Sinto certa ternura pelas pessoas, com suas mentes tão diversas e brilhantes, por vezes infantis...
Costumo, quando escrevo, aproveitar todas as idéias possíveis que a memória consegue condensar. E, depois, a esmo, vou jogando no papel... Se achar que presta, componho um texto. Se não, apago tudo e esqueço.
Ultimamente, passei a dar maior atenção a esses detalhes (tudo são motivos de "pesquisa" para um coração que milita nos âmbitos da fantasia) e constatei algo raro que talvez FREUD explique.
A ansiedade que algumas pessoas têm de se sentirem "personagens" de nossos escritos... Algo que até me faz rir um pouco, pois a intenção está tão longe de ser... Mas, nem por isso, deixa de causar-me menos carinho, em relação à pessoa. Fico enternecida e imaginando o que leva alguém a situar-se dentro de um enredo que não lhe pertence.
Meus "eus-poéticos" jamais dirigiram carros e empresas ou viajaram para algum lugar, a não ser naqueles veículos especiais que correm pelos labirintos do meu pensamento ou pelas pontes aéreas de meu coração.
Meus personagens têm uma forma física e moral, que eu lhes confiro, toda especial; nunca se sentem velhos nem cansados. Jamais se depreciam ou têm falta de tempo para estar comigo. Basta solicitá-los, que eles prontamente me atendem. Só comem o que eu der e não embargam a minha poesia, com interpretações falsas, pois fazem parte do ritmo, dando-lhes colorido e forma. Saem dançando desvairados, nas esquinas dos poemas, burlando as rimas, esbarrando na pontuação, às vezes, maluca que lhes imponho. E quando, por muitas vezes, não lhes dou descanso algum, pois gosto de escrever, seguindo o ritmo natural de colocação das palavras na frase, ou no verso. Quem sabe ler, faz as pausas no momento adequado. Bandeira não foi amante da pontuação e escreveu versos de fazer cair qualquer vírgula, digo, queixo...