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Artigos-->Brasil: a Amazônia é nossa, ninguém tasca, e una pra vocês! -- 22/04/2003 - 01:54 (Nilson Soares) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Pode-se dizer que a internacionalização da Amazônia entrou para o imaginário brasileiro. Vira e mexe, aparece alguma piada de mau gosto na internet com fotos de supostos livros americanos de geografia, rumores de que na Europa a Amazônia é apresentada como “zona internacional” ou coisas do tipo. Ora, freqüentemente o tema é seguido por um senso de indignação dos bons brasileiros, afinal, que atrevimento é esse? Internacionalização? Essa floresta é nossa e ninguém tasca!



Mas passado o fraco espasmo de patriotismo absoluto, me pergunto se não seria melhor para o mundo, e para o Brasil, tal internacionalização. Esse pensamento me assustou de pronto. Então, brasileiro que sou, fui buscar algum grande pensador nosso que me provasse que a floresta deveria ser, para sempre, do meu país. Encontrei Cristovam Buarque e seu artigo “O Mundo Para Todos”. Comecei mal.



Cristovam defende que para internacionalizarmos a Amazônia, o mundo deveria internacionalizar as reservas de petróleo. A associação é, na melhor das hipóteses, impensada. É inútil fazê-lo, pois o petróleo é um recurso consumível: acabará, não importando nas mãos de quem esteja - ou então a humanidade aprenderá a viver sem ele. Já a floresta, é renovável, não tem de acabar para que a humanidade usufrua seus benefícios.



Para ele, também deveriam ser internacionalizadas as reservas financeiras dos países ricos, e pergunto que bem isso traria a longo prazo? Afinal, o capital já é internacionalizado. Não é essa uma das idéias da globalização? Livre comércio entre os países? Sem falar que ao distribuir todo o dinheiro do mundo igualmente, que incentivo aqueles que não produzem valor na sociedade teriam para fazê-lo? Com as reservas financeiras internacionalizadas, logo a sociedade mundial “perceberia” que mais vantajoso, imediatamente, seria o parasitismo.



Igualmente falaciosos são os argumentos de que o mundo deveria internacionalizar seus museus e cidades, com sua história e belezas. Ora, ao contrário da floresta, as obras protegidas nos museus sérios não estão sendo ameaçadas constantemente com as queimadas. E um mundo com suas cidades internacionalizadas significa, afinal, um mundo sem nações. Uma imagem bela, mas afinal de contas, deveríamos tratar de coisas práticas, não utopias!



Cristovam também diz que deveria ser internacionalizado o arsenal nuclear americano, pois “eles já se provaram capazes de usá-lo”. Mas o restante do mundo também já não se provou capaz de guerras sangrentas, chacinas lastimáveis e destruição inconseqüente? Por que internacionalizar algo capaz de destruir não só a Amazônia, mas também os museus, as cidades históricas, as reservas de petróleo e cada cidadão do mundo? Bombas devem ser desarmadas, não tornadas patrimônio da humanidade e direito inalienável de cada ser humano.



E se realmente a proposta que teme Cristovam se concretizasse? Se o Brasil aceitasse internacionalizar a Amazônia em troca da anulação de sua dívida externa? O que traz mais benefícios ao país? Uma floresta constantemente assaltada com queimadas para gerar pasto para pecuaristas ávidos por terra, ou vários bilhões de reais livres no orçamento anual do país, que poderiam ser usados para garantir o direito de cada cidadão brasileiro à alimentação, educação e lazer?



No ritmo que o Brasil trata a floresta, ela logo desaparecerá. E se não podemos mais crer na Amazônia como “pulmão do mundo”, ao menos sabemos o impacto que haverá no clima mundial caso ela cesse sua existência: aquecimento, alterações climáticas drásticas, furacões, secas, prejuízos para as lavouras, trazendo ainda mais fome para as crianças que Cristovam diz deveriam ser tratadas como patrimônio da humanidade. E isso sem contar a eliminação de toda uma diversidade biológica que encerra segredos para a cura de diversos males e doenças. Numa situação dessas, o Brasil deveria continuar com a linha de pensamento de “é meu, é meu e é meu, seu feio!”, ou deveria expandir suas preocupações para as necessidades do próprio país, e do mundo?
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