rio dos Bois, e percorre uma extensão total de 20 léguas desde sua cabeceira á sua embocadura no Rio das Almas. E divisa natural entre o município de Itaberaí e o da Capital. Bastante volumosa, apresenta-nos apreciável força motriz. Na sua longa derrota pelo município a carga liquida que nos oferece pode ser facilmente convertida em força hidráulica, dada as possantes quedas da águas nela existente. Dentre estas se destacam: a da sua confluência com o ribeirão Contendas, distendas, distante de Itaberaí 16 quilômetros, onde existe uma cachoeira com a queda bruta aproveitável de 10 metros e um volume médio de 20.000 litros de água, equivalente a 2.000 cavalos afetivos; a da tapera do Pará, com 8 metros de altura e que escoa sua corrente liquida por um canal, em rocha viva, de 4 metros apenas de largura; e a lugar denominado José Ribeiro ou Jucá Pião, pouco acima da fazenda Capim Puba, que é a mais importante pela sua poderosa força mecânica. Tem esta uma altura talvez de 20 a mais metros e um volume mais ou menos constante de 40.000 litros água no rigor da seca e que se decuplica no máximo das chuvas. Aí o Rio Uruçu tem a largura que varia de 40 a 50 metros, oferecendo-nos uma potência aproximadamente de 8 a 9.000 cavalos afetivos, podendo assim a sua hulha branca ser eficientemente aproveitada não só para a energia elétrica, como para o abastecimento de uma grande cidade. A sua água, e principalmente as dos seus tributários ribeirões Contendas, Macacos, Para e outros menos importante, e de gosto sapido e altamente potável. Alem de bastante piscosa, tem em suas margens uma vegetação abundante e fértil, onde pulula farta variedade de madeiras e outros materiais para construções civis, tais como lajes e outros schistos de primeira qualidade e superior pedras de contaria. No seu leito se tem feiro diversas explorações de diamantes, com resultado positivo satisfatório. O mesmo aconteceu com o seu afluente Ribeirão Contendas, que apresenta pronunciadas informações diamantiferas. Na sua foz com o Rio Uruçu existe também uma cachoeira de 10 metros aproximadamente de queda, com um volume de 400 a 500 litros de água no tempo seco de pleno estio, duplicando ate seis fezes durante a chuva. Segundo o General Raimundo José da Cunha Matos, e o Rio Uruçu navegável durante as chuvas, pouco abaixo da fazenda Capim Puba. Já em 20 de Março de 1898, quando governador da província o General Tristão da Cunha Menezes, saíram deste lugar, no antigo porto de Santa Ana, 2 botes, 3 ubás e 9 igarités, sob o comando do Capitão Tomas de Souza Vila Real, conduzindo 800 homens para o Pará, onde chegaram meses depois com 80 inválidos, pois os demais desertaram todos. O Rio Uruçu, que já em 1824, possuía a ponte na estrada que demanda a Goiás, recebe pela margem direita, que é a em fica situada o município de Itaberaí, os córregos Limoeiro, Santo Antônio, Fundo, Bagaceira, Sobradinho, Ouro Quente, João Cabra, Estiva, Sebastião de Camargo, Éguas, Aroeira, Brumado, Barreiro, larga, Coelho, Barreiro, (II) e João Ribeiro, o Rio das Pedras, e os Ribeirões Bugre, José Manoel ou Palmital, Contendas, Macacos, Pará e os das Lages, que fica na parte lindeira do município de Jaraguá alem de numerosas pequenas afluentes. RIO DAS PEDRAS – Corre sobre um leito inteiramente permeável e coberto de seixos, num percurso total de seis léguas, a contar de suas cabeceiras á barra. Nasce na fazenda Santa Maria, pertencente ao Capitão Antônio de Padua São Tome, próximo do lugar denominado Barro Amarelo, contra-vertente da serra do Gongomé. Banha a cidade de Itaberaí, onde tem a largura de 12 metros, e vai desembocar no Rio Uruçu, a dez quilômetros da sede do município. Não e dos mais piscosos; todavia em suas águas, encontram-se as deliciosas trairás de dimensões, atingindo aproximadamente a 70 centímetros, as apreciadas matrinchãs, pacús, etc. Pela sua margem esquerda a contar da cabeceira, recebe os córrego os São João dos Barreiros, Santa Ana ou Larga, Açude Santo Antônio, Estiva, Cachoeira, Barreiro, Padre Felipe, Picada e Conceição; e pela margem direita os córregos Gongomé, São José, Barreirão, Bananal, Barra-Afundou, Conceição do Meio, Mata-Dentro, Pará, Acura, Jambreiro, Correguinho, Catarrão e o Ribeirão Palmital, Também conhecido por José Manoel. As águas deste rio são salobras. A sua margem direita, na fazenda Cachoeira, distante de Itaberaí sete quilômetros, está instalada a usina Hidroelétrica da Empresa Força e Luz, da qual é proprietário o Sr. Coronel Sebastião Antônio da Fonseca. Nesse local existe uma pequena cachoeira com seis metros de queda e um volume constante de 800 litros de água no rigor do verão, e onde se encontra, no leito do rio, grande quantidade de conchas calcares. Apresenta informações diamantiferas, bem coo o seu afluente denominado Correguinho, no perímetro urbano. RIBEIRÃO JOSÉ MANOEL – Nasce ao sul do município na fazenda Itabira, de propriedade do Coronel Benedito Pinheiro de Abreu, onde é conhecido por córrego Felipe. Toma a denominação própria na fazenda Lagoa Velha, na foz do ribeirão Barra. E o mais volumoso do município, e a sua água é sadia e agradável. Não possui a menor cachoeira no seu percurso de 28 quilômetros. Vertendo para a norte, tem como tributários do seu lado esquerdo os córregos Tira-Couro, Melinho, Água Parada, Melo, Maduro, Sitio do campo, Forquilho, Raizama, Fagundes e o Frio; e da sua margem direita os ribeirões barra e São Domingos, com os seus numerosos afluentes, e a vertente do Palmital. Nos limites da fazenda Palmital, de propriedade do Coronel José Martiniano de Faria, perde o nome e passa a denominar-se Rio Palmital, num percurso apenas de três quilômetros. Aí é ele volumoso, tem o eleito profundo e a caixa larga. Desemboca no Rio das Pedras, a quatro quilômetros de Itaberaí. Por ocasião das chuvas torna-se abundante em peixes. RIBEIRÃO BARRA – Nasce ao sul do município, na fazenda Santo Amaro, onde é com esse nome conhecido. Recebe numerosos córregos, dentre os quais destacamos o dos Gomes, Adelino, Bálsamo, Vacas, Água Branca, Firmino, Malta, Araçá, Laranjeiras, Lagoa Formosa, Laranjal e sete-Arrancos. E afluente do ribeirão José Manoel, que o recebe na fazenda Lagoa Velha; nessa imediações existe uma pequena cacheira de reduzida força motriz. A sua derrota não excede de 18 quilômetros. RIBEIRÃO PARY – Esta corrente liquida é assim conhecida apenas num percurso de seis quilômetros. Nasce ao sul do município, na fazenda Quebra-Anzol, onde tem essa denominação e também e de Raimundo na fazenda do mesmo nome. O seu curso e de 20 quilômetros aproximadamente. Quase na sua foz, na fazenda Acuri, de que é proprietário o Coronel Salatiel Simões de Lima, tem ele um nível tal, que é capaz de fazer canalizar toda água, por sinal límpida e de bom sabor, para o abastecimento de Itaberaí. Não é dos mais volumosos, sendo também escasso de peixe. Os seus principais tributários, são; córregos Santo Antônio, Água Branca, lages e Lagoa, pela margem esquerda e Santa Maria, Santo Antônio, Retiro, Barreiro, Maria José, Cordeiro e Acuri, pela margem direita. Faz barra no Rio das Pedras, na fazenda Acuri. RIBEIRÃO BUGRE – As suas cabeceiras ficam situadas na fazenda Lages, de propriedade do Dr. Antônio Ramos Caiado, ao sul do município. Embora não sendo de longo curso, possui um volume regular. De sua nascente á foz não tem mais que 20 quilômetros. E afluente do Rio Uruhú, o que explica o fato de ser ele mais piscoso do que muitos outros de maiores volumes. São seus tributários, ora de uma, ora de outra margem, os córregos Peixoto, Gamela, Lages, Fazendinha, Grota, Fundo, Chicha, Bruno, Campo Alegre, Padres, Bagaço, Branco, França e outros de menor importância. E a margem esquerda do seu afluente Lages que fica a jazida de esmeraldas, descoberta pelo engenheiro Derval Alves de Castro, quase ao pé da serra de idêntica denominação. RIBEIRÃO BUGRE – Existem no município diversas lagoas, dentre as quais destacamos a do Sitio Grande, situada na fazenda do mesmo, e que é a maior; a da Mata, na fazenda do Srs. Antônio Henrique de Resende; a do São João, na fazenda Lagoa Formosa, de propriedade do Coronel José Martiniano de Faria, e a lagoa Velha, na fazenda do Melo, pertencente ao Coronel Artur Batista de faria. Nas proximidades de Itaberaí, dentre do perímetro suburbano, existe a lagoa denominada Piripiri, que, como as demais e abundante em sanguessugas. SERRA DA