Há uma Escolinha particular, onde costumo ser convidada para organizar Oficinas de Poesia,
com pré-adolescentes, até os treze anos.
E a Oficina deste semestre foi hoje, pela manhã.
Estava uma temperatura amena, então eu perguntei à diretora se permitia que levasse os alunos (trinta) para a praça do bairro.
Não há perigo, pois fica num condomínio fechado e com seguranças a perambular por lá.
Que feliz idéia eu tive! A criançada adorou a idéia e fomos todos em correria para o campo
da praça.
Levamos todo o material necessário e o dispusemos nos bancos.
Já ia iniciar a atividade, uma menina interrompeu, perguntando se não poderíamos, antes,
fazer alguma brincadeira, para aproveitar o sol matinal, tão gostoso...
Perguntei-lhe o que sugeria e ela, simplesmente, olhou para o céu e disse:
- Coisa rápida, professora... Basta sentarmos no gramado, olhar para o céu e descobrirmos os desenhos de bichinhos que as nuvens vão fazendo, enquanto se desfazem.
Seria uma cena comum, se os olhinhos dela não se tivessem mareado de lágrimas... Fiquei observando. E, ao olhar para o alto, as lágrimas se desprenderam, teimosas, pelo rostinho rosado.
Nada perguntei.
Mas percebi pela expressão da menina, que ela devia estar dando vazão a uma grande saudade, que eu também senti, naquele exato nomento... De alguém muito especial, de meu tempo de criança.
Foi a motivação mais grata e poética, de todas as palestras que ministrei até hoje.