O espírito cigano em contraste com o corpo sedentário que habita, viaja por mundos absurdos e em silenciosa algazarra faz seu grito ecoar em surdos ouvidos humanos. Estranhos pensamentos surgem por toda parte e atos nunca antes imagináveis começam a ser cometidos, cada vez com maior intensidade. O Bem e o Mal convivem lado, muitas vezes num mesmo corpo e travam terrível batalha, num cotidiano absolutamente normal, até que o mal de cada um vence e nesse instante, aos olhos da humanidade, a loucura se faz presente em determinada criatura. Surdas gargalhadas ecoam pelas montanhas de um mundo paralelo e faz seu som vibrar em mentes afins, a loucura não está na criatura, mas em todo lugar, confundindo a todos. O Bem continua seu caminho, mas seus atos não causam tanto impacto quanto os cometidos por seu adversário.
E nesse cenário, ciente do que acontece, vivo em mundos paralelos, buscando de cada um o melhor encontrar. Mas escorrego e caio num buraco negro, descaso da prefeitura intergaláxia que não tem cuidado dos buracos que surgem a cada dia, causando acidentes de todos os tipos. O buraco parece não ter fim e eu tenho a sensação de estar caindo a dias... Do outro lado, em outra dimensão, um corpo em coma, está ligado a inúmeros aparelhos e médicos analisam gráficos que parecem mostrar que a vida ali está presente por pura teimosia, pois nada pode explicar porque aquele coração ainda bate e porque aquele cérebro vez por outra envia sutis sinais de que ainda sobrevive, como que temendo ser, a qualquer momento ver decretada a sua Morte Cerebral e então ter o seu coração simplesmente arrancado e n outro Ser transplantado...
Continuo caindo, resolvo então relaxar e curtir a sensação de simplesmente voar sem asas. E assim, incrível bem estar tomou conta de mim, meu impossível desejo acabara de se realizar, eu podia agora flutuar no espaço e a escuridão já não importava, pois a realidade estava em meus pensamentos...
No hospital, o paciente em coma, abre os olhos e para surpresa geral, puxa todos os fios ligados a seu corpo, levanta-se, veste sua calça jeans e camiseta branca, calça o tênis e vai embora...
Chego em casa, abro minha pastinha de executiva, tiro uma pilha de papéis e começo a preparar meu relatório para a reunião de amanhã, mais um dia rotineiro, sem nenhum fato incomum, tudo absolutamente normal.