FAZENDINHA – Surge ao sul do município, na fazenda do mesmo nome. De seus píncaros se avista a cidade de Itaberaí em todo seu belo panorama. Prolonga-se numa extensão de 12 quilômetros com viçoso vegetação de capim Jaraguá, entremeada de magnificas aroeiras. SERRA DAS LAGES – Situada ao sudoeste do município, distende-se ao longo da margem esquerda do ribeirão Bugre. No sopé dessa serra, na fazenda do Dr. Antônio Ramos Caiado, é que será localizado um rico veio de esmeraldas legitimas, das melhores que se tem encontrado no Brasil, não obstante as jaças que possuem. O terreno ai da índice da existência de outros minérios. A vegetação do seu dorso e rasteira e imprestável, e de seus pontos elevados também se vê Itaberaí. GRUTAS NOTÁVEIS – Existem no município poucas cavernas dignas de registros. A principal é a gruta do Gongomé, verdadeira furna de profundas galarias, no interior da qual se encontra belas estalactites contrapostas a interessante estalagmites, bem como salitre do bom aspecto e qualidade. Acha-se situada na fazenda que lhe dá o nome, sob uma enorme pedreira calcaria, ao sul do Itaberaí, da qual dista apenas 24 quilômetros. Nas proximidades desse lugar existe um córrego que se torna subterrâneo na extensão de um quilometro, dele não dando o menor vestígio na face da terra nesse trajeto. No município existe uma outra gruta. E a da Lapinha, sito á barra do Rio das Pedras com o Uru. E formada por grandes blocos de pedras em disposições bastantes originais, dividindo o seu interior em espaços compartimentos, onde se abrigam as caças e onde se poderá distender varias redes em ocasião de piqueniques. E um local aprazível. Discrição Política GOVERNO ECLESIASTICO A paroquia de Itaberaí foi elevada á categoria de freguesia de natureza coletiva, sob o Orago de Nossa Senhora da Abadia, a 5 de Dezembro de 1840. Presentemente está sob a direção do Rev.mo. Padre José Marques Vidal, com exclusão de poderes sobre as capelas da Vila de Inhumas. Este sacerdote, aliás culto, nasceu em Pedações, Freguesia de Lamas do Vouga, do Conselho de Aqueda e Distrito de Aveiro, em Portugal, a 19 de Novembro de 1864, tenho sido Prior Colado de Pedações e mais tarde de Montelevar. Chegou ao Brasil em Janeiro de 1912, vindo diretamente para Goiás, onde foi servir como reitor e lente do seminário Santa Cruz. Nomeado vigário de Mineiros, em 20 de Dezembro de 1913, lá permaneceu até 3 de Abril de 1918, época em que foi transferido para Itaberaí como coadjutor do saudoso Padre Pedro Rodrigues Fraga. Tendo assumido estas funções a 19 de Abril do mesmo ano, tornou-se logo efetivamente como vigário, ante o falecimento do Rev.mo Padre Pedro Fraga, ocorrido a 24 de Agosto de 1918. Já estiveram á testa deste paroquia os seguintes clérigos: I – Padre Francisco Luiz Brandão – 1840 a 1848 II – Padre Joaquim Idelfonso de Almeida – 1848 a 1861 III – Padre Luiz Antônio da Fonseca – 1861 a 1880 Padre Luiz Manoel dos Anjos ( coadjutor ) – 1868 a 1878 IV – Padre Inácio Francisco de Campos – 1880 a 1885 V – Padre Antônio Pereira ramos Jubé ( encarregado ) – 5 meses de 1885 VI – Padre Inácio Francisco de Campos – 1885 a 1888 VII – Padre Antônio Pereira Ramos Jubé, 8 meses em 1889 VIII – Cônego Cândido Marinho de Oliveira – 1889 a 1892 IX – Cônego Inácio Xavier da Silva – 1892 a 1896 X – Padre Pedro Rodrigues Fraga – 1896 a 1918 IGREJAS – Não se justifica, pela crença que vive no espirito do povo Itaberino, Ter a cidade apenas um templo católico, e aliás em condições tão precárias que se diria estar nela em decadência a santa religião de Jesus. Esse descaso pelo sua única Igreja, por sinal muito pobre e modesta, é bem o reflexo desabonado da época presente de completo indiferentismo por tudo e a tudo. O atual vigário, Rev.mo Padre Marques Vidal, muito tem se esforçado para erigir um outro templo digno da cidade ou mesmo para reformar o que existe, dando-lhe um aspecto mais estético mais moderno. Infelizmente, porém, tem encontrado óbices de toda espécie, até das próprias autoridades eclesiásticas. Assim o templo de Jesus em Itaberaí ficará talvez por muitos anos passando por atestado vivo da mentalidade religiosa de povo que crê em Deus, mas que dá a impressão de não alimentar o fogo sagrado da fé ou que não se expande na religiosidade se deus sentimentos católicos. A matriz da cidade, cuja culto é consagrado a N.S. da Abadia, está construída no lugar da primeira Capela, erigida no princípio do século XIX. A sua construção, sob o patrocínio do vigário Rev.mo. Padre Francisco Luiz Brandão, terminou em 1857. Para a sua ereção muito concorreu o benemérito Alferes da Guarda Nacional Guilherme Luiz Moreira, que foi pródigo em auxílios e prestou-lhes inestimáveis serviços. Tirando essa Igreja, só existe na sede da paroquia uma pequena Capela mortuária, consagrada a São Miguel, ereta no interior do Cemitério. Esta foi construída sob os auspícios do Rev.mo. Padre Pedro Rodrigues Fraga, sendo inaugurado a 2 de Novembro de 1911. A comarca de Itaberaí conta com mais uma Igreja, porém na Vila de Inhumas, sob a invocação de Nossa Senhora de Santa Ana, e duas capelas: a de São Sebastião, no Salobro, e a de Nossa Senhora da Abadia, no Catingueiro Grande, ambas no município de Itaberaí. A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Abadia tem um ótimo patrimônio no perímetro urbano, que se prolonga pelo suburbano, atingindo ele a área de 385 hectares, 12 aros e 50 centiares, ou sejam 79 alqueires e 56 centésimos, equivalentes a 3.851.250 metros quadrados. Esse patrimônio, do qual se acha de posse a Diocese Goiana desde 1850, viu seu direito garantido por uma justificação feita pelo Cônego Cândido Marinho de Oliveira, em 3 de Novembro de 1891, perante o Juiz Municipal de Itaberaí. Aliás essa posse jamais foi perturbada ou contestada em Juiz. Acha todo ele emphytenticado a partículas, que contribuem com o pagamento de foro anual num total de RS. 700$000, sob a fiscalização de zelo da fabriquero João Cardoso dos Santos. CEMITÉRIO – Construído sob o patrocínio do Rev.mo. Padre Luiz Antônio da Fonseca, foi inaugurado e benzido a 16 de Fevereiro de 1863, pelo Rev.mo. Padre Clarimundo Gonçalves, secretário do bispo D. Domingos Quirino de Souza, quando este por Itaberaí passava para assumir a direção da diocese de Goiás. Deve a sua construção a uma Terça da herança do benemérito Alferes guilherme Luiz Moreira, tendo o seu custo atingindo a importância de RS. 1:666$666, quantia legada. Este cemitério, do qual e patrono o heróico São Miguel, esteve sob a direção da Igreja até a Proclamação da Republica. Desse data até 9 de Agosto de 1895, passou a ser administrada pelo município, quando então de novo voltou ao domínio eclesiástico, ante reclamação, feita em requerimento de 16 de Julho de 1895, pelo Cônego Inácio Xavier da Silva, então vigário encarrega da paroquia. Com quanto sido, em 1907, aumentado de mais três quartos do seu tamanho, presentemente comporta com dificuldade o aumento de óbitos provocado pela densidade da população. Foi nessa emergência que o Intendente Eliezer Pinheiro de Abreu se propôs a construir um novo cemitério, em lugar mais apropriado, com as dimensões de 100ms X 100ms, conforme o autorizava a lei n.