Depois vão dizer que estou exagerando. Quando divulguei minha opinião sobre os exageros com que o Brasil vem aceitando a invasão da língua inglesa, muita gente criticou. Naquela oportunidade, com o artigo “Questão de Opinião”, manifestava meu pensamento de que todas as influências lingüísticas seriam bem vindas, pois o processo só enriquece a linguagem e a própria comunicação. Mas, daí, a concentrar-se, apenas, na língua inglesa, e usando termos que existem, com melhor significado, na nossa língua, é um descaso para com a nossa cultura. É invasão, mesmo. Ainda mais num país que, infelizmente, ainda não conseguiu erradicar a praga do analfabetismo. E, o que é pior, oferece ensino público de má qualidade, haja vista os resultados pavorosos de participação de alguns alunos brasileiros em testes nacionais e internacionais.
Pois bem, não bastando tudo isso, agora vem outra notícia na contramão da história. Há algum tempo, na cidade do Rio de Janeiro, começou a funcionar um curso de língua inglesa, no mínimo, inusitado.
O curso é destinado para bebês de seis meses de idade. Antes mesmo de conhecer a nossa língua portuguesa, e já na fase dos primeiros sons, “os jovens brasileirinhos serão ensinados a chamar bola de ball e mesa de table”.
A educadora Eloísa Lima está testando os resultados de uma pesquisa realizada no Canadá, segundo a qual as crianças entre quatro e seis meses têm maior acuidade auditiva e conseguem, com muito maior facilidade, distinguir asa variações de sons de cada língua.
O Deputado Aldo Rabelo, autor de um projeto que pretende banir os exageros do estrangeirismo da língua portuguesa, já se pronunciou: “Isso é um escândalo. O pai que matricula o filho em um curso desses o vê como robô e não como ser humano”.
Melhor fariam essas pessoas se fossem morar de vez nos Estados Unidos, mudar de nacionalidade e ensinar seus bebês a falar o português. Porque aqui no Brasil, está cada vez mais difícil.
Aliás, não a língua inglesa tem tomado conta de nossas praças. É cada vez maior o número de pessoas que falam o “economês” americano. Ainda bem que este governo está indo embora. E, se Deus quiser, junto com ele a equipe econômica do mercado “livre”. Onde todo mundo dá palpite, pressiona com boatos e mentiras, e poucos ganham.
