A Sociedade de Concertos Sinfônicos de São João del-Rei, entidade carinhosamente conhecida pelos são-joanenses como “Sinfônica”, foi fundada em 26 de janeiro de 1930. A sua sede fica situada na praça Carlos Gomes, dito “Largo do Carmo”, no centro histórico da nossa cidade; merecidamente aquela sede foi denominada “Sede Social Maestro João Cavalcante”, cultuando a memória de um dos seus fundadores. A “Sinfônica” atualmente é presidida pelo dinâmico professor Ary Rodrigues, que é também o presidente da Academia de Letras de São João del-Rei.
Periodicamente os componentes, diretoria, musicistas e cantores daquela entidade musical oferecem ao público, sempre com entrada franca, formidáveis recitais e concertos, quer sejam na sua sede social ou em outros locais, como nos nossos teatros e igrejas, isso para não dizer das apresentações que já foram organizadas em outras cidades e estados do País.
Na noite de 11 de abril de 2003, em comemoração do Dia das Mães e em homenagem às mães são-joanenses, aconteceu a 402ª apresentação da nossa “Sinfônica”: um magnífico Concerto de Gala, tendo como palco a bela e histórica Igreja de São Francisco de Assis, às 20h e 30 min. Com o templo completamente lotado, o comentarista prof. Abgar Campos Tirado fez a abertura do evento, seguido das breves palavras do presidente Ary Rodrigues. Antes de cada peça ser apresentada o prof. Abgar, com o brilhantismo de sempre, apresentava um pertinente comentário acerca da obra e da vida dos compositores que constavam da programação.
O concerto foi dividido em duas partes distintas, a primeira apenas para a orquestra, e a segunda parte teve a participação de solistas, do coral e da orquestra. Aquela apresentação foi preparada pelos senhores Enivaldo S. Arruda Abreu e Mauro André Santos (cordas), Daniel Della-Sávia (sopros) e Rodrigo Sampaio Pereira (coro).
As músicas apresentadas durante a primeira parte foram: 1) abertura da ópera “Tancredi” (de G. A. Rossini); 2) “O Morcego” - valsa “Dis moi tu, dis moi toi” (de J. Strauss; 3) Drittes Concertstück (para flauta e orquestra, op. 216), com solo de flauta por Daniel Della-Sávia; 4) “Ivone” - abertura de concerto (de João Cavalcante, dedicada à sua filha Ivone Cavalcante Lage). A segunda parte do concerto conteve as seguintes peças: 1) “Hino à Sinfônica” (de Maria do Carmo Hilário e João Américo da Costa); 2) “Mon coeur s’ouvre a ta voix”, da Ópera Sansão e Dalila (de C. Saint-Saëns), com arranjo de João Cavalcante e tendo como solista Maria Aparecida Fonseca; 3) “Il Brindisi – Libiamo ne’liete calici”, da “Ópera La Traviata” (de G. Verdi), que teve como solistas Márcia Silva e Diemes Evandro dos Santos; 4) “Invocação e final do 3º Ato - Tupã dos Aimorés”) de A. Carlos Gomes), com arranjo de Ademar Campos Filho e tendo como solista Benigno Parreira. A regência ficou sob a responsabilidade do musicólogo e maestro Aluízio José Viegas.
Este é um humilde registro do grandioso espetáculo daquela memorável noite, quando “através da Música, a mais sublime das Artes” a diretoria e os componentes da Sociedade de Concertos Sinfônicos prestou a sua carinhosa homenagem a todas as mães são-joanenses. Extraordinariamente foram apresentadas duas “Ave Marias”, uma vez para lembrar que Maio é o “Mês de Maria” e a outra para atender aos insistentes pedidos de “bis’ da assistência, ao final do espetáculo. A apresentação terminou sob calorosos aplausos, com todos de pé!
Essas apresentações nos lembram que ao ouvirmos a maravilha que é a música, sempre buscamos compreender a fonte donde ela provém. E assim, como já disseram, encontramos na origem dessa divina fonte não um deus, mas, o que é muito mais extraordinário, homens! Homens que interpretam em canções humanas os pensamentos de Deus. E é essa força interpretativa que eleva a personalidade dos compositores, musicistas e cantores a um plano imortal, como acontece com os componentes de todas as nossas formidáveis orquestras.