º 185, de 21 de Maio de 1928. Não pode, todavia, levar avante o seu propósito. Em 1906, nos braços do cruzeiro central dos domínios de São Miguel, vegetou uma gameleira agreste, a qual hoje a envolve no seu topo, distendendo galhos vistosos e copudos, formando poético consorcio. E na silenciosidade da sombra da verde gameleira descansam os restos mortais dos vultos proeminentes de Itaberaí, gozando a doce e passiva quietude da realidade consoladora do completo aniquilamento. E zelador, Deo gratias, do Cemitério o Sr. João Cardoso dos Santos, servindo de coveiro o cidadão Benedito Antônio de Lima. A renda anual de sepultamentos varia de 800$000 a 1:000$000. POPULAÇÃO – A comarca do Rio das Pedras, antes de ser desdobrada em dois municípios, segundo o recenseamento de 1920, possuía 11.855 habitantes, (existindo na sede 505 homens e 652 mulheres), inclusive a população do então distrito de Inhumas, que se compunha de 2425 pessoas de ambos os sexos. Presentemente pode ser a sua população calculada em 16.000 almas, atingindo a 11.000 a do município de Itaberaí, em cuja sede existem 595 homens e 681 mulheres, num total exato de 1.276 habitantes, recenciados em Maio de 1932. Esta porcentagem mínima de aumento na sua população durante o espaço de 12 anos, é devido exclusivamente ás mudanças de residência de grande parte de seus elementos para outros paragens, onde a vida é menos dificultosa á classe desfavorecida. E para provar que assim é, basta acusarmos a existência na cidade de 326 casas habitáveis e destes Ter apenas 280 ocupadas, havendo, pois 46 fechadas. O mesmo vem se dando em todo município, cujos povoados vão se retirando para ás regiões circunvizinhas, oprimidos, como já acentuamos, pela ganância dos formadores de latifúndios, e também para melhor darem vazão aos seus produtos no mercado consumidor. Fazendo este registro, é de notar-se a necessidade de uma medida coarctara capaz de colibir a ação dos monopolizadores de terras, que tanto prejudicam aos pequenos lavouristas – aliás os verdadeiros fatores da população em Goiás. INSTRUÇÃO – A instrução, embora ainda rudimentar, era até bem pouco tempo, bastante precária em todo Comarca. A assistência á infância, nesse ponto de vistam, deixava algo a desejar, faltava-lhe o pão espiritual da boa vontade para com ela e a força vital do amparo de seus responsáveis. Houve, é verdade, uma época em que parecia entegrar-se dentro das normas de ensino metodizado, o que não a privou de sofrer logo após deplorável colapso, de que resultou um princípio de franca decadência. Manda a justiça que digamos ter a proveta professora Da. Antensina Santa Ana e Silva, á pouco lamentavelmente roubada do convívio humano, tendo muito concorrido para a marcha regular do ensino em Itaberaí, que a ela deve o grande benefício de despertar á sua infância o amor pela instrução. Para melhor testemunharmos a afirmativa de que o ensino em Itaberaí, em épocas anteriores, tomava rumo para o desenvolvimento, é também para patentear-mos o desinteresse da coletividade por ele naquele tempo, basta que citemos o desaparecimento do Colégio Novaes. Este estabelecimento, fundado a 15 de Julho de 1915 pelo Bacharel Euletierio de Souza Novaes, diplomado em Ciências Econômicas e Comerciais, foi instalado na cidade a 14 de Agosto do mesmo ano, com a matricula de 40 alunos externos, 5 internos e 1 semi-interno. Funcionou apenas alguns meses, transferindo-se em meados de 1916 para a cidade do Rio Verde, no sudoeste Goiano. Gozando de uma minguada subvenção município na quantia de 480$000 anuais, foi mesmo assim, dado a precariedade dos cofres do município, reduzida a 360$000, em 4 de Novembro de 1915, o que talvez tenha levado o seu Diretor a transferi-lo para a região acima referida, onde ainda hoje sobre existe. Esse fato foi tanto mais lamentável, quanto mais imperiosa é a necessidade de elementos intelectuais na Comarca, que, dentre os seus filhos, somente conta com 16 normalistas diplomadas, das quis foram primeiras laureadas as Sr. Donas Maria Cizilia de Castro e Maria Caldas Batistas, da turma de 1919 do Colégio de Santa Ana, de Goiás, 4 farmacêuticos, 1 bacharel em direito, pela Academia de Goiás, turma de 1928, que é o Dr. Nicanor de faria e silva, um agrimensor pela Escola de Ouro Preto, o Dr. Balduíno da Silva Bailão, da turma de 1928, e três médicos pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, que são os Drs. Gilberto e Waldemar da Silva Caldas, laureados em 20 de Dezembro de 1930, Paulo Alves da Costa, em Outubro de 1931. No entanto, esta zona tão rica, tão propicia ao desenvolvimento, só não prospera no grau da derrota de seus destinos, porque falta á sua gente a força motora que aciona o espirito, impelindo-o para as grandes iniciativas. Cremos, todavia, que num futuro não remoto, veremos na terra Itaberina implantado definitivamente o amor ao estudo, o gosto pelo preparo intelectual e extinta o egoísmo e a prevenção ao cultivo da inteligência. Veremos em seguida incrementada a produtividade em todas as suas formas e o seu meio amoldado ao espirito renovador da mocidade que chega e que vai sendo educado em outros centros, debaixo de benefícios influxos. Já para esse fim vem concorrendo tenazmente o atual Diretor do grupo Escolar Rocha Lima, Dr. José Ludovico de Almeida, que sendo um espírito, emancipado e de larga visão, está induzindo a infância a seus cuidados, para o alevantamento do nível intelectual Itaberino, abrindo-se-lhe os olhos para o amor aos livre e ao progresso, como a fazia a sua antecessora. A primeira escola criada na Comarca foi a do antigo arraial de Curralinho, hoje cidade de Itaberaí, por força do decreto imperial de 20 de Setembro de 1831, quando governava a província de Goiás, o seu vice-presidente Padre Luiz Bartolomeu Marques Pitaluga. O primeiro professor que teve a referida escola primaria foi o alferes da Guarda Nacional João José de Almeida, que serviu na guerra do Paraguai e que se aposentou a 7 de Agosto de 1875, conforme a resolução n.º 549, quando Presidente o Dr. Antero Cícero de Assis. Atualmente existem na Comarca 11 estabelecimentos de ensino primário, dos quais 5 são município e 6 estaduais, assim distribuídos: 3 municípios e 1 estadual no município de Inhumas, 2 municipais e 5 estaduais no município de Itaberaí, inclusive o Grupo Escolar estadual, e o Grupo Municipal na sede da Comarca. O senso escolar acusa em toda ela um total de 695 alunos, dos quais 538 no território Itaberino, sendo destes 293 do sexo masculino e 245 do feminino. Além desses funcionam em diversas fazendas algumas escolas mistas, particulares, mantidas por fazendeiros que se congregam, de mutuo acordo, para o pagamento dos respectivos professores. Em geral são estes de duvidosos conhecimentos didáticos e quase analfabetos. Contudo os seus discípulos conseguem a necessidade habilitação para assinarem o nome. GRUPO ESCOLAR ROCHA LIMA – Foi criado por lei municipal n.º 146, de 30 de Novembro de 1920, sendo Intendente o Coronel Antônio Luiz da Silva Caldas. O projeto desse lei foi apresentado no Legislativo Municipal pelo conselheiro Altamiro Alves de Castro, que, patrocinado pelo Coronel Previsto Alves de Castro, não poupou esforços para a sua consecução e é a quem se deve a feliz idéia do estabelecimento em Itaberaí de um Grupo Escolar, que na ocasião, atingindo ao n.º três no Estado. Entretanto, para que este se tornasse estadual, ante a impossibilidade, na época da sua manutenção pelo município, foi por este doado ao Estado o prédio n.º 5 da Praça 15 de Novembro, hoje João Pessoa, conforme a lei n.º 153 de 6 de Dezembro de 1922, onde até então funcionado o Paço Município. Instalado a 21 de maio de 1923, apenas com duas professoras efetivas, que são a normalista D. Modestina das Dores, diretora interina, e senhorinha Esmeralda Augusto de Faria, só teve o seu corpo docente definitivamente constituída a 16 de Julho de 1923, quando foi nomeado diretor efetivo o Sr. José Pinheiro de Abreu e também professora a normalista D. Pautila de Macedo. No primeiro ano de funcionamento alcançou apenas a matricula de 61 alunos do sexo feminino que pertencia a escola estadual então existente, atingindo a freqüência media de 40 alunos. Nele não se inscreveram na ocasião os alunos das escolas municipais, para ambos os sexos, por não terem sido as mesmas fechadas para o selecionamento. No ano letivo de 1932 regista o seu livro de matricula 151 alunos, dos quais 64 do sexo masculino e 87 do sexo feminino, com a freqüência média de 135 alunos. Fazem parte do seu atual corpo docente, além do diretor interino Dr. José Ludovico de Almeida, nomeado a 16 de maio de 1930, as Donas Modestina das Dores Fonseca e Luiza Nunes de Souza Clemente, senhorinhas Maria Isaura Bailão, Francisco Alves da Costa, professores normalistas efetivas, e Laura Batista de Lima, adjunta mantida pelo município. Exercerem as funções de diretor efetivo do Grupo Escolar Rocha Lima. Sr. José Pinheiro de Abreu – 1923 a 1926 Dr. Abelard Velasco – 1926 a 1928 Da. Antensina Santana e Silva – 1928 a 1929 GRUPO ESCOLAR MUNICÍPAL – Sob esta denominação, e obedecendo ao Regulamento de ensino Estadual, foi organizado em Itaberaí, em Novembro de 1931, um curso primário seriado em substituição ás escolas, primarias municipais. Acham-se nele matriculados, no ano letivo de 1932, 67 alunos, dos quais 35 do sexo masculino e 32 do sexo feminino, com a freqüência diária de 50 alunos, sob os cuidados das professoras senhorinhas Diva Alves Costa, – Diretora, Olímpia Jardim e Irani Costa. ESCOLAS ESTADUAIS – Das seis escolas estaduais existem na Comarca, das