Apreciável número de estudantes e profissionais das mais diferentes áreas comprazem-se, ainda, em enxergar na Contabilidade uma "montanha" irremovível ou um "bicho-de-sete-cabeças" cuja captura deve, segundo sua ótica, ser no mínimo adiada. E aqui e ali se lançam a discursos bem articulados, advogando que suas profissões, presentes ou futuras, não necessitarão do conhecimento contábil para viabilizar-se.
Os "oradores" talvez nem se dêem conta de que essa é uma escapatória nada construtiva, do gênero "as uvas estão verdes", copiada da fábula da raposa. Aquele que nela procura escudar-se, além de enganar apenas a si mesmo, fecha-se voluntariamente contra uma oportunidade de progresso que em boa hora lhe bateu à porta. Cedo ou tarde, ver-se-á cara a cara com a obrigação indeclinável de "desvendar os labirintos" de um Balanço Patrimonial e assimilar a ordem algébrica de uma Demonstração do Resultado do Exercício.
As salas dos cursinhos estão repletas de odontólogos, engenheiros, advogados, jornalistas, enfim, graduados nos mais diversos campos do conhecimento que descobriram, afinal, o que outros ainda resistem em admitir. Aquele alto cargo executivo ou técnico-científico de seus sonhos, e freneticamente desejado por seu Conselho de Família, oferece remuneração compensadora e regular, mas exige que seus aspirantes - a despeito da área de sua formação acadêmica - "administrem" bem o mecanismo do débito e do crédito e saibam "falar" a linguagem das demonstrações financeiras.
O primeiro passo a ser dado no estudo da Contabilidade consiste em se dissiparem as tensões que se formaram em torno dela. Compreendê-la não requer quociente intelectual superior àquele exigido pelas demais ciências. O estudante sincero necessita apenas de decisão e perseverança, com um pouco de humildade, quem sabe? A técnica contábil é literalmente regida por leis. Segue uma lógica acessível a quaisquer mortais, após maior ou menor dose de esforço. E, salvo exceções à conta dos gênios, repetir exercícios ainda é o "comando" mágico para se "acessar" o X da equação patrimonial.
A par dessa instigante realidade, extraída do contato "ao vivo" com o cotidiano do aluno, em toda a autenticidade com que ele se mostra em seus redutos, decidimos buscar novas fronteiras para nossas reflexões. Elaboramos este livro sobretudo por acreditar no efeito multiplicador das operações de somar. Particularmente, quando se trata de acrescer uma contribuição literária à bibliografia existente a serviço da disciplina que se tem a tarefa de ministrar.
Nossa proposta se firma na premissa maior de que a Contabilidade integra a categoria das ciências sociais, e, dessa forma, em tempo algum ousará julgar-se completa ou encerrada. Terá sempre um flanco aberto para novas dúvidas e experimentações.
Este livro - conforme denota seu próprio título - tem caráter introdutório. Destina-se, particularmente, aos iniciantes e é investido dessas preocupações que tratará a matéria. Não lhe move a pretensão de conduzir a disciplina às "últimas conseqüências", pois a meta que se traçou completa-se com as primeiras. Revel, quem saber?, aos cânones academicistas, dispõe-se a contornar clichês e enfrentar, talvez, fantasmas e místicas estabelecidas, mantendo, no entanto, e sempre, uma aposta responsável na fermentação da seara por onde a Contabilidade deve fluir e espalhar-se.
Posto isto, considerem-se todos - estudantes e demais homens de boa vontade - convidados a partilhar conosco as reflexões dos capítulos vindouros. Importante: na analogia CONTABILIDADE/EXISTÊNCIA, cada um de nós é uma ENTIDADE, que tem, no dom da vida, imensurável PATRIMÔNIO. Estudar é um DIREITO, o conhecimento é um BEM (inalienável, por sinal), evoluir é uma OBRIGAÇÃO.
Comecemos, agora, portanto, esse EXERCÍCIO - aqui está O PRINCÍPIO... No fim, após realizarmos as incursões e as interconexões que se sugerem, estaremos todos enriquecidos: - seremos maiores e melhores.
Excerto do 1º capítulo do livro O PRINCÍPIO DA CONTABILIDADE, do autor. (Editora VESTCON - Brasília -DF, tel. 0800..614399).
