Os conservadores - há-os em abundância em Inglaterra - o que é que deveras pretendem mas nunca o dizem?
Dizem obsessivamente, entre faustos que eu de imediato trocaria por um cavalo manco, que é rigorosamente necessário conservar o Big-Ben que, além do mais e mais, é uma das imagens de marca do seu obsessivo ideal: "Tempo é dinheiro".
Daí, dizem por aí fora e esticam os braços para afastarem quanto mais possível os trabalhistas (que ironia) das lautos cadeirões onde alapam comodamente os esgotos, esgotos que sem dúvida absolutamente alguma também fazem parte da trampa toda que diariamente se faz em Londres. Bem...
Os trabalhistas, alguns deles só (que pena!), preocupam-se também com a conservação da natureza. Nem constatam que bastava não trabalhar tanto como trabalham (!!!) para que a natureza se conservasse... Bem...
- Mas para que queres tu, pá, conservar estas "merdas" todas... Para que deveras serve isto?
- Ah... Ah... Para os meus filhos, para que eles usufruam das "merdas" que eu não tinha com a idade deles...
- Ah... Mas ali o Morris não tem filhos e está podre de rico. Tu já viste como é que o gajo trata os criados?
- Oh... Pá, esse cogumelo é um sacana. Nem quero pensar no que faria se tivesse o dinheiro do gajo. Oh o que eu faria...
- Mas tu também tens muito dinheiro, pá. Tens dinheiro que chegue e sobre para ti e para os teus filhos...
- Sim... Mas olha que se a gente não conservar as coisas o nosso bem estar vai para o maneta num instantinho...
- Mas... Tu e o Morris até estão os dois sentados lado a lado no parlamento...
- Bem... Bem... Desculpa, sabes, tempo é dinheiro e tenho de ir ali ver umas coisitas importantes... Até logo...
Bem... O que é que os conservadores afinal não dizem? Não dizem nunca que vivem em fausto exclusivamente à custa dos desgraçados que limpam os esgotos de Londres e levam a vida inteira entre a merda, a comer merda e morrem na merda. Isso... Isto... É o que os gajos nunca dizem.
Ali o Mister William da farmácia afirma que as coisas não se passam bem assim como em relâmpago descrevo! Ah... Pois não. Passam-se muito devagarinho... Hora a hora a tomar os esplêndidos cheirinhos nos boeiros da cidade snob. Muito devagarinho mesmo... E aí é que está o busílis... Pois!
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