Xenoglossia é a faculdade que possui o inconsciente de falar línguas que o consciente não conhece. Nosso inconsciente é a maior escola de línguas. É claro que por uma simples fraude pode se atrair a atenção, durante anos, até de sábios, como de fato existiram casos concretos. Conhecemos médiuns que fingem falar alemão ou chinês. É somente sotaque e alguma pequena frase aprendida de cor, mas nem falam nem entendem línguas. A xenoglossia, impropriamente dita, é a inversão de línguas, línguas perfeitas, línguas – dizem – marcianas ou de planeta Júpiter ou de outros planetas, com gramática, fonética, sintaxe etc. Isto pertence ao maravilhoso talento do inconsciente, mas não é propriamente xenoglossia.
Em geral, esse fenômeno é não-inteligente, como faria um gravador magnético. Uma menina recebeu um golpe na cabeça e pelo efeito do golpe principiou a falar chinês. Perguntaram-lhe quais as flores que mais lhe agradavam, ao que ela respondeu em chinês: “Dois lençóis, quatro lenços, três camisas...” Comprovou-se que essa menina repetia o rol de roupas para lavar feito na casa dela por dois chineses da lavanderia. A menina, conscientemente, não aprendera nada, mas o golpe na cabeça lhe abrira a “porta de passagem” do inconsciente para o consciente e, assim, repetia perfeitamente as frases ou palavras chinesas que o inconsciente aprendera. Só que, junto com o nome das peças de roupa, aprendera outras palavras e expressões daqueles dois chineses, e que não designavam flores propriamente ditas.
Manifestações semelhantes como estas são freqüentes. Nosso inconsciente retém, e muitas vezes pode manifestar, grande número de línguas, especialmente em países de imigração.
Bem diferente e bem superior é o “dom de línguas”. Macumbeiros, espíritas, pentecostais, protestantes, carismáticos, católicos etc., atribuem ao sobrenatural suas vulgares xenoglossias. Erradamente. O “dom de línguas”, constatado que só por Deus e em ambiente católico, é falar qualquer língua, em qualquer país, perfeitamente, como nas suas viagens apostólicas fizeram numerosos santos: São Vicente Ferrer, São Luís Bertrand, nos diversos povos de índios, a beata Ana etc. Ou várias línguas ao mesmo tempo, como Santo Antônio de Pádua ou, então, São Pedro no dia de Pentecostes, quando falou ao mesmo tempo treze línguas, sendo entendido em cada língua pelos fiéis.
Por Luiz Roberto Turatti, aluno do Centro Latino-Americano de Parapsicologia, CLAP (www.clap.org.br), dirigido pelo Prof. Dr. Padre Oscar González-Quevedo, S.J.
Esse artigo já foi publicado em:
- “Tribuna do Povo”, Araras/SP (Brasil), domingo, 8/8/1993.