quais 4 rurais estabelecidas no município de Itaberaí, sendo uma mista, de 2a.classe, na Catingueira Grande, com o total de 130 alunos, dos quais 76 do sexo masculinos e 54 de sexo feminino, sob a direção da professora-normalista Da. Clarisse Garcia de Lima, tendo por adjunta Da. Olina Vito Berquó; uma na fazenda lagoa Velha, mista de 3a.classe, com o total de 45 alunos, sendo 35 do sexo masculino e 10 do sexo feminino, da qual é professor o Sr. Erotides de Freitas Machado e que foi criado em 1929, outro na fazenda do Roque, criado em 16 de Maio de 1930, mista, de 3a.classe, com o total de 7 alunos, dos quais 3 do sexo masculino e 4 do sexo feminino, dirigida pelo Sr. Sebastião Ribeiro de Macedo, e a da povoação do Salobro, criado em 1927 pelo município, sendo estadual, é mista, de 3a.classe com 138 alunos dos quais 78 do sexo masculino e 60 do sexo feminino. Deste é professor o Sr. Manoel Nabuco Mariano. IMPRENSA – O repórter e o nome do primeiro jornal que veio á luz em Itaberaí. Apareceu a 15 de Março de 1908, sendo seu fundador, o Sr. Zoroastro Artiago, que era também seu redator-chefe, auxiliado pelos Srs. Virgílio Pereira de Artiaga e Manoel Francisco de Faria, redatores. Mensario que se dizia noticioso e cientifico tinha as dimensões de 0,32 x 0,25, impresso em Uberaba, na antiga livraria Século XX, de Aredio de Souza, saiu apenas um número de qual existe um exemplar no Gabinete Jeronimo Pinheiro. O seguinte jornal nela publicado foi o minúsculo O Foco, cuja primeiro número deu a 14 de Setembro de 1924, redigido orientado pelo Sr. Sebastião Pinheiro de Abreu. Era semanário exclusivamente humorístico, impresso em tipografia própria, e que viveu ate 1 de Fevereiro de 1925. Em substituição a este surgiu, a 22 do mesmo mês e ano, o Piarol, também de pequeno formato, sob a orientação dos Srs. Jacinto Luiz da Silva Caldas e Manoel Vidal. Não chegou a publicar o segundo número. O mesmo se deu com o Itahy, fundado a 30 de Agosto de 1925, pelo Sr. Eliezer Pinheiro de Abreu. A primeira de pequenos tamanho, e mo fim de 1926 com as dimensões de 0,50 x 0,35, teve como redatores principais os Doutores José Hermano e Derval Alves de Castro, e, por vezes, o professor Felicíssimo do Espirito Santo Filho, que o redigiu sozinho nos dois meses de sua existência. Quinzenário independente, literário e noticiário, desaparecimento a 16 de Junho de 1928, muito contribui para o alevantamento de Itaberaí, em favor de cuja grandeza e prosperidade sempre trabalhou. Bem redigido e com ótima corpo de colaboradores consegui fazer época no seu tempo, atraindo a atenção. Nele colaboraram as figuras proeminentes do jornalista Goiano, tais como os Desembargadores Airosa Alves de castro e Antônio Perilo, Doutores Sebastião Freury Curado, Jeronimo Rodrigues de Morais, Cireneu de Araújo, Augusto Rios, Albatenio de Godoy, João Augusto Perilo e Luiz ramos de Oliveira Couto, Dona Graciema Machado de Freitas, Francisco de Brito, Honestino e Gercino Monteiro Guimarães. Impresso em tipografia própria, foi este o ultimo jornal publicado na Comarca, e para cujas manutenção não regateou esforço o seu diretor-proprietário Coronel Artur Pinheiro de Abreu, cuja sonho doirado consistia em dotar Itaberaí de um periódico. Infelizmente não conseguiu vencer as dificuldades que o meio oferece... e Itaberaí, talvez por muitos anos ainda, não terá mais o seu jornal. ASSOCIAÇÃO – Já houve época em que Itaberaí progredia para os fins comuns. Tanto isso é verdade que já possuía associações dramáticas, beneficentes, literárias, religiosas e recreativas, hoje desaparecidas, dando lugar a uma lamentável inércia social. Nem se diga que haja de iniciadores. Pelo contrário, o que carece é da boa vontade coletiva, uma bem do próprio mealheiro. BENÉFICENTES – De 1904 a 1923 existiu em Itaberaí uma Associação de São Vicente de Paula, que manteve um modesto asilo, prestando reais serviços. Nele tiveram acolhida numerosas desprotegidos da sorte, enquanto era assistente pela caridade pública. Foi fundado por iniciativa do Rev.mo. Padre Pedro Rodrigues Fraga, com o amparo da população da cidade. Devido a escassez de recurso e ao abandono em que ficou o asilo após o falecimento desse benemérito Padre, os seus infelizes internados dele se desertaram. O prédio onde se instalara foi demolido em 1924 por utilidade publica, pelo Intendente Benedito Pinheiro de Abreu, conforme o autorizava a lei, n.º 159, de 17 de Novembro de 1923. E digo de registro o fato de ser muito diminuto o número de mendigos em toda comarca. Na sua sede pouco ultrapassa de meia dúzia, índice bastante confortador e demonstrativo da capacidade de trabalho de seu povo ativo. RELIGIOSAS – Tem tido diversas confrarias e irmandade religiosas, sendo a que mais se evidenciou e mais tempo durou foi a do Sagrado Coração de Jesus, mandada instituir pela virtuoso Bispo D. Prudêncio Gomes da Silva a 2 de Dezembro de 1908. Instalada sua primeira Dominga de Janeiro de 1910, pelo saudoso Padre Pedro Rodrigues Fraga, desapareceu, bem como outros congêneres, com o falecimento desse vigário. Era composta exclusivamente de senhoras da melhor sociedade Itaberina. DRAMATICAS – Também existiram várias delas, porém quase todos de vida e premera, como a denominada Associação Dramática Teatro São Sebastião, inaugurada a 15 de Dezembro de 1913, e da qual era presidente o Sr. Gustavo Paulo de Faria. Cumpre-nos, entretanto, destacar a Sociedade Dramática Curralinhense, fundada a 29 de Abril de 1906 pelo Sr. José Gomes dos santos Bailão, verdadeiro espirito de arte e gosto. Contando com a boa vontade dos poderes municipais, que lhe deram terreno e auxílios pecuniários, essa associação conseguiu viver por um decênio, isto é, até 1915, época em que desapareceu ante a dissidência existe entre os seus membros. A Sociedade Dramática possui em seu seio amadores de real talento artístico e que denotavam exuberante tendência o palco. A sua diretoria era assim constituída: José Gomes dos santos Bailão – Presidente Joaquim Francisco da Costa – 1.º Secretário Benedito Leite Borges Filho – 2.º Secretário Manoel Francisco de Faria – Orador Inácio Leite Borges – Procurador No momento presente não existe nenhuma. As vezes, por ocasião de festejos públicos, o Sr. Benedito Luiz da Fonseca (Busico), que é um homem de iniciativas e que insiste dotar a cidade de diversões, improvisa um grupo dramático, ora composto de crianças, ora de adultos amadores, e o leva em cena com pleno sucesso. MUSICAES – O primeiro grupo musical que houve em Itaberaí foi organizado pela falecimento mestre Norberto de Oliveira Brandão. Era composto exclusivamente de instrumentos de cordas, datando a sua fundação do meado do século passado. As suas tradições de fama ainda hoje repercute em todos os recantos manamberoenses. Data, no entanto, do ano de 1883 a organização em Itaberaí da primeira banda de musica, sob a regecia do mestre Ernesto Patroclo... Desaparecido esta, tempos depois, surgiu outra com a denominação de Banda União Curralinhense, sob a proficiente direção do mestre Virgílio Felix de Souza, que grande incremento deu á arte de Minerva no meio Itaberino e legou-lhe músicas exímios. Essa filarmônica, fundada a 15 de Agosto de 1894, sob a patrocínio do Monsenhor Inácio Xavier da Silva e o Capitão José de Freitas Machado, funcionou pela primeira vez em público a 16 de Novembro de 1895. Durou perfeitamente disciplinada até 4 de Julho de 1921, quando faleceu o referido mestre Virgílio. Daí para cá, até fins de 1930, não existia em Itaberaí uma banda propriamente constituía, mas sim, um grupo esforçado de músicos, antigos elementos da Banda União Curralinhense, que se reunião para as tocadas das solenidade religiosas e raramente para as profanas. Por isso mesmo por bem houver, no início do ano de 1930, o Intendente Eliezer Pinheiro de Abreu procurar formar uma banda custada pela município, para o que adquirir o instrumento da banda dispersa. Não obstante os seus esforços, não viu a sua boa vontade coroada de êxito. Mas feliz foi o Coronel Artur Batista de Faria, Prefeito Municipal, que, criando a Pilarmonia Municipal a 14 de Novembro de 1930, Lei n.