Os deuses, de um modo geral, exigem sangue para atender ao homem. Essa foi a concepção humana primitiva, que permaneceu até os nossos dias.
“Os mochicas, que dominaram a costa norte do Peru entre os séculos I e VIII”, eram pródigos em sacrifícios humanos. “Se os mochicas tivessem escrita, seus best-sellers falariam das propriedades milagrosas do sangue humano para resolver qualquer tipo de problema. Havia sacrifícios para comemorar boas colheitas, para lamentar desastres naturais, para controlar secas e chuvas e, acima de tudo, para manter o poder sobre a sociedade” (Superinteressante, março/2000, pág. 36).
“Na América antiga, sacrificar gente era tão comum quanto matar uma lhama. Os maias, que habitaram o México e a América Central no século X da nossa era, tinham verbos específicos para ‘arrancar o coração’ e ‘rolar do alto da pirâmide...
Nos Andes, o assassinato ritual foi instrumento de expansão do império Inca (1450-1532). Os incas tinham predileção pelo sacrifício de crianças nobres no alto de montanhas...
No livro The Highest Altar - The Story of Human Sacrifice (O Altar Maior – A História do Sacrifício Humano), o antropólogo americano Patrick Tierney relata a história de uma menina chamada Tanta Carhua, que, segundo cronistas espanhóis, afirmou sentir-se ‘muito honrada’ com o seu próprio sacrifício. Os imolados atingiam um status de divindade, afirma Tierney. Ele pesquisou registros de execuções rituais em diversas culturas durante seis anos e descobriu que, em algumas regiões dos Andes, o sacrifício continua a acontecer, até hoje<.b>. O último caso registrado foi em abril de 1999, em uma vila próxima ao Lago Titicaca, no peru, disse Tierney à SUPER.” (Superinteressante, março/2000, pág. 40).
Os deuses dos egípcios e outros povos vizinhos recebiam sacrifícios humanos; e seus adoradores lhes ofereciam os próprios filhos, como relata o escritor bíblico:
“... pois até seus filhos e suas filhas queimam no fogo aos seus deuses.” (Deuteronômio, 12:31). “Não oferecerás a Moloque nenhum dos teus filhos, fazendo-o passar pelo fogo; nem profanarás o nome de teu Deus. Eu sou o Senhor.” (Levítico, 18: 21).
Yavé, o deus de Israel não era muito diferente. Ele não recebia só uma enorme quantidade de sangue de bezerros, cabritos, cordeiros, aves, etc. Pessoas também eram mortas como oferta a Yavé, como ficou registrado em Levítico:
“Ninguém que dentre os homens for dedicado irremissivelmente ao Senhor, se poderá resgatar: será morto.” (Levítico, 27: 29).
Como se vê, sacrifícios humanos eram proibidos quando oferecidos aos outros deuses; mas ao deus de Israel era permitido.
E o Cristianismo, que teve seu fundador assassinado, como mortos foram todos os que surgiram dizendo-se o messias salvador de Israel prometido pelos profetas, não permaneceu sacrificando animais nem humanos como seus predecessores hebreus, porque crêem que a morte de seu mestre, que seria o filho do próprio Yavé, aboliu todos os sacrifícios de vidas praticados no passado: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João, 3: 16).
Assim, hoje se celebra a morte de Jesus como o sacrifício feito para salvar toda a humanidade.
O messias prometido por Miquéias, deveria vir, dominar tudo e todos e reinar, dando a Israel a última vitória. Israel não cairia mais em mãos inimigas. Mas os seguidores de Jesus adaptaram a ele várias textos do Velho testamento () e sua doutrina de recompensa após a morte e ressurreição conquistou o mundo (). Mas sua morte é comemorada como o preço pago com sangue pela vida de toda a humanidade.
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