E agora Senhor Bush? E agora Senhor Blair?
Athos Ronaldo Miralha da Cunha
Começo esse texto com a mesma frase utilizada na crônica anterior: ”O texto fica sempre antigo e incompleto à medida que a guerra toma as formas da barbárie e mostra a face mais cruel da impudência” . Dissertar sobre uma guerra que, embora distante, está tão presente em nossos lares é muito triste.
Distante dessa tragédia humana a nossa única arma é a indignação e a revolta diante das atrocidades cometidas pela insanidade de um confronto. Como exprimir a desumanidade em palavras que digam mais do que a foto dos cadáveres no deserto? Como não ficarmos chocados ao olharmos a foto de uma criança com as pernas dilaceradas? O que pensamos quando a televisão nos mostra Bagdá sendo bombardeada diuturnamente?
Enquanto o mundo torna-se polarizado entre dois senhores que fazem a guerra e a opinião pública mundial, as manchetes dos jornais não deixam dúvidas: “Militares da coalizão matam centenas de iraquianos perto da cidade de Najaf”. “Bombas de 2 toneladas sobre Bagdá”. “Outro erro e mais 50 mortos”. “Bombardeios em Bagdá”.
Essas são apenas algumas das inúmeras chamadas dos noticiários que denotam uma guerra sem igual. Há uma desproporção bélica nesses combates. A força anglo-americana é infinitamente maior, poderosa e impiedosa. O único e mais forte contraponto a esse poderio bélico se manifesta nas ruas das grandes cidades tomadas por milhares de pacifistas que pedem a paz na Terra portando os tradicionais cartazes de “No war”.
Entretanto uma pergunta terá que ser respondida em breve, tão logo Bagdá seja arrasada. “Como serão responsabilizados os criminosos dessa guerra?”. Não há necessidade de lembrar que matar pessoas é crime. Ou não? Qual tribunal fará o julgamento e quantos serão os assassinos?
Essa chacina no Golfo Pérsico não deverá ser esquecida pela humanidade. E todos os povos desse planeta devem exigir punição a todos os responsáveis por esses crimes, pois entendo que essa guerra é estúpida, mas acima de tudo, criminosa. Isso sem contabilizarmos os custos de reconstrução do Iraque.
Nesse momento Bagdá poderá estar sofrendo o ataque de mais uma chuva de bombas. Fachos de estrelas-guia que trazem o pavor. E civis e inocentes mortos perversamente, pois a tão propalada guerra cirúrgica é uma falácia apenas para americanos e ingleses verem.
E agora Senhor Bush? E agora Senhor Blair?
Depois que seus comboios estraçalharam uma cidade, seus bravos guerreiros mataram centenas de pessoas entre civis, crianças, mulheres e idosos. Recebam seus soldados mortos com honras de heróis. 21 tiros de espingardas são uma bela homenagem. Certamente, as mães desses soldados serão eternamente gratas. Prezados senhores do apocalipse, construam jardins floridos nesse campo santo da guerra para que as mães chorem caladas as ausências dos filhos. E filhos chorem em paz as ausências dos pais.
Crônicas da guerra
O dia em que a Terra parou
Ontem eu quase chorei pela paz
As luzes de Bagdá
Quantas serão as rosas de Bagdá
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