“Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Então Deus os abençoou e lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a” (Gênesis, 1: 28).
“Ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim podes comer livremente; mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás. Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora que lhe seja idônea.” (Gênesis, 2:16-18).
“Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, comeu, e deu a seu marido, e ele também comeu. ... Deus perguntou-lhe mais: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses? Ao que respondeu o homem: A mulher que me deste por companheira deu-me a árvore, e eu comi. Perguntou o Senhor Deus à mulher: Que é isto que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente enganou-me, e eu comi.” (Gênesis, 3: 6, 11-13).
Este é o conto do pecado original, ou seja, o primeiro pecado cometido pelo primeiro homem. Bem simples: uma cobra seduziu a mulher; a mulher comeu a fruta proibida e a deu ao marido, que também comeu. Mas que fruta foi essa? A maçã? A banana? ou foi outra fruta? Muito deu que falar tal fruta proibida.
Há uma reza católica que diz: “Oh, Maria concebida sem o pecado original, roga por nós que recorremos a vós!”. O que significa isso? Aí está uma das interpretações do que seria o fruto proibido.
Um dos evangelhos apócrifos, ou seja, daqueles que não entraram na coleção do Novo Testamento, diz que Maria, mãe de Jesus, não somente o concebeu sem contato sexual, mas que ela também, filha de um casal bem velhinho, fora concebida sem a necessária relação sexual de seus pais. Para a igreja, a relação sexual seria o pecado original, apresentado figuradamente como fruto de uma árvore. Aí surge uma pergunta: Se Adão não podia comer do fruto de uma árvore, que era a Eva, quais seriam as outras árvores, das quais poderia comer? Seriam as vacas, a cabras e outras mais? Nem pense em zoofilia, pecado digno de morte. Está escrito que a Eva é que foi feita para lhe servir como companheira, assim como as fêmeas de outros animais lhes serviam.
Mas, deixando de lado essas considerações, poderia o contato sexual ser proibido? Vejamos. Está escrito que, após proibir o homem de comer do fruto daquela árvore, sob pena de morte, disse mais o Senhor Deus: “Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora que lhe seja idônea.” (Gênesis, 2:16-18). Então, não poderia ser o que pensaram que fosse. Se o fruto proibido existia antes da criação da mulher, não há como ser esse fruto a relação do homem com a mulher. Não bastando esse pormenor, está escrito que o criador abençoou o casal e disse: “Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a” . O leitor não deve estar pensando que o criador quisesse que os humanos se multiplicassem por cissiparidade como as bactérias. Destarte, a relação sexual seria, não somente permitida, mas necessária. Outrossim, o relato tem mais detalhe inconciliável com a interpretação da igreja: “Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, comeu, e deu a seu marido, e ele também comeu”. Se a mulher “tomou” um fruto e comeu e depois “deu a seu marido”, esse fruto era algo para se comer individualmente. Aqui também não acho que o leitor vá imaginar que a Eva primeiro tenha se masturbado e depois dado para o Adão.
Essa imputação de pecado ao sexo foi inventada pelos hebreus e adotado pelos cristãos, que o agravaram criando essa de fruto proibido. Que inventem outra fruta como pecado, mas não essa que tanto gostamos de comer!