O presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá pela frente grandes desafios. O desemprego, a inflação (pelo menos manter com o aumento de consumo que se espera), a distribuição de renda, as dívidas externa e interna, e a própria reforma agrária que seja da simpatia do MST(esta não é tão difícil, uma vez que está assegurada pela constituição).
Mas, o pior de todos os problemas é, sem sombra de dúvidas, o dos pequenos produtores rurais. Se Lula, no sistema capitalista, sem paliativo, sem ajudinhas temporárias, viabilizar, economicamente, a pequena produção rural, eu posso afirmar que não entendo nada de economia.
Isso porque, os produtos são trocados entre si, de forma direta(produto por produtos) ou de forma indireta(através da moeda). E para que sejam trocados, necessariamente, esses produtos têm um valor estabelecidos. A teoria objetiva do valor, que determinava que o preço de um produto consistia no trabalho para ser produzido, foi uma medida de valor que definia preços relativos e evitava injustiças maiores.
Hoje, porém, as teorias só têm contribuído para que haja uma verdadeira extorsão, principalmente, no inerente à produção agrícola. O pequeno produtor rural, aquele que produz o feijão, milho, arroz, farinha, macaxeira, batata-doce, entre outros, está ele liquidado. Impuseram-lhe as regras econômicas de forma que ele ficou condenado a produzir sempre mais, em troca de produtos industrializados sempre em menor quantidade.
Trocando em miúdos, como foi dito, não existe outra coisa senão troca de mercadorias: os agricultores levam os seus produtos para as cidades e de lá retornam com produtos tais como os implementos agrícolas, o remédio, a roupa, o calçado, etc. Só que, a cada ano que passa, para adquirir esses mesmos produtos, é ele obrigado a levar, sempre e sempre, uma quantidade bem maior. Por exemplo: se ele quizer adquirir a mesma marca de arado que há cinco anos o fez com a venda de cinco sacas de arroz, hoje ele precisa se desfazer de oito ou dez sacas.
Dizem os economistas modernos que o problema da pequena produção rural é o atraso tecnológico; a baixa produtividade, portanto. Não questiono a sua importância, mas, como se explica que o setor industrial, com alta tecnologia, está produzindo, hoje, um arado mais barato e, no entanto, o pobre do agricultor é quem tem que dar mais produtos para adquiri-lo? Pura tapeação. Se a produtividade agrícola fosse dobrada, o setor industrial extorqui-la-ia na troca desigual, sob argumentação das leis do mercado(oferta e procura).
É por isso que eu acho impossível o Governo Lula resolver o problema dos pequenos produtores rurais no atual modelo capitalista. Porque, para faze-lo, ele terá que promover uma espécie de realinhamento de preço. Resgatar o valor de troca dos produtos agrícolas de 40 ou 50 anos passados, o que não seria permitido pelas elites dominantes que continuarão no poder ditando as suas regras.
Para resolver tal problema, ficou claro, o produto necessita recuperar o seu valor, o que não seria permitido pelos agentes dos setores, historicamente, privilegiados. Por outro lado, para complicar mais a coisa, a remuneração dos trabalhadores assalariados não tem um poder aquisitivo suficiente para pagar um preço justo pelos bens de consumo agrícolas. Há sessenta anos quando foi instituído, cujo valor ao preço de hoje é de R$ 1.500,00, o assalariado tinha essas condições e pagava um preço bem melhor. Mas, a indústria deu um golpe duplo, extorquindo os agricultores e, com o continuado achatamento salarial, tirando as condições dos consumidores pagarem um preço justo pelos bens agrícolas. Com isso se conclui que a agricultura, vem subsidiando a indústria há várias décadas.
Esse é o grande problema, cuja solução só a têm os economistas que procuram fantasiar as pessoas ou mesmo os que vivem na verdadeira ilha da fantasia. Que alguma coisa tem que ser feita, isso é preciso; não se discute. Agora, viabilzar a pequena produção agrícola, torna-la auto-sustentável, transforma-la em empresa que dá lucro, isso só na falação dos que querem fazer o povo de bobo.
