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Artigos-->Não quero mais ser o Denison Borges, ou Diálogo com a bosta -- 01/05/2001 - 01:27 (Bruno Freitas) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
“Puxei a corda da latrina, o cocôzinho estremeceu, deu duas reviravoltas, cumprimentou e desceu.” Não esqueça de levar lembranças a todos, e deixe um endereço ou direção, para assim, nos comunicarmos do outro lado. Sabes que sentirei saudades tuas, sempre fui muito apegado com meus próprios fluidos intestinais. Lembro-me de minha infância, quando tive de aprender a usar o penico, pois não alcançava o assento da privada, e que certos adaptadores, eu já usava como capacetes espaciais, e que tinha então dificuldades em defecar na ausência do vácuo. Jamais pude compreender o funcionamento daquele aparato militar, que eu usava na cabeça, pudesse ter outras funções, a não ser transformar-me em astronauta da noite para o dia. Pois, o penico, era não mais que um capacete de soldado, e que era inferior ao que eu usava sem possibilitar a retirada sem que fosse à força. Pois bem, meu caro, agora que te vejo ali no fundo da fossa, rodopiando num redemoinho e acenando adeus, não acredito que estejas partindo. Sinto-me como um orfão de filho, pois de saber que ele saiu de dentro de mim. Tão bonito e tão cheiroso, tão cedo chegou e tão logo foi partindo.



Assim que entrares no túnel da fossa, prometa-me que não vais chorar, nem olhar para trás. Não vou recriminá-lo se não escrever, vai te embora, pois tem muito que aprender lá fora, mas não olhes para trás. Se voltares um dia, não me procures, pois não mais te receberei. Digo isso, para que possa livremente, seguir teu caminho e fazer tuas próprias escolhas. Não te acanhes se qualquer quem seja, destitua-o de suas faculdades a mostrar-lhe superioridade. Levante a cabeça e siga em frente, atropelando os incautos e arautos da vida que tens pela frente. Aconselho-te como bom camarada, e que a vida te reserve boas recordações de sua breve estada neste mundo. Não quero saber aonde vais, e nem mesmo o que queres fazer. Não te preocupes que a escuridão é sempre passageira, e que depois de tudo, vais vislumbrar um facho de luz no fim do túnel. Siga suas intuições e seus presságios, pois, te servirão como termômetro nos momentos de indecisão. Não esqueça de não escrever, pois, não espero relatos da vida que tens pela frente. Quando lá chegares, seja bondoso com teus semelhantes, e aceite os conselhos amigos, pois, deles sempre terá aprendizado.



Aqui do lado de fora, está tudo bem, mas tudo como sempre foi, nem mais nem menos. A vida, na verdade, é que vai te levando, e você sempre se adapta a qualquer situação. Pois, você bem sabe que quando a gente diz tudo bem, pode não estar tudo bem, mas mesmo assim tudo bem. Por enquanto, eu continuo aqui, onde muitos também continuam. Alguns novos, outros desconhecidos, alguns de sempre, outros de vez em quando, alguns do lado de lá, outros do lado de cá. Mas eu continuo aqui no meio, circulando pelos dois lados, pois já descobri as fendas no arame farpado, as passarelas, os caminhos sinuosos, as passagens secretas, os portais internáuticos, e os passes estudantis da livre circulação. Pois bem ou mal, aprendi a respeitar todos como se fossem irmãos, e agora convivo de livre e espontânea vontade com os sujos, os fedidos, os insanos, os revoltosos, os reacionários, os loucos, os inocentes, os garotos podres, os replicantes, os mulheres negras, os mutantes, os novos e velhos baianos, os bonitos, os incautos e os arautos. E se algum dia encontrares com a Clara Crocodilo, diga-lhe que estou bem, e que apesar de tudo, sobrevivi.



Amanhã, há de ser novo dia, e todo dia novo tem um gostinho de não quero mais, e se bem te conheço vais criar caso antes da saída, entalando na latrina, se esvaindo depois de muito custo, após deixar um rastro marrom pelo caminho. Não te preocupes, era de se esperar, e te asseguro que nem todos vão compreendê-lo. Mas deixe estar, e siga em frente, sem olhar para trás. Não digas nada a nenhum estranho, pois vão perceber-te de fato. Deixe que o fluxo contínuo da vida te mostre o caminho perfeito. Não te acanhes em procurar sem encontrar, pois, a vida é feita de vários obstáculos, e quem não tem persistência em prosseguir fica a desejar um futuro próspero e cada vez mais distante. Pois, te digo aqui e agora, em míseras saudações de útima hora, que se tua partida é de extrema convicção, não hesite em consumá-la. Parta sem remorso algum, e não olhes para trás... “Se é para o bem do povo e a felicidade geral da nação, diga ao povo que fico.”

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