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Artigos-->2001: Uma Odisséia no Espaço -- 14/02/2003 - 01:28 (Fernando Jasper) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Assim como mil caracteres é muito pouco, “magnífico” é uma palavra simples demais para definir 2001. De simples no filme, apenas o enredo, que na essência descreve uma etapa da saga do homem no universo. Mas, sendo Kubrick o diretor, a trama se transforma num esplêndido passeio pela evolução humana. A melhor ficção científica da história, lançada em 1968, um ano antes do homem pisar na lua.

Três anos para produzir verdadeiras danças de estações espaciais ao som de valsas de Strauss. Hoje, dezenas de computadores fazem isso em um décimo do tempo. Mas conseguem fazer, no máximo, o mesmo que Kubrick conseguiu há 32 anos.



A interminável seqüência inicial é um tanto quanto saborosa. A minuciosa escolha das cenas e de sua montagem, acompanhadas por Assim falou Zarathustra, também de Strauss, faz com que o espectador suporte perfeitamente bem quase meia hora de filme sem um único diálogo. Não só suporta como, no fundo, gostaria que a seqüência continuasse.



Não é para quem gosta de ação pura e simples (aliás, ação é a última coisa a ser procurada no filme). Mas quem sabe assisti-lo pode apreciar cada instante, literalmente hipnotizado. E agradece a Kubrick por seu incorrigível perfeccionismo. Afinal, se o filme parece lento, é porque assim o homem caminha no espaço. Ou melhor, dança.



Desde o início, 2001 permite inúmeras interpretações. O monolito negro, que atrai os macacos, os homens no espaço e, no final, antecede o que seria a evolução do homem (ao menos na minha interpretação), parece ser muito mais um marco de cada etapa do que propriamente algo para ser entendido. De qualquer forma, ele sempre causa um fascínio e uma atração indescritíveis, tanto nos macacos quanto nos homens, que não resistem em tocá-lo. O que sugere que, a cada vez que o tocam, experimentam uma sensação maravilhosa.



O segundo ato é marcado pelo “vilão” HAL, computador quase humano representado unicamente por uma luz vermelha. E que trava com Dave um diálogo (na verdade, praticamente um monólogo de HAL) inesquecível, que lembra o de um casal brigado que tenta reatar suas relações. É o confronto do homem com o “ser” que ele mesmo criou, antecipado por Kubrick e Arthur Clarke, que co-assina o roteiro e que escreveu, ao mesmo tempo, o livro “The Sentinel”, livro-base da trama.



O ato final, quando o astronauta Dave entra na órbita de Júpiter, é o mais interpretativo de todos. Uma viagem sobre paisagens multicoloridas, algo muito próximo do que seria uma “viagem” provocada pelo LSD (um dos símbolos dos anos 60) – seqüência que, mais do que nunca, exige uma verdadeira “viagem” do espectador para entendê-la e formular quaisquer tentativas de explicação.

Tal viagem antecede o encontro de Dave com ele mesmo, anos mais velho. E o encontro desse Dave mais velho com um Dave mais velho ainda, às portas da morte. E esse Dave moribundo é o último personagem a tentar tocar o monolito negro (ele, de novo). Eis que então, surge um feto, o último elemento do filme a dançar no espaço. Um feto não humano, mas provavelmente “pós-humano”.



É neste ponto que até a música Assim falou Zarathustra se justifica. É o mesmo nome do livro onde Nietsche fala que “o homem é uma corda estendida entre o animal e o além-do-homem”. E em 2001 os três se fazem presentes: o animal, no primeiro ato. O homem, no segundo. E o além-do-homem, no final. Unidos, simbolicamente, pelo enigmático monolito negro.



Se fazer algo assim é hollywoodiano, Kubrick tornou o hollywoodiano algo muito bom.

Impossível (e infame) tentar descrever 2001 no limite de mil caracteres. Isto nem as dezenas de milhares de sites da Internet dedicados ao filme conseguem. Considerá-lo perfeito, apesar do perfeccionismo de Kubrick, soa extremamente pretensioso e ousado. Que se ouse, então.

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