Dizem que o mundo está perdido, porque o homem perdeu a vergonha e o controle sobre a sua própria vida. Nunca se viu tanta violência e tanto despudor, afirmam muitos. Após milênios de repressão, os diques que continham a sexualidade se estouraram, e como uma represa que se rompesse, a água espraiou-se por toda à parte, mas a tendência é a de voltar ao leito do rio, mais à frente. Talvez possamos usar o mesmo simbolismo com relação à violência. Toda essa criminalidade eriçada irá se acalmar um dia.
Certamente é desanimador o quadro atual. Para os materialistas deve ser simplesmente desesperador. Para os espiritualistas univivenciais, ou seja, que acreditam que o homem vive apenas uma vez, deve ser bastante pesado o fardo das aflições. Mas nós somos espíritas e acreditamos que o homem tem muitas reencarnações, e que a cada uma delas, melhora um pouquinho, portanto, temos a certeza de que todas as pessoas maldosas melhorarão, e esse quadro de corrupção política e administrativa, de agressões, seqüestro, deslealdade, exacerbação do erotismo, descrença, tudo isto passará.
Quando temos olhos apenas para as coisas ruins e pintamos um quadro com cores cinzentas e pesadas como o chumbo, esquecemos que existem outras cores belas, suaves, e que podem compor perfeitamente o quadro da nossa vida.
O que queremos dizer é que precisamos ser otimistas. Precisamos de coragem, ânimo, fé. Sim, de uma fé racional, lógica, natural. Mas não podemos fingir que está tudo maravilhoso e descurar do combate que temos que dar às coisas ruins.
Talvez a grande lição que temos que aprender é que nenhum grupo social, como nenhuma nação sairá sozinha desta crise de valores que atravessamos. Certamente será preciso unir forças, solidariedade, inteligência. Os caminhos estão à nossa frente, precisamos identificá-los e acertar com eles.
Certamente os tempos são outros, mas podemos aprender com os novos tempos. Nosso conservadorismo atrapalha muito, e o desafio é aprender a lidar com ele também. Allan Kardec disse que o Espiritismo dilata os horizontes do homem. Como espíritas, talvez, possamos compreender melhor esse novo tempo. Entretanto, por mais moderna que seja a época em que vivemos, não podemos prescindir do amor, da verdade e da vida. Ensinamentos como: faça ao teu próximo o que deseja que te seja feito, ou perdoai setenta vezes sete, amai a Deus sobre todas as coisas, ao teu próximo como a ti mesmo, jamais envelhecerão ou sairão de moda.