Maria Teresa Noblet. O caso é importante, porque sendo recente pôde ser analisado pelos especialistas modernos.
A irmã Maria Teresa via o demônio freqüentemente em figura de animais: por exemplo, na sua viagem à Papuia, antes de sair da França, ela viu sobre uma ponte o demônio em forma de gorila. Nos dias seguintes, o gorila volta e a ataca.
Uma tarde tendo descido com outras duas irmãs a exortar três cavalos do cercado do convento, um “quarto cavalo” (?), de olhos flamejantes, lança-se sobre ela violentamente, derruba-a e a pisoteia.
Uma noite, Satã arroja Maria Teresa embaixo da cama e a golpeia cruelmente; puxando-a pelos cabelos, arrasta-a pelo dormitório; depois, voltando ao cubículo, coloca-lhe um joelho sobre o peito e ensaia, redobrando os golpes, obter promessa de obediência a ele, Satã. Em vão. Nos dois dias seguintes, Satanás continua fracassando, apesar da “tortura de três harpias diabólicas”.
Lúcifer leva Maria Teresa a lugares infames, de desenfreio sexual, tentando sua vontade com sugestões, imagens, palavras... Numa oportunidade em que Satanás a teria levado a um desses maus lugares, “o demônio lhe faz ver uma pessoa que lhe era muito querida tomando parte nesses horrores, ao tempo que blasfemava e zombava contra os votos religiosos”.
Não tiveram dúvidas os exorcistas: Maria Teresa estava endemoninhada. E começaram os exorcismos...
Na realidade, graças aos dados concretos selecionados por um psiquiatra, por um psicólogo e por um neurologista, é manifesto que todo o caso não passava de histeria, dramatizada com brilhantes cores demonopáticas.
Maria Teresa reprimira drasticamente todas as realidades do seu instinto sexual. Mas os tabus não podiam eliminar a realidade, e os instintos explodiram sob a responsabilidade do demônio. Lúcifer, que, “rodeado por seus subordinados, era uma beleza deslumbrante... freqüentemente exerce sobre ela as piores sevícias”. Ela é tentada, atacada sexualmente. Também suas colegas indígenas, as pessoas queridas, se transformavam em pervertidas...
É atacada por um enorme gorila, mas ela – que força! – consegue sair viva e até quase ilesa de “um tríplice ataque” em que é “golpeada rudemente”.
Aquele quarto cavalo “era desconhecido no bairro” e só Maria Teresa o viu. O cavalo a pisoteou, mas ela não se machucou.
Ela vê o gorila, mas “se admira de que as pessoas ao redor não o vejam”.
Antes dos exorcismos, o “Maligno” a arrancara do canapé onde repousava e a arrojou violentamente sobre o leito; mas agora, durante uns exorcismos, ela vê os demônios aos seus pés, é ela que flagela a Satanás, e inclusive põe o pé sobre o pescoço do “Maligno”. Os assistentes não conseguem ver mais os gestos de Maria Teresa.
Quando ela escreve ao seu exorcista, é “o demônio que lhe arranca, e rasga a carta”. As testemunhas vêem a própria freira fazendo isso...
Por Luiz Roberto Turatti, aluno do Centro Latino-Americano de Parapsicologia, CLAP (www.clap.org.br), dirigido pelo Prof. Dr. Padre Oscar González-Quevedo, S.J.
Esse artigo já foi publicado em:
- “Tribuna do Povo”, Araras/SP (Brasil), domingo, 19/9/1993;
- “Jornal de Parapsicologia”, Braga (Portugal), outubro/1997.