Alguns inserem um mísero recado, seis ou sete mal-traçadas, como se fosse um texto. Já o meu, o teu, o nosso U-zine quer mais, por isso junta uma porção de recados publicados no quadro , com o nobre intuito de perenizá-los em artigos . Trata-se, é claro, de uma deferência toda especial para com aqueles que se recusam a freqüentar o lupanar (desde sempre) infecto. Houve quem demonstrasse enfado para com esta publicação tão bem-sucedida, exclamando, exclamando, exclamando: "Haja!!!"
Pois eu digo: "Em vez de ficar enchendo lingüiça com micharia, e ainda tirando uma lasquinha, parasitando obra e nome alheios, por que não atua, mesmo que seja à toa? Por que não corre seus riscos e produz também recados em penca e com qualidade, oras? Eia, sus, aja!!!"
Com esta edição, o U-zine dá o famoso "salto participante", politiza-se, quase aproxima-se do espírito que norteava as "Reflexões Usineiras", inclusive porque estas tinham muito mais leitores. De resto, busca o ponto "g", para na hora "h" colocar os pingos nos "is". Dixi (*). Quem tiver olhos de ler, leia.
(*) Agradeço a oportuna correção sugerida pelo Gus Patere, o nosso latinista. Eu havia escrito "Dixit", usando a terceira pessoa. Agora sim: Dixi. Valeu, Gus!
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1
Munique, Ginásio Olímpico, 1976, vi e ouvi 8000 bocas uivando para "O cão andaluz", na surreal abertura de um show do cantor David Bowie, que patrocinara a gravação da trilha deixada escrita por Buñuel e Dali.
[Depois de uma notícia lançada no quadro pelo Gus Patere, falando da primeira exibição desse grande filme surrealista. Às vezes, o quadro ameaça virar um simpósio.]
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2
Tomara que a Continental nos ofereça também em DVD, o que já nos deu em caixa preciosa: as obras-primas do cinema surrealista. Entre elas, "O cão andaluz" e "A Idade do Ouro", ambos de Buñuel e Dali.
[Ainda tentando manter o nível, tá?]
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3
Para começar 2003 nadando em glicose, sugiro "Continho de Ternura", em contos . Para pintar com palavras, Milene não apenas gasta a paleta inteira, como lança mão de uma cor desconhecida, o "rosa-perololado".
[Muitos dos leitores de hoje não viram os róseos merengues boiando em meio à sujidade. Aí veio o sinteco novo, as coisas foram melhorando para pior, e cá estamos, não é mesmo?]
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4
Gus, eu tenho uma versão em VHS de "O sangue de um poeta", de Jean Cocteau. A Continental lançou outra caixa com os filmes dadaístas e outra com clássicos do expressionismo.
[Só para dar um toque de classe.]
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5
Duas palavras que eu ainda não tinha encontrado neste quadro : "prenda" e "maragata". Ambas surgem, eis que senão quando, numa feiticeira troca de afagos entre... [Entre quem mesmo?]
[Only a southern song: "Vou-me embora, vou-me embora, prenda minha, tenho muito que fazer".]
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6
Em 01/01/2003, a minha coluna OXOUZINE (Tribuna Impressa de Araraquara) trouxe OLHO DE JAPONÊS, crônica publicada há tempos em crônicas e em contos . Revista, ela pode ser lida agora também em redação .
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7
Ô Dom Kless, mais ainda? Eu aqui dando um upa danado pra não fazer marola!...
[Em resposta ao elegante recado do mui dileto Dom Kless. Foram só duas palavras ("Caga mais."), mas tão duras, tão rudes, tão brutas, que ele mesmo depois houve por bem retirá-las.]
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8
Valeu, Dom Kless, bem o fizeste. Aos poucos, fico sabendo quem são os meus 20 atentos leitores. Acabo de publicar, em teses e monólogos uma miniprovocação: "Um manifesto consumista?"
[Ao ler a dom-klessiana confissão de ter lido o "Uzine (11)". Para não ficar só no fi-lo porque qui-lo, ele explica: "até mesmo por instinto de auto-defesa".]
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9
Alguns recados estão a ver aquelas barraquinhas de festa de igreja. Pra quem se dispõe a arriscar um olho que seja, tem de um tudo. Só espelhinhos, suponho, não têm tido lá muita saída.
[Um aventureiro tornou a publicar esta mensagem, logo em seguida, com correções que só ele julgava oportunas. Fez feio.]
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10
Em "Para o MESTRE Dom Kless", autor que compara a Affonso Romano [para os íntimos], a professora de português e literatura vê superada sua própria "espectativa" [sic] de escrever com a "maestria" desejada.
[O Dom Kless não só saiu em defesa da professora que o mimava, como me chamou de "mestre", assim mesmo, em caixa-baixa, porque me mo(n)stro pequeno e ridículo. Pode?]
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11
Depois da clonagem, ZPA vive a glória de ver plagiado, quase na íntegra, um de seus mimosos recados. O plagiador houve por bem atualizar usos que considera, quiçá, arcaicos. Se é que os não desconhece.
[Ele desconhece as expressões "estão a ver", significando "parecem", e "de um tudo", que já foram de uso bastante corrente em priscas eras. Cf. 9]
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12
MESTRE Kless, sou fiel ao que cito, ainda que, em meio ao desmazelo, meu zelo pareça ridículo. Longe da pequenez que me impinge, queria apenas magnificar o que há de pungente na homenagem, que só faz jus à tua verve.
[Cf. 10]
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13
ERRATA? Na dúvida entre o "que me impinge" e o "que me impinges", ocorreu-me ao espírito que Borges, que era BORGES, achava de incluir erros intencionais em seus escritos, para que não beirassem a desumanidade.
[Não, longe de mim comparar-me ao autor de "El Aleph" e "Ficciones".]
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14
Uma frase bíblica [vou precisar de ERRATA?] ecoa tão longe de mim distante no meu passado me condena de coroinha que os anos não trazem mais: "Quem me dera falar a língua dos anjos e dos homens!"
[Alguém queria saber por que esse cara não escreve em língua de gente.]
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15
Até me lembrei de uma das primeiras do Chico: "Olê olê olê olá, tem samba de sobra, quem quiser sambar, que entre na roda, que mostre o gingado, mas muito cuidado, não vale chorar."
[Essas letrinhas todas coloridas, dançando, pararacando pelo quadro, isso vai me dando uma coisa, sabe? São tantas emoções, e tão baratas, tão capitalismo paraguaio, que sei lá!]
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16
SARA MAGO OLIVER, ou SARA MAGOO, é capaz de versos como: "Saro-te[,] goroto vesgo" ou "Curo-te[,] curió sem asas, do fogo de tuas brasas, no acasalamento covarde, enquanto o corpo teso arde".
[Lampejos de Aulow Randap, como esse "Curo-te, curió", em cruzamento com os minicontos daquele vampiro lá de Curitiba. Fiquei pensando: Será um pseudônimo? Só pode.]
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17
Ô Dri, que papelão, meu! Vai dormir e me larga a sala de bate-papo toda desarrumada desse jeito? Você parece que sei lá! Tem gente muito puta contigo, querendo arrancar os teus catamilhos sem anestesia, cara!
[Ah, esses meninos levados, impossíveis! Aprontam, aprontam, mas no fundo a gente os quer bem! E depois, já teve tanto homem já feito enchendo o site de presunta seriedade, empáfia e arrogância desinformada!]