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Artigos-->Comportamentos, hábitos e tendências - Jankel Lebesch Fuks -- 25/04/2003 - 12:45 (Linda Cidade) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Comportamentos, hábitos e tendências

terça-feira, 18 de junho de 2002

Jankel Lebesch Fuks



Recentemente conversei com um empresário dono de restaurante. O tema era a redução de custos que estava efetuando em seu estabelecimento, motivado pela alta concorrência que vinha sofrendo. Dentro da sua metodologia de trabalho, havia diagnosticado que o seu estabelecimento estava jogando no lixo uma grande quantidade de alimentos considerados próprios para consumo. O próximo passo foi de redesenhar o processo de trabalho que existia. Criou dois novos conceitos, que foram o "alimento sobra" e o "alimento resto".



"Alimento sobra" significava o alimento que fora para a mesa do cliente e que não havia sido tocado, podendo, portanto, ser reaproveitado sem comprometer a qualidade e a segurança do cliente. "Alimento resto" significava que a comida não tinha mais condições de uso e que deveria ir para o lixo, pois foi tocada pelo cliente ou por algum processo no servir. Ele argumentava que, em sua casa, quando sobrava comida do almoço, ela era servida no jantar tranqüilamente, pois não tinha sido tocada. O que ele fez foi introduzir este conceito no restaurante.



Conta este empresário que, por ocasião de um almoço, sobrou uma travessa grande de arroz, que nem havia sido tocada. Voltou para a cozinha da mesma forma que havia saído. Dentro da conceituação que foi definida para o redesenho do processo, esse arroz seria classificado como "alimento sobra" e, portanto, poderia ser reaproveitado novamente sem prejudicar a segurança do cliente. No entanto, ao entrar na cozinha ele viu toda aquela bandeja, que era grande por sinal, no lixo. Perguntou para a cozinheira: "Por que você jogou este arroz no lixo se você sabia que era sobra?". Ela respondeu que para ele tudo que voltava das mesas era resto. O empresário argumentou que havia a classificação dos alimentos e que todos foram avisados sobre isso.



Conhecedor da situação difícil pela qual a funcionária e a família passavam - o marido dela estava desempregado -, o empresário disse-lhe que se ela tivesse pedido este arroz para sua família que estava passando necessidades, ele teria dado de bom coração, pois o alimento estava em condições de ser consumido e que ele havia entrado na cozinha para pedir que servissem aquele arroz para ele e seus filhos que ali se encontravam. Mas para surpresa dele, a resposta que obteve da cozinheira foi que ela jamais daria resto de comida para seus filhos.



Este exemplo mostra como não podemos apenas mudar os processos de trabalho, como se fossem a programação de uma máquina, e considerar que tudo vai funcionar perfeitamente bem. As mudanças necessitam que as pessoas mudem também os seus hábitos e comportamentos, caso contrário os novos processos, por melhores que sejam, não irão atender os objetivos a que se propõem.



Nós, brasileiros, quase sempre culpamos o governo por todos os males da economia e, por outro lado, cultivamos o hábito de esperar por soluções milagrosas que resolvam os mesmos males. Talvez, no fundo, ainda temos o hábito de acreditar que Papai Noel existe e que vai nos trazer um presentão para resolver todos os nossos problemas. Temos o hábito de viver no mundo do "se" e do "quando": "Se eu ganhar na loto...", "Se eu passar de ano...", "Se eu ganhar mais...", "Quando eu me formar...", "Quando eu conquistar...", etc.



Os comportamentos acabam acompanhando nossos hábitos. Como vivemos com os hábitos de esperar algo acontecer, adquirimos os comportamentos típicos de quem fica esperando. O que acontece com as pessoas que ficam esperando por algo? Têm de estruturar o seu tempo para que ele possa passar. E qual a melhor forma de esperar algo? Tomando um choppinho com batatinha frita. Sim, infelizmente, a maioria tem o comportamento de ficar apáticos no mundo. Estruturamos no nosso tempo para que algo de importante aconteça em nossas vidas e não adquirimos os comportamentos necessários para fazer as coisas acontecerem.



Estudos mostram que o Brasil pode crescer a 8,5% do PIB ao ano durante 10 anos. Sabe o que isso significa? Que ao final desse período conseguiríamos a façanha de dobrar a renda per capita, que hoje está em US$ 5 mil para US$ 10 mil. Já imaginou dobrar o que você ganha? Já pensou dobrar o salário de todos os brasileiros? Seria ótimo, não? Só que temos um grande entrave para que esse sonho se torne realidade. A nossa produtividade é baixa, muito baixa, baixíssima comparada com economia americana ou até com outras economias menores do que a nossa.



Estudos realizados por empresas conceituadas no mercado internacional, mostram que o Brasil pode aumentar a sua produtividade, em curto espaço de tempo, em quase 50% apenas com arrumação. Organização e métodos dentro das empresas, lares, escritórios e em todos os lugares, poderiam levar o país a dar este salto espantoso. Comparada com a dos Estados Unidos, nossa produtividade atinge a apenas 27% da produtividade deles. Podemos dar um salto dos atuais 27% para quase 75% adquirindo novos hábitos e comportamentos de organização e controles mais eficientes. Parece simples, não? Mas não é. Essa mudança exige esforços muito grandes.



Conta-se que uma mãe queria que seu filho parasse de comer doces. Como não conseguia convencê-lo, pensou em levá-lo para conversar com Gandhi, na esperança de que este o convencesse. Lá chegando, ela explicou a Gandhi o problema e este, por sua vez, pediu para que retornasse dentro de uma semana.



Decorrida a semana, voltaram mãe e filho para falar com Gandhi. Lá chegando, foram recebidos pelo mesmo, que olhou para os olhos do menino e disse:



- Pare de comer doce.



A mãe ficou indignada:



- O quê!! Uma semana para só dizer isso?



No que Gandhi respondeu:



- É que há uma semana atrás eu comia doce...



E aqui fica o grande desafio para que possamos mudar o Brasil e entrarmos no mundo globalizado com sucesso: cada um de nós deve iniciar o processo de mudanças de hábitos e comportamentos e servir de exemplo para o demais. Não espere que o outro mude. Mude já!



Sobre o Colunista

Jankel Lebesch Fuks é consultor de empresas.

jsf@jsf.com.br
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