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Artigos-->Brandão Filho -- 20/01/2003 - 00:28 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Fui a um desses eventos comunitários qualquer dia do mês de setembro. Promovido pelo Sest-Senat.

Entre tantas atrações, estava lá o pessoal do Tribunal Regional Eleitoral com a urna eletrônica para estimular os eleitores a treinarem para o dia 6 de outubro.

Com o treinamento o trabalho de todos seria mais fácil no dia das eleições do primeiro turno, mas muita gente acabou não treinando e a votação se arrastou no país inteiro.

Mas votei de brincadeira, escolhendo Brandão Filho para presidente da república.

Para quem não sabe, Brandão Filho contracenava com Paulo Gracindo nos tempos áureos do rádio fazendo o primo pobre no programa "Balança mas não cai". Brandão Filho personificava um homem que todos os meses visitava o primo esnobe, incapaz de perceber as necessidades do seu parente, que morava na rua, nunca comia e se vestia com trajes esfarrapados.

O quadro passou para a televisão, sendo exibido durante muitos anos em outros programas. A crítica social presente apontava para a burguesia brasileira, preocupada em adquirir valores que a nivelassem aos padrões europeus de cultura ou aos norte-americanos de consumo, sem prestar atenção a uma massa crescente de pobres esfolados nos morros, favelas e mangues.

Brandão Filho nunca comia nada, vendo o primo rico desperdiçar e dizer que ele era feliz por não ter preocupações como o imposto de renda, os salários dos empregados, greves, trocar de carro todos os anos e outros detalhes que tornavam a vida de um rico quase insuportável.

Paulo Gracindo, interpretando bem o sentimento da maior parte da elite brasileira, alienada e egoísta, sempre terminava rindo da desgraça de Brandão Filho, que se conformava.

Humores à parte, foi assim que durante muito tempo a elite brasileira se comportou com o restante da sociedade, deixando que as desigualdades se acentuassem por todo o país. O resultado veio a longo prazo.

Os pobres honestos continuam conformados como o personagem de Brandão Filho. Mas surgiram as pontas de revolta. Com sua própria ética, códigos políticos confusos e moral apropriada para tempos de guerra.

Foi assim. Nas barbas da burguesia acomodada e cínica. Vieram sequestros, assaltos, mortes.

Deixaram de lado a graça do quadro envolvendo os atores. A morte e o medo tomaram lugar da graça. Mas tudo estava previsto nas piadinhas do rádio e da televisão. Só não percebeu quem não quis.
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