POR FALAR EM NIETZSCHE
Há aqui na Usina um colega que usa o pseudômino de “Discípulo de Zaratustra”. Não resta a menor dúvida que o referido colega, na realidade, esta dizendo “Discípulo de Nietzsche”. Também sou admirador de Nietzsche – apesar de não compreende-lo muito. E pelo que vi o colega publicar até agora, ele segue fielmente o pensamento do mestre. Mas não é sobre isso que desejo comentar.
Prefiro falar do mestre Nietzsche.
Até hoje Nietzsche ainda é muito incompreendido. Não é de admirar, pois foi sempre assim. E quando aqueles que não o compreendeu se apossou de seu pensamento, este foi usado de forma distorcida e para fins particulares. O caso mais conhecido foi o uso de sua obra pelo nazismo.
O pensamento de Nietzsche ainda é fonte de inúmeros estudos e pesquisas. Existem em todo o mundo centros específicos no estudo de seus textos. Mas este grande filósofo é mais conhecido por interpretações errôneas sobre seu pensamento com relação à mulher, à democracia, à guerra e a aversão ao cristianismo do que sua importância no campo da moral e no estudo dos pré-socráticos e do teatro helênico.
Para quem conhece um pouco de Nietzsche, sabe o quanto ela admirava a espontaneidade e coragem dos gregos em oposição à modernidade, o quanto ele admirava aristocracia à república, o quanto e sentia repulsa pelo cristianismo e o quanto criticava seu próprio povo. Mas se não conhece o pensamento desse homem e os motivos que o levaram a pensar dessa forma, não se pode compreende-lo.
O pensamento de Nietzsche está todo baseado na idéia de que o mundo é um caos, o homem é mal por natureza, o mundo vive um estado de decadência por causa das religiões monoteístas – principalmente o cristianismo que domesticou o homem-, de que existem aqueles que são predestinados a serem governantes e uma maioria governada: teoria do super-homem, e de que, devido à infinidade do mundo, as mesmas situações podem se repetir: teoria do eterno retorno.
Quanto à guerra, o pensamento nietzschiniano remete aos troianos. Ele nos diz que o homem é um ser guerreiro por natureza e deseja a todo instante a luta. Por isso a paz é algo impossível de se alcançar. Ele no diz também que é da guerra que surgem os grandes homens, aqueles especiais, com condições de dominar e governar a maioria. A esses homens ele os chama de super-homens.
Não se deve esquecer que Nietzsche foi muito influenciado pelo seu tempo – século XIX – e o mundo era muito diferente de hoje. Mas algumas de suas previsões com relação ao futuro vieram a se concretizar, como os do nazismo e do socialismo. Ele também antecipou muito do que seria confirmado pela psicanálise.
Apesar de fazerem mais de 100 de sua morte, Nietzsche ainda continua atual. Seu pensamento nos faz refletir sobre o instante em que estamos vivendo. Não é uma tarefa fácil lê-lo, mas vale a pena.
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