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Artigos-->O Pasquim da Usina (Semanário) -- 18/02/2003 - 20:18 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
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* Torre da Guia *

O PASQUIM DA USINA



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O que é o "Pasquim da Usina"?



Em primeiro lugar e essencialmente é uma iniciativa voluntária que, como todas que qualquer indivíduo em consciência tome, tem um "em nome de", mas que desde já sem hesitação se revela: insistir, persistir e provar que a união sincera, ao serviço de qualquer actividade que seja, produz obra positiva e satisfatória para todos quantos nela participem.



Depois, tratará de abordar satíricamente os diversos parâmetros da Usina que mereçam reparo e que os colaboradores "pasquins" porventura considerem ser de esmiuçar e de expor com maior relevância, impondo-se e lutando tanto quanto possível sobre as habilidades dos "clicantes" gratuítos que tentam confundir o colectivo da Usina e fraudalizar a boa fé dos que não conhecem as subreptícias estratégias de alguns campeões da inversão dos valores humanos e de seu consequente mérito.



Em breve terei oportunidade de expor a estrutura global do "Pasquim da Usina", espécie de provedor crítico e do qual com esta apresentação aqui deixo desde já um brevíssimo cheirinho.



Hoje, se o poeta António Aleixo fosse vivo, prefaria exactamente nesta data 104 anos. Deste enorme vate todo-povo, que mal sabia escrever e de quem os brasileiros também mal ou nada conhecem, eis aqui uma curta biografia e algumas das preciosas pérolas versejadas de sua autoria que felizmente e em boa hora nos legou.



BREVE BIOGRAFIA




António Aleixo (1899-1949)


Este excelente poeta algarvio teve vários ofícios e passou à história literária sem ter escrito livros. Quase analfabeto, transmitia oralmente versos que o confirmam como o grande poeta popular que Portugal teve no século XX. O seu poder de observação e crítica, em termos frequentemente lapidares, o seu sentido do ritmo e da rima (até o título que capeia a recolha de suas quadras "Este Livro Que Vos Deixo" rima com o nome do autor, extraído da sua quadra-testamento), a sabedoria que perpassa as suas meditações e improvisações , toda essa panóplia de qualidade poética, valeram-lhe o apoio de amigos nas poucas edições particulares que conseguiu em vida.



Falecido em 1949, só a partir da década de 60 a sua obra teria divulgação nacional. A morte terá sido sem dúvida o melhor trevo da sorte que a vida lhe proporcionou, já que o seu percurso existencial foi deveras infeliz e penoso.

António Aleixo, embora soubesse escrever, possuía apenas escassos e rudimentares conhecimentos de ortografia. Consciente das suas limitações, andava pelas feiras dedilhando uma guitarra, cantando, não só porque lhe dava prazer, mas porque para tal era ávidamente solicitado.



A cultura adquire-se nas escolas e nos livros. A sensibilidade é inerente e exclusiva dos seres humanos e varia de indivíduo para indivíduo, nada devendo à instrução que se adquire através dos estudos, como muita gente erradamente presume.



António Aleixo começou por ser guardador de cabras. Depois soldado e também polícia. Aleixo foi pobre... Mas não de espirito! Carenciado e aflito económicamente sim, mas nunca ladrão, e como muitos milhares de outros resolveu emigrar para França em busca de melhores dias. Cansado de estrangeirismos e sem os resultados que julgava poder colher, voltou para o sol de Portugal que, embora belo e rico, não lhe deu melhor fortuna. Aleixo deambulou de rua em rua a apregoar e a oferecer a "sorte grande" aos outros.



Quanto à poesia de António Aleixo, houve, há e haverá quem afirme que não tem interesse, porque quase toda a sua produção poética se confina a quadras e entre nós a quadra, sobretudo a de metros curtos, é tida como uma forma de expressão poética menor (a léria dos snobs!), e isso talvez com a ideia de que quem quer faz uma quadra.



Porém, não é assim. Teve-se o ensejo de verificar, aquando da elaboração de "Livros de Curso", que universitários finalistas não eram capazes de fazer uma quadra. Além disso, há quadras e quadras…



No Brasil, há já, pelo contrário, grande interesse pela quadra, a que dão, a meu ver impropriamente, o nome de trova. A explicação advém certamente de ter sido a quadra uma das estâncias favoritas dos trovadores.



A quadra em redondilha-maior tornou-se assim num rio onde Aleixo se sentia como peixe em ambiente próprio. Acresce ainda que, apesar de ser um poeta popular, as suas quadras têm um bom cunho literário. Nunca lhe faltam 4 rimas, cruzadas ou interpoladas, e são foneticamente esmeradas. Despreza a rima soante e é verdadeiro malabarista de verbos, trabalhando em trocadilhos de extraordinário efeito. Constate-se o magnífico pendor do poeta para a quadra de crítica social.



Historial




A vida é uma ribeira...

Caí nela... Infelizmente...

E hoje vou queira ou não queira

Aos trambolhões na corrente!



Sei que pareço um ladrão

Mas há muitos que conheço

Que não parecendo o que são

São aquilo que eu pareço!



Uma mosca sem valor

Pousa c"o a mesma alegria

Na careca dum doutor

Como em qualquer porcaria!



Para não fazeres ofensas

E teres dias mais felizes

Não digas tudo que pensas

Mas pensa tudo que dizes!



António Aleixo


Em vida meteste dó

Perseguido pela história

E hoje que estás no pó

Empolam-te com glória.



Alguns vivos são escória

Que pelos mortos s"elevam

Em coiotes que se cevam

Sobre os ossos da memória!


Torre da Guia
DR-SPA-1.1453
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