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Artigos-->Quando conheci você, bastava uma fogueira -- 27/02/2003 - 18:34 (BRUNO CALIL FONSECA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Marketing Ambiental



Quando conheci você, bastava uma fogueira.



Por Céu D Elia*



Eu contava de como ele enfrentou o monstro com uma faca e um amuleto. E você, arregalava os olhos que brilhavam medo, lâmina e heroísmo. E depois, corria para colher nos campos ( que eram dourados ) lascas que se transformavam em armas e talismãs.



Hoje, eu não sei mais quem sou e nem o que tenho para contar. E você...



Você precisa de home theater, cd com a trilha sonora, game baseado na história, coleção de miniaturas em pvc, camiseta, boné, álbum de figurinhas, efeitos especiais e o dinossauro articulado. E o que mais mesmo?



É fácil supor que o prazer infantil de ouvir histórias seja velho como o mundo. E que as histórias ouvidas e imaginadas sejam o embrião do lúdico. E daí venham os códigos de comportamento, sonhos e objetivos para a vida. Ora...



Os estúdios Disney, por exemplo; Para cada filme dirigido ao público infantil que colocam no mercado, lançam de 200 a 400 brinquedos e produtos associados aos personagens desse mesmo filme. Além do ingresso de cinema, o VHS ou o DVD, temos trilha sonora, toalhas de banho, jogos, bonequinho, boneco maior, boneco equipado, etc, etc, etc.



As histórias preenchem de alguma forma milenares anseios humanos. A catarse provocada por elas nos pequenos é uma pouco conhecida e poderosa mola propulsora de pensamentos e desejos. Se um dia, pintar no corpo as cores e pendurar no pescoço as conchas, nos deu a identidade de nossos heróis, hoje a criança é estimulada a desejar consumir. O consumo preenche a personalidade. Tenho por que sou. Sou o que tenho.



Também é fácil supor que cresçam carregando esse desejo de identificação e consumo. Na mídia estão os heróis, entre Batmans e Meninas Superpoderosas, e na mídia continuam os heróis, entre Giseles, Ronaldinhos e Bills Gates. SER a MARCA, COMER A MARCA, POSSUIR a MARCA. Entretanto...



Estamos marcados como a sociedade que aportou no século XXI na emergência de uma crise ambiental. A extinção de espécies, a contaminação do ar e da água, o efeito estufa, NÃO são a crise ambiental. São apenas seus indicadores. A crise ambiental é a nossa crise. De valores, relacionamento, identidade e conhecimento. E a ponta de lança do nosso comportamento em cheque é o consumo inconseqüente que coloca o planeta em risco.



Caminhamos aceleradamente para uma crise de recursos. O modelo consumista é materialmente insustentável. Já contribui para que existam jovens bem alimentados que roubam ou se prostituem para ter como comprar roupas de grife. Algo está podre e os produtores de comunicação de massa para crianças precisam estar conscientes disso.

Além disso, não bastasse o estímulo ao consumo voraz, boa parte dos produtos vendidos é eco-suja. Ou seja: poluem na fabricação e não são recicláveis. Em outras palavras, as crianças não só são estimuladas a adotar um comportamento insustentável, mas já estão contribuindo para o agravamento da crise que enfrentarão adultos.



À imensa maioria, que partilha do mesmo desejo, mas não alcança condições de desfrutar do paraíso do consumo, resta a frustração. E talvez, com sorte, garantir o feijão com um emprego na indústria que alimenta o processo.



Ter consciência desse fenômeno é a chave de muitas decisões. A escola é um dos locais mais adequados para se trabalhar essa compreensão, mas para isso os educadores precisam rever o que entendem como educação ambiental e como estão incluindo a si próprios e a sua instituição no fórum social. Precisamos de brinquedos e outros produtos infantis eco-eficientes. De uma indústria da comunicação responsável e que aprenda a reverter benefícios para a conservação ambiental e a responsabilidade social. E principalmente precisamos de novas velhas histórias. Com olho no Espírito Desperto e não apenas no licenciamento de marcas e personagens.







Agora sei o que tenho para contar para você: Quando conheci você, bastava uma fogueira...







Ñande Ru Tenonde yvy rupa ogueroroñe’e ypy i va’ekue ogueroroñe’e upy i va’ekue, yrypa i, ãkyrã pytã i.

Yrypa yua eime ñande Ru yva rokáre: a’anga i te maygy opyta va’e yvy rupáre.





O primeiro ser que cantou um canto de cura na morada terrena de nosso Primeiro Pai foi a pequena cigarra.





A cigarra original está lá no paraíso de nosso Pai: É somente uma sua imagem que ficou nesta morada terrena



(Mbya-Guarani )

Céu D Ellia* é cineasta e designer de animação. Desenvolve materiais de conscientização ambiental a partir de um conjunto de princípios que elaborou e que recebeu o prêmio internacional "Hopes for the Future" da IUAPPA. Criador, entre outros, do Yandú de Mãmãmbugé e da Anna Banana. Professor convidado da USP-ECA. Entre seus trabalhos, o premiado curta metragem "Adeus", o documentário "Expedição Yandú e participações em produções da AV-Imageneering e Dreamworks. email: ceuecigarra@terra.com.br



A coleção ecológica para crianças e adultos "Água, Biodiversidade e Equilíbrio", criada por Céu, pode ser conhecida através do site www.ailhadoceu.com.br



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