O acesso gratuito à Internet é fundamental para incorporar as tecnologias da informação ao cotidiano da sociedade e aprimorar o processo de inclusão digital, principalmente nos países menos desenvolvidos. A opinião é do indiano Soumitra Dutta, membro do Fórum Econômico Mundial (WEF, sigla em inglês) e especialista em tecnologia da informação.
Dutta é o principal organizador do relatório global sobre distribuição e aproveitamento da informática no mundo (The Networked Readiness of Nations 2002-2003) divulgado no final de janeiro em Davos, na Suíça, durante o Fórum Mundial. Em entrevista por telefone, ele afirmou que os provedores de acesso constituem uma ferramenta essencial para a primeira etapa no combate à exclusão digital. "Na minha opinião, os provedores grátis são peças-chave no processo de educação da sociedade em relação ao aproveitamento dos novos meios tecnológicos", destacou.
O Brasil subiu oito posições no ranking mundial da WEF, pulando da 38ª colocação no relatório divulgado do ano passado para a 29ª no relatório atual, e é o líder em inclusão digital entre os países da América Latina. O estudo adota uma escala de 1 a 7, para 82 países, sendo a maior pontuação reflexo do melhor desenvolvimento em termos de tecnologia. Segundo Soumitra Dutta, no contexto da América Latina, o Brasil vai bem. É o que pode ser visto pela primeira posição que ocupa frente aos outros países.
Mas em relação ao ranking global o Brasil ocupa a 29ª posição o que quer dizer que ainda deixa muito a desejar em termos de desenvolvimento. Entretanto, na sua avaliação, sem dúvida nenhuma o e-governo ajudou muito o Brasil a atingir a 29ª posição no ranking, tanto em relação à comparação global quanto comparando com os países latino-americanos. “As políticas têm sido eficientes, mas ainda faltam instrumentos que tragam acesso à população”, destaca.
Ele defende que alguns elementos são importantes para o Brasil continuar combatendo a exclusão digital. “Acho a banda larga essencial para a inclusão digital, mas de nada adianta ter banda larga se não há instrumentos para ter acesso à internet, como computadores, por exemplo”, ressalta. Dutta acredita que seria bom investir na parte plástica da tecnologia. Além disso, ele julga que os provedores grátis são peças-chave no processo de educação da sociedade em relação ao aproveitamento dos novos meios tecnológicos.
“Para mim, existem três etapas no processo de inclusão digital. A primeira é a substituição, quando as pessoas adequam seus meios antigos à tecnologia. Em segundo vem o crescimento desse uso, quanto as pessoas passam a usar mais, e mais, e vêem vantagens em usar a web para fazer compras, por exemplo”, esclarece. Em terceiro lugar, ele aponta a transformação total, quando a sociedade está completamente mergulhada nas tecnologias virtuais. “E os provedores gratuitos são fundamentais nessa primeira etapa de substituição e conscientização da sociedade para a informatização”, garante.