º 191, conseguiu, em menos de três meses, organizar com elementos novos uma corporação musical, sob a regência do maestro Domingos José Corrêa, a qual vem obtendo constantes sucessos. E justo que destaquemos o elevado empenho e a perseverante insistência com que se houve para esse fim o Sr. Doutor Maocir Ribeiro de Freitas, então Juiz de Direito interino da Comarca, a quem em boa hora foi confiada a Diretoria da Banda, o que aliás muito contribui para o feliz resultado alcançado. Hoje é seu Diretor o Sr. Sebastião Fernandes de Moraes. RECREATIVAS – Estas, como as suas similares, estão por ressurgirem da bruma olvidante do passado, onde ser mergulharam após ligeira pose de triunfo. Ainda a 31 de Dezembro de 1929 desapareceu o Clube Itaberino, fundado a 20 de Junho do referido ano, pelo Sr. Doutor Ary Rodrigues Cunha, o qual vinha proporcionando bailes e outros diversões á sociedade. Contava 67 sócios contribuintes. Infelizmente viveu apenas alguns meses, devendo a existência espremera tão somente a indiferença coletiva do meio. LITERARIAS – O Rev.mo Padre Pedro Rodrigues Fraga, homem progressista, dotado de idéias alevantadas, foi quem primeiro teve a iniciativa e levou a frente a criação em Itaberaí de um grêmio literário. Para isso angariou donativos e fundou, a 26 de Maio de 1912, com uma pequena biblioteca, o Grêmio Literário Santa Cruz, que teve por Presidente o Coronel Augusto da Silva Bailão. Com o falecimento do Padre Fraga deixou lamentavelmente de existir em 1918. Na época atual existe um centro de leitura, de propriedade particular, com a denominação de Gabinete Jeronimo Pinheiro. Foi aberto ao público a 29 de Dezembro de 1923, tendo apenas 268 livres de diferentes autores. Hoje contam as suas prateleiras para mais de mil obras literárias, algumas de real valor, não só pela sua realidade como pela fundo útil e precioso que encerram. Não obstante a modicidade da assinatura, possui somente 16 assinantes leitores, que fazem a retirada total de 70 livros por mês. E de propriedade do Major Eliezer Pinheiro de Abreu, e se acha estabelecido á Rua Jeronimo Pinheiro, 25. DESPORTIVAS – Relativamente a desportes, Itaberaí conserva-se ainda em estado incipiente. De vez em quanto se organiza um Clube desportivo de futebol, que, com a mesma facilidade que surge, desaparece. No presente conta com uma equipe aguerrida, sem ser todavia arregimentada, composta de ótimos elementos dispersos, que se tem destacado em importantes prélios. ILUMINAÇÃO PÚBLICA A 12 de Junho de 1902, estando dirigindo o município o 2.º vice-intendente Coronel Jeronimo Pinheiro de Abreu, realizou-se o ato inaugural da iluminação a carbureto em Itaberaí. A solenidade, presidida pelo 1.º vice-intendente Coronel José Martiniano de Faria, que assumira o cargo especialmente para esse fim, revestiu-se de curiosa imponência. E para perpetuar na história contemporânea um laivo da interessante literatura da época, transcrevemos na integra a ata do acontecimento desse dia: Ata da instalação solene da inauguração da luz acetileno na cidade de Curralinho. Aos doze dias do mês de Julho de 1909, ás 7 horas da noite, na Paço do Conselho Municipal deste cidade de Curralinho, presente diversos cidadãos, entre os quais o cidadão José Martiniano de Faria, na qualidade de presidente, o primeiro abaixo assinado na qualidade de secretário e o Doutor Luiz Ramos de Oliveira Couto, na qualidade de orador oficial, e bom assim toda a população deste cidade, o referido presidente abriu a presente sessão. Depois de haver dito e exposto a extrema necessidade da iluminação deste cidade e exposto a extrema necessidade da iluminação desta cidade com palavras rendilhadas, plenas de entusiasmo e emoção, declarou-se solenemente instalada a luz em Curralinho. As suas ultimas palavras foram cobertas pela estrondoso aclamação de palmas, sob a esplêndida e dulcíssimo harmonia festiva da banda de música Curralinhense. Logo após esta oração, acendeu-se a primeira lâmpada na porta do edifício do Conselho, seguindo-se imediatamente outras. Dada a palavra ao referido orador oficial, este disse pouco mais ou menos o seguinte: Nos tempos antigos, quando Atenas ditava leis ao mundo sob a arqueação plúmbea da velha Grécia, dessa pátria de homens da estatura de Homero, a civilização que parecia estar no berço já se havia levantado radiosa e sublime, como do tosco mármore de Carrara surge a estatua de arte. Os homens daqueles avoengos tempos tinham no cérebro a luz da inspiração, no gênio a vontade preponderante e nos músculos a força do trabalho; empreender-se qualquer tentativa de progresso, é já havei-a consumado. Abrindo-se a história da humanidade desde os tempos que estão ainda quase ocultos pelos véus escuros dos séculos, temos forçosamente que observar a imensa evolução das Nações em caminho direto da cruzada grandiosa do aperfeiçoamento. O progresso de um povo está tanto na evolução material como intelectual, que formam o sustentáculo, o pedestal de granito do desenvolvimento dos pais. Inventar é criar, é dar forma e finalmente lançar as vistas dos homens que admiram a nova criação. A luz não foi inventada, foi aperfeiçoada pelos povos, e hoje como ela se acha não e mais do que a meta dos trabalhos intelectuais. Curralinho, cuja progresso e cuja desenvolvimento são objetos de geral admiração, quis também tomar parte no grande banquete da civilização e eil-a agora caminhando altiva para o seu de desideratum. A iluminação de uma cidade corresponde a uma baixa na estatística dos crimes; a luz espanta as aves noturnas, o clarão atemorisa os criminosos. Esta cidade deve rejubilar-se com este grande movimento iniciador que intimamente nela está se operando. Os seus filhos que ainda se conservam sob a apatia da dúvida, devem seguir o exemplo sublime dos trabalhadores que são verdadeiros alavancas a moverem a grande pedra do progresso. E assim, todos unidos, nessa beatifica reunião que tanto caracteriza, o povo desta cidade, o orador pede a todos os presentes – animo e contra as trevas; levantando, finalmente, um fervoroso brinde á civilização deste povo e aos grandes amantes do progresso. Terminado o discurso oficial, rompeu novamente a musica e espoucaram-se no ar muitos foguetes. Tomando a palavra o cidadão Luiz Antônio da Fonseca, digníssimo Sub-Promotor Público deste Termo, disse que como filho desta cidade rejubilava-se pelas notas que de período se ouvia soaram harmoniosas na escala do progresso, já desenvolveram a vida material, como social e intelectual. E assim congratulava-se com os promotores desse tentarem que ora prende de entusiasmo a todos e erguia em brado a continuidade do progresso Curralinhense. Não havendo mais quem se servisse da palavra, o Sr. Presidente encerrou a sessão e, agradecendo ao povo pela bom acolhimento dado ao convite feito para esta reunião, o convidava a, incorporado, percorrer, as ruas desta cidade em vista a todos os lampiões. E para constar lavrei a presente ata que, depois de lida, será assinada pela mesa e pelos circunstantes que o quiseram. Eu, José Gomes dos Santos Bailão, secretário convidado a escrevi. – (a) José Martiniano de Faria, José Gomes dos santos Bailão, Luiz ramos de Oliveira Couto, Joaquim Leopoldino de Morais Jardim, Virgínio Alves de Castro, Joaquim Francisco da Costa, Padre Pedro Rodrigues Fraga, Evaristo Alves Martins, Antônio Primo de Faria Júnior, Hermenegildo Ribeiro Leal, Raimundo Nonato Vieira, Manoel Francisco de Faria. Essa iluminação, a principio custada pelo público, que mantinham 45 bicos nas ruas e praças, passou em Dezembro de 1907, quando intendente de fato o Coronel José Martiniano de Faria, a ser feito ás expensas da municipalidade, que despendia para isso da quantia de 720$ a 1:000$000 anuais. Por não corresponder suficientemente aos fins e na impossibilidade do aumento de bicos para o consumo público ante as precárias condições financeiras dos cofres municipais, foi a iluminação abolida em 1910. Dois anos depois, isto é, a 20 de Maio de 1912, o Coronel Salatiel de Lima, num momento de feliz inspiração, requereu ao Conselho o privilegio para explorar quedas da águas com seu conseqüente aproveitamento a iluminação pública. Embora sendo o Coronel Simões de Lima um dos maiores argentários da Comarca, não conseguiu levar avante o seu propósito. Ante esse fracasso, no mesmo ano de 1912, a 14 de Outubro, o coronel Artur Pinheiro de Abreu, requereu por sua vez idêntico privilegio, obtendo-o a 19 do referido mês e ano, conforme a lei n.º 79. Deixando também caducar, o fiscal de consumo farmacêutico Ismael Brandão pediu para si, a 24 de Janeiro de 1920, a concessão da instalação de luz a força em Itaberaí. Tendo deixado de assinar o respectivo contrato dentro do prazo legal, foi declarado nulo o ato concessivo pela lei n.