A senhora Allan encontrava-se conversando com o reverendo Patterson à porta da igreja, quando “viu” passar, a seu lado, o sacristão, que a fitava. A senhora Allan sabendo perfeitamente que o sacristão estava doente e internado no hospital, conteve o impulso de falar-lhe, porque, por força, teria que tratar-se de uma alucinação. “O pobre deve ter morrido”, foi seu imediato pensamento... Mas, afortunadamente, a senhora Allan não acertou: poucas semanas depois, o sacristão, completamente restabelecido, estava de volta ao seu trabalho.
Seria precipitado explicar o caso por bilocação do próprio sacristão. Há outra explicação mais lógica e mais comum: o sacristão “influi” por sugestão telepática na vidente e esta projeta alucinatoriamente a mensagem captada (“Projeção da ESP”, tecnicamente).
Sabemos que a senhora Allan conhecedora da doença do sacristão temeu pela sua vida ao “vê-lo” e que, desde esse momento, ele ainda precisou de mais algumas semanas para se reintegrar ao seu serviço. Esses estados alterados de consciência são os mais favoráveis para a aparição de fenômenos parapsicológicos. É bem lógico (e, aliás, se corroborou posteriormente) que o sacristão estivesse pensando em “sua” igreja enquanto estava recuperando-se no hospital.
Essa telebulia, ou desejo, foi captada na “sua” igreja como efeito da sugestão telepática, diretamente pela senhora Allan (era grande amigo dela e de seu marido). A mensagem recebida foi, a seguir, exteriorizada, “vista” de dentro para fora, com a projeção do sacristão.
Este caso, além do mais, oferece uma característica bastante curiosa que lhe faz entrar em outro grupo de acontecimentos. Referimo-nos ao fato de ter acontecido junto a uma igreja. São muito freqüentes as experiências deste tipo que acontecem em edifícios religiosos. Em tais lugares de calma, meditação e oração, a pessoa sente essa tranqüilidade de espírito que a aproxima de um ligeiro estado de abstração, de “mente em branco”, no que facilita consideravelmente a aparição deste tipo de fenômeno do inconsciente.
É interessante fazer notar que casos como estes de aparições de seres vivos é uma refutação implícita da “explicação” espírita: o fenômeno não se deve aos mortos... São adivinhações e projeções dos percipientes.
Ou seja, são fenômenos que o próprio subconsciente produz, sendo, então, objeto de explicação parapsicológica, e não fenômenos causados pela ação dos “espíritos dos mortos”, “almas do outro mundo” e outras explicações afins.
Por Luiz Roberto Turatti, aluno do Centro Latino-Americano de Parapsicologia, CLAP (www.clap.org.br), dirigido pelo Prof. Dr. Padre Oscar González-Quevedo, S.J.
Esse artigo já foi publicado em:
- “Tribuna do Povo”, Araras/SP (Brasil), sábado, 27/8/1994;
- “Jornal de Parapsicologia”, Braga (Portugal), outubro/1997;