A mesa diretora da Câmara Federal, reunida sob a presidência do Sr. João Paulo Cunha - petista ferrenho - resolveu debochar, mais uma vez, do povo brasileiro. Decidiram os “legítimos” representantes do povo aprovar mais um aumento de 40% na verba de gabinete a que dizem ter direito (constitucional). De 25.000 mil reais elevaram para 35.000. Suponhamos que em cada gabinete caibam 10 funcionários, o que não acredito, é pouco espaço para tanta gente, cada um embolsará 3.500 reais por mês. Um excepcional salário nos dias de hoje. É bom anotar que os “ilustres” senadores da República também tomarão as mesmas medidas. Já declarou o senador gaúcho - também petista - Paulo Paim, que vem batalhando por um salário mínimo um “pouquinho” melhor, distante muitos anos/luz do que ele percebe como, agora, senador.
O que revolta é o indiferentismo dos senhores congressistas pelas conveniências sociais e pela moral, avalizado pelos colegas petistas, esses que, como norma em campanha eleitoral, combatiam ferreamente as orgias financeiras praticadas em outras gestões governamentais. Chegamos, assim, à conclusão que em política é o jogo de sempre, mudam-se as moscas, mas o esterco (para não usar um termo chula) é o mesmo.
Os servidores públicos, como outras classes assalariadas, enfrentaram oito anos de opressão da política financeira do sr. Fernando Henrique, comandada pela taumaturgia do sr. Pedro Malan, que não tinha outro coelho na sua cartola de mágico, senão o seu desprezo às reivindicações por melhores salários dos trabalhadores. E agora, comungando na mesma cartilha, está outro “mago” das finanças – o sr. Antônio Palocci, saído da escuridão, para “salvar a pátria”. Mas a “varinha-de-condão”, que fazia milagres nas estórias da carochinha, ainda não deu sinais positivos na mão do sr. ministro da Fazenda, confirmando as aclamações do sr. Luís Inácio Lula da Silva nos palanques de sua campanha eleitoral.
Nada se modificou até agora, passados dois meses de autoridade petista. O aumento dos juros, combatido ferozmente por Lula, continua na mesma escalada “malanista”. Os combustíveis já subiram várias vezes nesses sessenta dias do novo governo. Agora, então, o sr. Palocci está com a faca e o queijo na mão para isso. A possível guerra dos EE.UU. com o Iraque é motivo de sobra para os aumentos constantes da gasolina. Avalie quando a guerra louca do sr. Bush estourar... E o álcool, que não vem das jazidas petrolíferas dos países do Golfo Pérsico?
Os servidores públicos, massacrados por FHC, apresentaram esta semana ao governo uma proposta de melhoria salarial de 46%, rejeitada, de pronto, pelo ministro do Planejamento, sr. Mantega - outro devotado companheiro de lutas do PT. Como um verdadeiro deboche, o ilustre ministro disse aos sindicalistas da classe que o governo não irá além de 4%, é bom que se escreva: quatro por cento, na pretensão daqueles servidores.
Mesmo assim, ainda estou dando um crédito de confiança de um ano nesse governo petista. Se até lá o Fome Zero tiver resolvido, pelo menos, 50% da miséria no Brasil, dando - não três refeições diárias, que seria um milagre – uma refeição completa (carne, feijão, arroz e farinha) aos necessitados do Nordeste e das periferias dos grandes centros, já seria alguma coisa para se aplaudir o governo do sr. Luís Inácio Lula da Silva. E mais. Se os juros escorchantes, que atravancam a produção e, conseqüentemente, a exportação, não sejam mais apontados como os mais elevados do mundo, estarei entre os que confiaram no PT, porque sabiam também da decisão de Lula em cobrar mais tributos dos poderosos, punindo os sonegadores, e aliviando a alíquota do imposto de renda da classe média.
O Partido dos Trabalhadores, possivelmente, elegeria, para um segundo mandato o presidente Lula, que completaria a sua obra de renovação nacional, se é que assim está decidido, transformando também esse maldito imposto sobre o cheque (CPMF), já que está praticamente transformado em Lei, em benefício – exclusivo – da Saúde, como era o seu objetivo inicial.
São quatro anos apenas para que o “milagre” aconteça; para que um novo Brasil se imponha como nação líder na América Latina, como foi proclamado nas promessas eleitoreiras. Se o governo Lula entusiasmar-se apenas pela façanha - depois de tantos anos de luta - de ter chegado onde chegou, dando autógrafos, sorrisos e dedo polegar em riste, em sinal de positivo, sem cumprir algumas das metas prometidas, como a reforma da Previdência e a reforma tributária, não teremos mais alternativas. Já experimentamos todos os tipos de governantes neste país, desde imperadores, militares, ditadores, juristas, professores, escritores e até sociólogo. E o Brasil ainda não teve jeito.