º 145, de 12 de Julho de 1920. Diante disso, os Sr. Guedes, Rato & Cia, empresários da luz e força da Capital, aproveitaram do ensejo e chamaram aos seus interesses as mesmos vantagens. No entanto, por faltarem ao cumprimento do précontrato, também lhes foi cassado o referido privilegio, conforme ato n.º 158, de 2 de Março de 1921, do Executivo Municipal. Com tantos e contínuos insucessos, o Coronel Sebastião Antônio da Fonseca, que é dotado de extraordinária força de vontade, aliada a um elevado espírito de iniciativa, requereu por sua vez o privilégio para si. E debaixo da ausência completa do estimulo público, consegui ver aprovando o seu contrato com a municipalidade. Era aprovado a sue contrato com a municipalidade. Era intendente o Coronel Antônio Luiz da Silva caldas, que, tapando os ouvidos ao canto insistente da sereia do rotineiro, o aprovou a de acordo com a lei n.º 150, de 25 de Novembro de 1922, não obstante as hostilidades da ocasião. E o Coronel Sebastião Antônio da Fonseca, levando tudo de vencido, inclusive a incredulidade público, a irreverência do meio e a pouco disposição geral, inaugurou a luz elétrica em Itaberaí a 30 de Março de 1924. Essa inauguração, coroada de pleno êxito, teve lugar no prédio no Grupo Escolar Rocha Lima, sendo intendente na ocasião o Coronel Benedito Pinheiro de Abreu. A ela compareceram o Presidente Miguel da Rocha Lima, representado pelo Secretário de Obras Públicas Dr. Brasil Ramos Caiado, Secretário do estado, Senadores e Deputados Federal e Estaduais. Intendente da Capital e outros altas autoridades do estados, bem como as pessoas gradas da cidade e dos municípios vizinhos. A luz esplêndida, tido com a melhor do Estado é distribuída em toda cidade por 120 postes de aroeira, distanciados de 35 a 40 metros, sob o intermédio da estação distribuidora situada a Praça João Pessoa. A usina geradora está localizada á margem direita do Rio das Pedras, sito na fazenda Cachoeira, de propriedade do empresário, com uma linha transmissora de sete quilômetros. Sua turbina hidráulica e tipo Kaplan, eixo horizontal, com 1.000 rotações por minuto e potência de 46 cavalos efetivos. Gerador trifásico, de corrente alternada, com a capacidade de 30 quilowatts e para 220 watts. A queda da água, apenas com 6ms, 20, tem o volume médio de 740 litros por segundo. A sus barragem mede 16 metros de comprimento. Os estudos e anteprojetos foram feitos pelo engenheiro civil Derval Alves de Castro, sendo a montagem executiva pela casa Maurício Hilpert, da praça do rio de Janeiro. Nestas detalhes é justo que salientemos o concurso oportuno e eficiente do coronel Tubertino Ferreira Rios, que muito contribui para que se tornasse realidade essa iluminação. Foi ele um dos fatos reais para que o Coronel Sebastião Antônio da Fonseca levasse a bom termo o seu desideratum. EMPRESA TELEFÔNICA E esta uma organização que existe apenas nos domínios do convencionalismo concessivos. O privilegio para as instalações telefônicas em Itaberaí, foi requerido pelo Sr. Jacinto Luiz da Silva Caldas, sendo concedido pelo Intendente Benedito Pinheiro de Abreu, conforme a lei n.º 164, de 8 de Fevereiro de 1924. Inauguração a 16 de Junho de 1926 sem o prévio contrato, o seu concessionário ainda não conseguiu sequer um assinado. Mantém, ele apenas um aparelho ligado do centro diretamente a sede do governo municipal. E verdade que existem duas linhas telefônicas de particulares, instalados da cidade para vivendas rurais. Uma anterior a concessão, pertencente ao Coronel Sebastião Antônio da Fonseca, ligado a sua residência as usinas geradora e distribuidora, e outra ao Major Antônio da Fonseca, estabelecendo comunicação de sua moradia a chácara do Catarão. Há outras em projetos: a que se dirige para a fazenda Cubatão, do coronel João Ferraz da Maia e que vai á chácara do coronel Artur Batista de Faria. SENSO DEMOGRAFICO Não obstante existir a 43 anos o cartório do registo civil não Comarca de Itaberaí, é difícil, muito difícil, fazer-se a sua demografia exata, dada a abstenção da população rural em dar-se aos assentamentos, do que sempre se excursa a título de economia. Todavia pode-se calcular para sete município a média anual de 250 nascimentos, 150 óbitos e 70 casamentos. Si não fora a tolerância existente nesse sentido, não só a favor da pratica de casamentos apenas no religioso, que o cartório competente não pode registar, como da esquivança pela classe agrícola nos registros de natalidade e principalmente dos sepultamentos nos cemitérios de natalidade e principalmente dos sepultados nos cemitérios avulsos das chapadas, e dos quais as autoridades não tem conhecimento, outros seriam os dados demográficos. Assim mesmo no ano de 1929, devido a um dispositivo de lei temperaria que favorecia o registro de nascimento e também a ação enérgica do Dr. Juiz de Direito da comarca, a cifra de assentamentos atingiu, só no município de Itaberaí, a 1.030 entre recém nascidos e adultos faltosos. O numero de óbitos anotados se elevou a 99 e o de casamentos civis a 38. No ano de 1931, em que esses serviços foram mais regulares, o registro civil fez as seguintes anotações: nascimentos 159, óbitos 73 e casamentos 59. O primeiro termo de nascimento existente nos livros do cartório local data de 1.º de Julho de 1889, referente a uma criança do sexo masculino, filho de Manoel Lemes Malaquias e Balbina da Cruz. O de óbito lavrado a 6 de Abril de 1889, de Joaquim Pimentel, e o de casamento a 30 do mesmo mês e ano de João dos Anjos Siqueira e Feliciana de Almeida Guerra. Era escrivão de paz o Coronel Luiz Antônio da Fonseca, nomeado a 16 de março de 1886, pelo então Juiz Municipal da Capital Dr. Joaquim Guimarães Natal. A primeira escritura pública passada na Comarca foi lavrada pelo escrivão de Juiz de Paz do antigo distrito de Curralinho, João Loureiro Gomes, a 22 de maio de 1871, referente a transferência do sitio denominado Catingueiro ou Conceição do Catingueiro, conforme era também conhecido, feito por Guilherme Alves Pereira e sua Mulher Ana Rosa Laureano, em favor de Francisco Rodrigues de Souza e sua mulher Brigida de Souza e Silva. LIMPEZA PÚBLICA E HIGIENE A lei n.º 184, de 21 de Maio de 1928, criou o imposto sobre o lixo, cuja remoção passou a ser feito em carroças a cargo do condutor João Antônio de Lima. Para completar este serviço de benéfica higiene, o Prefeito Coronel Artur Batista de Faria, pôs em execução a lei de 17 de março de 1928, do Legislativo Municipal, que decretou o fechamento do perímetro urbano, pondo assim termo ao rústico aspecto que a cidade apresentava anteriormente com a invasão de animais bovinos, equíneos, etc. Tendo sido remodelado em 1931 a repartição de Higiene Pública do Estado, foi criada para a cidade o cargo de Inspetor. ESTABELECIMENTOS PÚBLICOS PAÇO MUNICIPAL – Funciona em prédio alugado desde 1923, por ter sido doado ao estado o prédio próprio, afim de que a cidade fosse dotada de um grupo Escolar. A lei n.º 154, de 19 de Janeiro de 1923, que autoriza a construção de um novo edifício, para nele ficar definitivamente instalado o governo municipal e suas dependências, não pode até 1932, ser posta em execução, dada a precariedade dos cofres municipais. GRUPO ESCOLAR ROCHA LIMA – Situado a Praça João Pessoa, n.º 5, atualmente praça Sinhô Fonseca, cujo prédio o municipal doou ao estado, conforme autorização da lei n.º 153, de 6 de dezembro de 1923, quando Intendente o Coronel Antônio Luiz da Silva Caldas. Este prédio foi adquirido de conformidade com a lei n.º 73, de 27 de Julho de 1912. Nesse edifício também funciona a grupo escolar Municipal. MERCADO PÚBLICO – O primeiro mercado municipal foi criado pela lei n.º 129, de 20 de Novembro de 1919, na gestão do Coronel Antônio Caldas, que, pondo-a em execução, arrendou um prédio comum, aliás impróprio, sito á Praça João Pessoa, para o seu funcionamento, tendo sido aberto ao público a 1.º de Janeiro de 1920. Embora vindo preenchendo os fins para que fora destinado, não se achava instalado com os requisitos necessários. Isso motivou a lei n.