Professora Especialista da Faculdade de Alagoas/Maceió/Brasil
Eu posso perguntar qual a sua profissão? Você certamente poderá ser um professor universitário.
Em nossa sociedade, o que está dando mais status é o adjetivo que acompanha sua profissão. Na área da saúde, por exemplo, há médico obstetra, ginecologista, mastologista; na área das humanas temos administrador em Marketing, Recursos Humanos; em Direito, advogado criminalista, e na educação nós temos professor. De quê? pergunto eu – fundamental, médio ou universitário? Posso assegurar que quem se gradua em licenciatura não está muito preocupado com sua adjetivação.
Os profissionais liberais destas áreas podem entrar numa sala de aula e começar a lecionar, porém nós, professores, não podemos exercer tais profissões. Por quê? Não fomos formados para ser médicos, nem engenheiros, nem dentistas, nem advogados, fomos formados para sermos simplesmente PROFESSORES.
O que está em questão não é o trabalho destes profissionais na educação superior, mas sua formação didática e metodológica. Muitos destes profissionais professores dominam sua especialidade, entretanto, estão completamente despreparados e desconhecem o processo ensino-aprendizagem de forma científica e pedagógica. Assim acreditam serem auto-suficientes no processo de ensino e na metodologia aplicada em sala, contudo, numa sala de aula, encontramos alunos que já são profissionais e sabem o que é um bom professor, sua linguagem, só não definem, na sua amplitude o que seja didática.
As novas exigências da política educacional superior cobram que as IES dêem preferência a professores com titulação, que repassam os conhecimentos de suas áreas especificas. Todavia, não desmerecendo sua formação, esses profissionais desenvolveram seus conhecimentos acadêmicos em modelos técnicos, e desenvolveram habilidades de pesquisa na sua área, sem se preocuparem com a metodologia de ensino.
Nos cursos de doutorado e mestrado deveria haver disciplinas específicas, voltadas para a prática pedagógica, tais como metodologia e didática. Isso facilitaria o profissional para ensinar nas universidades.
Muitos destes profissionais liberais são excelentes em sua área, contudo deixam a desejar quando se tornam professores. As defasagens na abordagem metodológicas e didáticas os transformam em vilões, e fazem com que a clientela das faculdades acredite que ensinar é reproduzir conceitos já estabelecidos.
Devemos, hoje, valorizar a didática, que é imprescindível na prática da docência superior. Muitos desses novos profissionais professores têm apenas uma idéia do que seja ensinar. Eles se espelham em mestres durante seu período de graduação, e os repetem.
Precisamos aprender a ensinar para nos tornarmos verdadeiros professores. Para isso são necessárias abertura, flexibilidade e coragem para enfrentar os desafios de uma sala de aula. Geralmente, recebemos apenas informações administrativas, projetos prontos e conteúdos definidos. O ponto de partida para se tornar um bom professor será analisar seu próprio desempenho em sala (suas limitações, sua prática pedagógica, o desafio de aceitar críticas que permite uma auto-análise), sua clientela, sua participação em atividades interdisciplinares (porque, na verdade, não há conteúdos descontextualizados, isolados em sua aplicação), sua abordagem pedagógica, sua comunicação com os seus alunos, seu bom senso, além da criatividade diante dos desafios que é ser professor universitário. Afinal, não há quem saiba tudo e que não possa aprender um pouco mais trocando experiências.
Analisando-se, você irá se reconhecer como professor ou o vilão... Daí a importância de pesquisar sobre o ensino e a formação dos professores. Para ser um professor universitário, precisamos antes de tudo ser professor, buscar preparação adequada, e saber trabalhar com o projeto pedagógico institucional, além de valorizar os aspectos pessoal e relacional do aluno. Só assim, poderemos ser verdadeiros professores.