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Artigos-->Para lá... E para cá... -- 01/03/2003 - 16:10 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Ora, como o pessoal está articulando muito certinho, remédio melhor não tenho do que empurrar pé dentro de fila e seguir bailando ao mesmo ritmo.



A aragem desliza gostosa e todo eu me imagino "viniciando" uma modinha em roufenha melodia à ilharga de Toquinho. E vou...



Vou pedindo erva verde

Com florzinha amarela

A sorrir nas costas dela

Para lá e para cá...

Para lá e para cá...

Como o vento

Como o tempo

Com o cheirinho de alento

Para morrer sem saber!




Cheira-me a feijão fervendo em panela de ferro negro-negro sobre chama lambendo o bordo como que a provar se está bom de sal. A orelheira aguarda brilhante, polvilhada de alho e louro, o mergulho exacto na imolação borbulhante.



Um neguinho de olhar amêndoado dâ-me bençãos de infância, muito lisinho de rosto, cabeça de pérola azeviche a pedir festinha de mão plena de pecado que anda saudosa de pureza sem dúvida.



E vou... Buraco a buraco, calçada abaixo, levado pelo ouvido cofiado na direcção da zabumba, soerguido como sardinha que fosse à tona do cabaz buscar, pelas pontas de dedos morenos, a brasa viva da vida até à salvação num céu de boca a pedir mais delícia paradisíaca ainda...



Vou... E não quero mais nada do que estar aonde estou e ir indo... Ir indo sem saber para onde vou e de vez deixar este resto de carga que me ensombra e assombra a vontade de viver.



Ah... Não levo máscara... Já não preciso... Já não tenho nada para esconder... E se vou ainda vestido é porque os outros não querem que vá nu... Tal e qual como esplêndidamente cheguei a esta incrível barafunda onde sigo bailando...



Para lá... E para cá...

Para lá... E para cá...



E manifesto-me, muito antes de Cristo, numa eventual saturnália, ao deus dos supremos bacanais em via pública, também ainda aquém de Sodoma e Gomorra, antes um milénio dos censores que queriam salvar o mundo e apontavam aos irmãos o planeta do bem estar... Enfim, como a cambada que aqui está agora a meu lado a banhar-se na saliva da avidez e na quarta feira me imporá em silêncio a morte à sede... O sacrifício de me negar ao que quero...



Para lá... E para cá...

Para lá... E para cá...



Até que finalmente me dessedente... Me descarne... Tic... Toc... Tic... Toc...







Torre da Guia

DR-SPA-1.4153
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