º 159, de 17 de Novembro de 1923, autorizando a construção de um prédio próprio, o que foi levado a efeito no período administrativo do Coronel Benedito Pinheiro de Abreu. Esse novo mercado, inaugurado a 23 de Janeiro de 1927, é amplo e espaçoso, tendo as disposições convenientes, e constantes de 3 varandas e 8 dependências. A sua planta foi confeccionada pelo engenheiro civil Derval Alves de Castro, que a fez em estilo modesto e vulgar, por assim lhe ter exigido o intendente de então, e para outro ponto da cidade que não uma praça central. Quando a construção, que obedeceu a orientação do chefe do executivo municipal, Coronel Benedito Pinheiro de Abreu, importou na quantia de 50% da renda anual do município. MATADOURO PÚBLICO – O primeiro matadouro público que existiu em Itaberaí, foi construída em 1909, quando estreava no exercício do mandato de intendente o Coronel Benedito Pinheiro de Abreu. A sua inauguração se deu a 17 de junho de 1909, com a presença de pessoas ilustres. Por ter sido edificado em lugar impróprio, onde acha-se a Rua General Pedroso, foi demolido em 1920, por força da lei n.º 125, de 20 de novembro de 1919, pelo intendente Antônio Luiz da Silva Caldas, que mandou construir outro em local mais apropriado, com dependências adequadas e eficiente serviços de água para limpeza e higiene. A inauguração desse outro matadouro teve a 1.º de janeiro de 1923, tendo sido o encarregado de sua construção o Sr. Benedito Constant da Fonseca. Para o abastecimento da população abatia-se uma rez diariamente, o serviço interno ficou a cargo do fiscal Prudêncio Batista de Lima. CADEIA PÚBLICA – Até o ano de 1918, a cadeia local funcionava em prédio arrendado, sito a Rua Capitão Caldas. No entanto, a 23 de Setembro daquele ano, sendo intendente o Coronel Previsto Alves de Castro, foi adquirido para esse fim, pela importância de RS. 3:500$000, o prédio n.º 34 da Praça da Matriz. Desse quantia, 3:000$000 foram dados de auxilio pelo estado ao município, conforme a lei n.º 593 de 27 de Junho de 1918, sendo Presidente o eminente Goiano Desembargador João Alves de Castro. Esse prédio, com quanto tenha recebido reparos e ligeira adaptação, não oferece a necessária segurança. Surge que se construa outra com dependências políticas mais aptas e onde se possa também instalar o fórum local. TELEGRAFIA NACIONAL – A estação telegráfica de Itaberaí, a única existente na Comarca e que estende as suas linhas da Capital para Jaraguá, foi instalada a 29 de Julho de 1910, sendo chefe do Distrito telegráfico o engenheiro Goiano Dr. Artur Napoleão Gomes Pereira da Silva. Teve como seu primeiro encarregado o telegráfista Licinio da Fontoura Chagas, sendo-o atualmente o funcionário de 4a. Classe Sr. Francisco Colombino de Sales. O seu movimento mensal e de 80 a 90 transmissões particulares, com um média de mil por ano, correspondente a um renda de 500$000 a 600$000 por mês, ou sejam 6 a 7 contos anuais. AGENCIA DO CORREIO – Foi criada a 28 de Agosto de 1888, com a nome de Curralinho, que era o da respectiva vila da então província de Goiás, com a gratificação anual de 240$000 ao Agente. Nessa época era administrador dos correios o Sr. Custodio Rodrigues de Morais. Instalada a 1.º de Outubro do mesmo ano, sendo agente o Sr. Antônio Primo de Faria. Depois destes exerceram esse cargo as seguintes pessoas: Augusto da Silva Moreira, Virgínia Augusta de Faria, Joana Caetana de Moraes, Jovita Inocência de Lima Artiaga, João Batista Mundim, Maria da Paixão Silva e Fonseca, Elisa de Moraes Jardim Lynche, Gustavo Paulo de Faria (designado pelo Juiz Municipal local), Maria Rita Caldas, Leonor Malvina da Fonseca Batista e Haidé Jardim, nomeada a 17 de Dezembro de 1917. Por portaria n.º 1422-2a, de 10 de Setembro de 1924, o Sr. Diretor Geral dos Correios determinou passar a Agencia a denominar-se Itaberaí, em virtude da lei estadual n.º 762, de 5 de Agosto de 1924. Presentemente a Agencia é de 3a. Classe, percebendo a serventuaria a gratificação anual de 3:000%000. Esta repartição, por força do decreto Federal n.º 20.858, art. 171, de 22 de Fevereiro de 1932, se acha anexado a do telegrafo desde 7 de Março de mesmo ano. O serviço de condução de malas em automóveis teve início a 1.º de Outubro de 1923, com 10 viagens mensais, de Goiás á estação de Tapiocanga, da Estrada de Ferro de Goiás, sendo administrador dos Correios o Sr. Antônio Batista de Carvalho. Atualmente esse serviço e diário, feito em três percursos, participando a Agencia de Itaberaí de todos eles, por estar intercalada entre os três ramais da principal linha postal do estado que é de Goiás á Leopoldo de Bulhões. O movimento de vendas de selos atinge a média mensal de 350$000 ou sejam 4.200$000 por ano, com tendência de aumento. BANCO DO CRÉDITO – A 3 de Outubro de 1923 foi instalada na cidade uma casa correspondente do Banco Hipotecário e Agrícola de Minas Gerais, sendo dela encarregado na ocasião o Coronel Artur Pinheiro de Abreu. Hoje está a cargo do Cornel Benedito Pinheiro de Abreu. Faz um movimento de 400 a 600 contos anuais, com acentuada propensão para maior, não obstante terem as suas transações de 1931, que é de 488:484$610, decrescido. Foi aliás a maior nestas dois últimos anos. Essa casa bancaria vem prestando relevantes serviços á praça. CINEMA EDISON – Data de Março de 1914 a época em que foi instalado em Itaberaí o primeiro cinematografia. Deve-se está iniciativa ao Coronel Sebastião Antônio da Fonseca, que o manteve funcionamento regularmente ate o não de 1923, quando então o transferiu ao Sr. Benedito Luiz da Fonseca (Busico). Este cidadão, que também é um homem de atividade múltipla, fez construir um prédio apropriado e o inaugurou a 25 de Dezembro de 1923, sob a denominação de Cinema Edison, em homenagem ao musicista Itaberino Edison Linche, falecido em outubro daquele ano. Datado de todo conforme e comodidade relativos ao interior sertanejo, e também caprichosamente decorado, e o Cinema Edison um dos melhores do estado. VULTOS TRADICIONAIS DE ITABERAÍ CAPITÃO-MOR SALVADOR PEDROSO DE CAMPOS – Descendente de índios Goianos, cuja tribo se ignora, foi fundador de Itaberaí, ou melhor, o seu criador, e o principal fator da sua primordial prosperidade. Era homem abastado e de grande preponderância sobre a população de seu tempo, em cuja beneficio trabalhou. Pela destacada projeção que teve e pelos seus feitos nobilitantes, granjeou as honras de Capitão-Mór. Dele origina toda família Fonseca Itaberina, que, entrelaçada com a de Caldas, formou uma parte da geração atual da cidade. Não se sabe a época do seu nascimento nem de sua morte. Presume-se que sua morte se tenha dado em 1818. D. MARIA VITÓRIA DE CAMPOS FONSECA – Filha do Capitão-Mór Salvador Pedroso de Campos, nasceu em Itaberaí em 1795 e faleceu a 15 de setembro de 1872. Exerceu poderosa influência no meio político e social de Goiás. Era dotada de grande fortuna, beleza e prestígio pessoal. O seu nome esta envolto por uma aureola de honrosa tradição que muito enobrece a seus descendentes. FRANCISCO DE SALES TAVARES – Filho de Itaberaí, nascido no fim do século XVIII e falecido em 1864, é conhecido, embora erroneamente, por Sá Tavares. A ele, que tem o nome glorificado por errada tradição, se atribui por muitos anos a fundação de Itaberaí, da qual não foi mais que mero bem feitor. Passou a maior parte de sua vida no retiro denominado Bonfim, a 15 quilômetros da cidade, do qual era proprietário. BRIGADEIRO FELIPE ANTÔNIO CARDOSO – Filho da cidade do Chapéu, norte de Goiás, era homem de fabulosa fortuna no seu tempo, tendo exercício importantes cargos. Desfrutou, como poucos, de extraordinário prestigio em todo Estado. E um vulto de alto relevo no território Goiano, não só pela posição política que ele e os membros de sua família ocuparam, como pela sua abastança. Viveu longos anos na fazenda Palmital em Itaberaí, após contrair matrimonio, em segundas núpcias, com Dona Maria Anastácia da Fonseca, viuva do Capitão-Mór Salvador Pedroso. Como homem enérgico e voluntário, e como patriota o seu nome transpõe os anos debaixo da estima e admiração de todos. Morreu na Capital de Goiás aos 90 anos de idade. De seu primeiro consórcio teve três filhos, um dos quais o Coronel Felipe Antônio Cardoso Santa Cruz, que foi deputado geral por Goiás, quando Província. Todos eles morreram tragicamente envenenados, em épocas diferentes, sempre que iam em busca do ouro que o Brigadeiro possuía enterrado no norte do estado, segundo a versão da época. GENERAL JOSÉ PEDROSO – Nasceu em Itaberaí. Não obstante isso, a sua descendência é ignorada, por ter sido filho da plebe. Sabe-se apenas que exercia a ofício de auxiliar de pedreiro