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Artigos-->O poderoso chefão -- 14/02/2003 - 01:24 (Fernando Jasper) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O melhor filme de máfia da história (talvez o único concorrente à altura seja a parte II da trilogia) dá já no início uma idéia do que era o poder de Don Vito Corleone. A primeira cena é um lentíssimo zoom-out de costas para o chefão, que ouve por um bom tempo o pedido de um conhecido seu que quer justiça contra os que maltrataram sua filha. Don Vito ouve pacientemente até que, mais lentamente ainda, se recusa a prestar o favor, alegando que o conhecido não estava ali pedindo sua amizade, mas sim pedindo justiça a um suposto assassino. Assim como todo o restante do filme – e da trilogia – o fundo psicológico está presente, analisando também toda a ideologia e a honra que permeiam o mundo das famílias da máfia.



E parece que não existiu ninguém melhor e mais rabugento no mundo que Marlon Brando para interpretar o papel. Sua voz rouca, juram alguns, foi facilitada pelas bolas de papel higiênico que Brando teria colocado na boca para falar.



Após resignar-se a pedir a amizade do chefão, o conhecido se vê mais aliviado ao saber que a justiça será feita. E Don Vito sai de seu “gabinete” e vai para fora da casa, onde está acontecendo a festa do casamento de sua filha. As idas e voltas de Don Vito ao seu gabinete durante a interminável festa são um reflexo do que será o resto do filme: um homem eternamente dividido entre o amor pela família e seus “negócios”. Escolha difícil, afinal, como mostra o filme, no mundo da máfia nem sempre matar um filho do rival significa ódio, e sim, uma maneira de facilitar os futuros negócios.



Se Michael era o único filho que se mantinha “limpo”, longe e com aversão pela maneira “suja” que o pai e os irmãos enriquecem, é surpreendentemente ele quem tomará a frente da “família” quando o pai for baleado por uma família adversária que procurava uma parceria no então novo e atraente narcotráfico. Segundo a honra de Vito Corleone, as drogas não são algo interessante que o Estado proíbe ao homem e que a máfia lhe proporciona – como era, na visão do chefão, o caso dos casinos que ele mantinha. Não eram, portanto, dignas de ser negociadas pela sua família.



O poder estará definitivamente nas mãos de Michael quando o pai morrer, e sua vingança será mais sangrenta do que jamais foi qualquer ação da família. Uma das cenas finais do filme, quando Mike acompanha o batizado de seu afilhado, filho de sua irmã, retrata bem isso. Enquanto, na Igreja, Mike repete que crê em Deus, seus capangas matam, um por um, todos aqueles que, na visão do novo chefão, atrapalharam ou irão atrapalhar seus negócios. Como no livro, alguns instantes de cenas do batizado são entrecortadas por cada um dos assassinatos, criando uma interessantíssima seqüência que só reforça a ambigüidade e a mentira que predominam quando se trata de honra e, especialmente, negócios.



A última cena retoma a eterna e tênue linha que separa a família da máfia: Michael jura para a mulher que não mandou matar o cunhado (pai de seu afilhado) mas logo após é beijado na mão pelos que o reconhecem como “o novo chefão”. A porta se fecha, e sua mulher logo concluirá que a vida será – ou continuará sendo – um inferno dali para diante. Assim como boa parte de O poderoso chefão, seu desfecho reforça o poder da família mas dá um singelo sinal de que a decadência é uma mera questão de tempo.



O filme impressiona pela beleza e minucioso estudo da fotografia, das cenas e de suas seqüências. Embora não tão explorado quanto nas partes II e III, um recurso bastante interessante ilustra o poder e, ao mesmo tempo, o isolamento que ele causa: à medida em que a câmera se afasta de Mike, vai mostrando o aumento de seu poder, seu isolamento e, embora no início pouco perceptível, seu desencantamento. Quem assistir à magnífica parte II e, para dizer só uma cena, o final da parte III, poderá comprová-lo.



É extremamente longo e cansativo para aquele que não se propôr a assisti-lo e estiver disposto a compreender não só como funciona a máfia, mas como é a sua mistura com a própria família mafiosa, talvez personagem principal de toda a trilogia O poderoso chefão, uma das melhores sagas da história do cinema. É um filme que se propôs ser grandioso, metódico e detalhista, assim como o personagem Don Vito Corleone. E conseguiu.

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