Nos últimos dias, ando escrevendo em reticências, e apenas uma única vez usei ponto final. Não sei se foi proposital, ou inconseqüentemente, mas publiquei somente artigos desnecessários e inúteis, sempre com reticências e um único com ponto final. Acho que foram os precedentes por um desabafo entalado na garganta e um receio aprisionado no fundo do coração. Cansei dos verbos, das vírgulas, dos substantivos, das pontuações, dos adjetivos, dos pronomes, dos advérbios, e das preposições. Queria escrever como nunca alguém jamais escreveu, resolvi então, descrever meu silêncio. Acreditem que não é tarefa fácil descrever o próprio silêncio. Meu silêncio consiste na tristeza de não falar nunca, e na alegria de calar-se profundamente. Pois, se meu silêncio existe, existem também a verborragia e sutileza das palavras descritas e escritas. Quero uma simples opinião de verdade, para catapultar todo meu cinismo para longe dos olhos de quem não escreve. Pois se nos últimos artigos que escrevi, pedi para que não fossem lidos. Neste aqui, peço que leiam-me todos, e leiam a todos os artigos que escrevi, pois, hoje não tenho mais a crítica interior de não publicar nunca mais, e possuo a urgência de escrever o mais que puder para num futuro próximo, deletar todos os artigos, os contos, crônicas, cartas e roteiros que já escrevi. Apagando assim, não só minha existência, mas minha contribuição ao usina. Pois, se existem alguns que de antemão anunciam sua saída do usina, eu anuncio minha falta de saúde mental, e a idéia fixa de aprisionar no limbo todos os roteiros, as cartas, crônicas, contos e artigos que possuir. Pois, se hoje escrevi um artigo sem parágrafos nem idéias fixas, e que me perdoem os otimistas, mas não tinha vontade alguma de revolucionar ou acatar decisões democráticas. Queria estar no limbo, como os artigos e roteiros que escrevi, pois hoje não quis teclar enter e iniciar outro parágrafo, nem mesmo queria usar retências ou ponto final. Se eu pudesse, nem mesmo terminaria este artigo, deixaria-o incompleto e tosco, para que os que não leram. Mas se eu peço encarecidamente que leiam-me, estou mentindo, pois nem mesmo lembro o que escrevi. Sei apenas, que escrevi três reticências e um ponto final, somando quatro, com este aqui são quatro, igual a cinco.