quando foi recrutado pelo Capitão José Manoel da Silva Caldas, para servir na guerra contra Manoel Ortiz Rosa, ditador da Argentina, em 1852, onde conquistou elevados postos pelos seus feitos heróicos, sendo mais tarde promovido a general. Faleceu no estado de Mato Grosso pouco tempo depois da guerra do Paraguai. BRIGADEIRO FELÍCISSIMO DO ESPIRITO SANTO – Nasceu na Capital de Goiás a 17 de Setembro de 1835, onde também faleceu a 12 de Junho de 1905. Viveu em Itaberaí durante vários anos, em cuja meio exerceu intensa atividade política. Datado de inteligência subtil, entrou em lutas com os elementos contemporâneas locais, o que lhe valeu merecido evidencia. Tendo sido, ao lado do Coronel Antônio Primo de faria Albernaz, o primeiro procurador da idéia da elevação de Itaberaí a vila, alcançou facilmente o seu objetivo graças a influência que gozava. Vulto de projeção no Estado, entre outros cargos de destaque que desempenhou, sobre saiu o de seu supremo governo interino. Prestou reais serviços a Goiás e a Itaberaí, onde se casou em segundas núpcias com a bisneta do Capitão-Mór salvador Pedroso de Campos, a Sr. Da. Ana Francisca de Morais. PADRE LUIZ ANTÔNIO DA FONSECA – Conhecido geralmente por padre Lulú, era filho de Dona Maria Vitória de Campos, casado com José Inácio da Fonseca e neto do Capitão-Mór Salvador de Pedroso de Campos. Nasceu em Itaberaí a de Dezembro de e faleceu a 28 de Abril de 1880. Foi educado pelo bispo D. Francisco Ferreira de Azevedo, tendo por preceptor o Padre José Antônio. Ordenou-se em Goiás no ano de 1850, recebendo para curato a fraqueza da Barra. Sendo, por decreto de 20 de Janeiro de 1861 colado vigário de Itaberaí, tomou posse novo encargo a 11 de Outubro de mesmo ano, nele se conservando até a morte. Propriamente dito, foi o primeiro cura que teve Itaberaí, onde o Padre Lulú desfrutava de intenso prestigio político e grande ascendência sobre os seus paroquianos. O seu pulso firme e possante resistência moral, aliados a uma forte disposição de combate, valeu-lhe as lutas que sustentou no seu tempo. CAPITÃO JOSÉ MANOEL DA SILVA CALDAS – Natural do município da Capital e de descendência minera, nasceu a 30 de junho de 1830 e faleceu a 16 de Outubro de 1905. Incansável obreiro de Itaberaí, onde passou a maior parte de sua existência e para cuja progresso material muito se esforçou, nela construi numerosos prédios que foram os melhores do seu tempo. E ele, ao lado do Capitão-Mór Salvador Pedroso de Campos e dona Maria Vitória, a origem tronco formadora da maioria dos elementos de escol da cidade, podendo chama-lo, bem como aos dois últimos referidos, o fator da atual geração Itaberina. Capitão da Guarda nacional, ocupou diversos cargos de destaque, sobre saindo o de Juiz Municipal e o de membro do Conselho da Intendência em 1892. CORONEL ANTÔNIO PRIMO DE FARIA ALBERNAZ – Posteriormente Antônio Primo de Faria, nasceu na cidade de Corumbá, Estado de Goiás, a 9 de Junho de 1832, e faleceu a 2 de Novembro de 1916. Tendo sido um grande propagador da emancipação de Itaberaí, está muito lhe deve por isso. Prestigio com era, se evidenciou pelo amor ao progresso do berço natal de seus filhos, onde foi a primeira pessoa eleita para o cargo de 1.º vice-presidente (1893-1895), sendo também o primeiro vice-presidente de sua primitiva Câmara Municipal (1885) e mais tarde, em 1887, seu presidente. CORONEL PEDRO MENDES MOREIRA – Filho da cidade de Paracatú, Minas Gerais, nasceu a 28 de Junho de 1838, tendo exercido poderoso influência política em Itaberaí, onde chegou pobre e tornou-se rico, sendo mesmo considerado no seu tempo como a maior fortuna. Quando, em 1887, pelo primeiro vez se fez a eleição para presidente da Câmara local, viu-se leito e empossado nesse posto administrativo. Faleceu a 30 de outubro de 1890. PADRE INÁCIO FRANCISCO DE CAMPOS – Nasceu na Capital de Goiás. Como capelão serviu na Guerra do Paraguai no posto de alferes. Sendo nomeado do vigário da paroquia de Itaberaí a 1.º de maio de 1880, nele esteve á frete até fins de 1888, quando então veio a falecer. Exerceu grande atividade política no município, sendo por isso mesmo suspenso de ordens em 7 de Maio de 1885 a 10 de Outubro do referido ano, agravando pelo seu temperamento rigidamente explosivo e índole rebelde. Foi ele mais um ministro de Cristo. MAJOR JOSÉ DA SILVA MOREIRA – Homem rico e morigerado, gozou de real prestigio em Itaberaí, onde, com moderação, chefiou a política após a morte do coronel Pedro Mendes Moreira. Capitão da Guarda Nacional Itaberina, em 1885, tendo sido também o seu quarto intendente e terceiro primeiro vice. Nasceu neste município a 19 de Março de 1835 e faleceu a 11 de Dezembro de 1916, deixando para os pósteros honrosa tradição, acompanhada por um lado de respeito e acatamento. CORONEL LUIZ ANTÔNIO DA FONSECA – Foi um dos membros do conselho de Intendência, em 1890, e também o primeiro governador do município de Itaberaí, quando elevado á categoria de vila. Esteve a frente desse cargo por duas vezes num só período por mandato direito do povo. Impedido a primeira vez de desempenha-se ante u ato decisivo do Presidente do Estado, Coronel Antônio José Caiado, que o destitui das funções e dissolveu o Conselho, voltou daí a três meses a disputar o mandato em pleito eleitoral livro. Eleito, tomou posse e exerceu o cargo, até final. Data daí a sua interferência na política local, onde grande foi a atuação que teve, nela se evidenciando pela extraordinária atividade. A ascendência intelectual que exercia sobre a geração de seu tempo, contribui fortemente para a evolução de Itaberaí, que vê nele um de seus sinceros bem feitos. Espirito irrequieto e combativo, jamais fugiu das políticas, nas quais se distinguia pelos ardis da sua inteligência. Nasceu a 7 de Março de 1853, em Itaberaí, onde faleceu a 7 de Janeiro de 1919. CORONEL JERONIMO PINHEIRO DE ABREU – Filho do município de Novo Horizonte, nasceu a 6 de Outubro de 1854 e faleceu propriamente a 30 de Julho de 1912. Não foi um político propriamente dito, dado o seu temperamento sóbrio e retardio; evidenciou-se, porém, no cenário das atividades sociais já em exercendo o cargo de membro da antiga Câmara Municipal, já o de intendente, vice-intendente e conselheiro municipais. Homem morigerado e espirito moderado, jamais teve seu nome envolvido nas tricas do partidarismo obstante. O seu nome Itaberaí, trás inscrito dentre os eus leais serviços. PADRE PEDRO RODRIGUES FRAGA – Nascido na Capital do Estado a 31 de Dezembro de 1854, ordenou-se no Seminário de Mariana, Minas, em 1880. Vigário de São José de Mossâmedes, de 1881 a 1896, recebeu o curato de Itaberaí a 6 de Janeiro de 1897, nele permaneceu até 24 de Agosto de 1918, data em que veio a falecer como Presidente do Conselho Municipal. Dotado de elevado espirito religioso e progressista, foi um padre virtuosíssimo e que primava pela alta compreensão da caridade. Para atender aos reclamos da pobreza muitos e muitas vezes se privaria do necessário, conquistando, assim, no meio Itaberino, o justo cognome de apostolo de São Vicente. Foi uma alma grande e humanitária, não obstante a pertinaz neurastenia que o dominava. CORONEL ANTÔNIO GAUDENCIO GARCIA – ou simplesmente Major Garcia, como era conhecido, nasceu em Campos. Estado de Rio de Janeiro, a 14 de Outubro de 1863 e faleceu a 30 de Julho de 1930. Foi um vulto que se destacou em seu tempo, não só pelo elevado espirito de humanidade que era dotado, como pelo seu caráter e feitio honestos. Viveu 25 anos em Itaberaí, onde não deixou um desafeto sequer, e onde exerceu diversos cargos de realce: Juiz de direito interino, Juiz e intendente municipais. Farmacêutico que era, prestou relevantes serviços á população nas suas horas aflitivas. Morreu paupérrimo, mas envolto pela gratidão do povo Itaberino, que, nos seus últimos momentos, soube reconhecer os grandes benefícios que ele lhe prestou. O seu espirito evolutivo não conseguiu vencer a resistência do meio.
* do livro de Dr. Derval Alves de Castro - Annaes da Comarca do Rio das Pedras, editado em 1933.
Comentarios
Hildebrando Costa Santos Filho - 01/02/2025
Gostaria de saber o porquê da escolha do nomo Itaberaí? Que relação há entre o nome Itaberaí e a história local? A partir de quando passou-se a cogitar o nome Itaberaí ao município? A partir de que pesquisa etimológica estabeleceu-se a definição para a palavra Itaberaí?
Obrigado pela atenção.