Comecei a escrever, a luz se apagou, o Céu irritado, soltava faíscas no espaço e sua voz ecoava em medonhos estrondos. Continuei a teclar, como quem tateia no escuro, buscando encontrar a porta, passagem secreta, para outra dimensão. Olhos fechados, dedos que dançam, a mágica dança, só por loucos sentida. Entre luzes e piruetas, borrões se formaram, a tinta escorrendo, puxei o mata-borrão lá do fundo da gaveta. Com ele veio o passado, borrões de outros tempos, eternizados num mesmo tempo. Vi carros amarelos, vassourinhas nas lapelas, sanduíches de mortadela, vi Janio no palanque, bilhetinhos e loucuras, no jogo de xadrez, errou a jogada.Vi Jango em apuros, militares e outros reveses. Entre idas e vindas, chegou a hora das Diretas Já , eleito o Presidente que não assumiu, estranha morte. Itamar, Sarney, Collor, FHC, tanto tempo se passou, tudo ali no mata-borrão ficou. Derepente muda o jogo, o mercado se agita, fica nervoso. Calma, dizem, nada mudou, o jogo continua, é apenas uma peça que está sendo trocada, nada mais. Presto atenção, realmente o mercado exagera, tanto barulho por causa de uma única peça ...o Tabuleiro. De fato, alguém lembra, como pode o jogo começar, se por ora, não há Tabuleiro ...
A luz se acende, o Céu em lindo azul, transmite calma e serenidade, meus dedos teclam por onde querem, dançam entre dimensões, enquanto o jogo continua em perfeita harmonia, há peças, há Tabuleiro – peça indispensável nesse jogo de xadrez – a estratégia mudou, novos rumos surgem agora.