Vivemos numa época em que são poucas as crianças que passam algum tempo fantasiando contos de fadas. Hoje, a realidade sana e feliz tornou-se uma utopia.
Crianças perdem e adolescentes perderam o significado da infância, passam o dia trabalhando em troca de alguns centavos, ou simplesmente vagam pelas praças centrais, sem rumo, sem destino, observam o movimento de um mundo no qual estão à margem. Não podemos julgar, afinal estas não conhecem outra forma de viver, se conhecem é de apenas ouvir falar e nunca sentiram o que podemos chamar de bem estar familiar. Talvez já tiveram a oportunidade de assistir algum filme, onde uma criança acorda com um beijo dos pais, sempre rodeada de carinho e atenção; esta cena representou para elas uma utopia, a demonstração de uma realidade que apesar de ainda existente, nessa situação está como fantasia.
O artigo 227 da Constituição da República Federativa do Brasil deixa claro os direitos da criança e do adolescentes que estão presos aos deveres da tríade: família, sociedade e Estado; cada um dos itens completa e depende do outro, mas seguem uma seqüência, a qual é iniciada com a base dessa difícil caminhada: a família. É esta quem vai começar a escrever nas páginas dessas vidas que estão a surgir. A sociedade e o Estado também devem colaborar, mas acima de todos os deveres os da família, pois estes não são somente movidos à obrigação, neles há também o uso da emoção. Muitas das crianças e adolescentes vivem marginalizados devido a falta deste alicerce, essas vidas estão como um triângulo sem base, não passam de retas mal planejadas, mal traçadas, suspensas na sociedade; apesar de serem “figuras geométricas” como qualquer um, são ignoradas, talvez devido a quem as traçou. Como chegar nesses jovens e explicar o quanto são importantes na sociedade, se nem ao menos conhecem sua importância num pequeno grupo que é a família?
Acolher, abrigar essas crianças e adolescentes é uma das soluções, mas a fundamental encontra-se na base. Hoje, pessoas ainda não conhecem a responsabilidade da formação de um lar, esquecem-se que nesses frutos que estão a nascer, estão também partes do futuro, esquecem-se que são eles (os pais) os maiores professores da vida e que são agentes biológicos e psicológicos ao mesmo tempo. Esta situação só poderá se reverter, quando cada um dos cidadãos entender o que é ambiente familiar; mostrando que no lar, cultura, religião e classe social não podem impedir um dos maiores direitos dessas vidas, que não é o de sobreviver, mas sim o de viver.