(Pela importância do tema, seguirão muitos Artigos ou Diálogos com os Internautas, embora intercalados com outros temas também convenientes).
"NÃO TÊM CONSCIÊNCIA"
1.- PERGUNTA "Grillo":
"Pe. Quevedo, gostaria de saber sobre a Mesa Branca . Vários médiuns, sem terem consciência, recebem espíritos. E outro dia minha tia disse que posso ser médium e receber espíritos. Não acredito, mas tenho um pouco de medo de ser surpreendido pelos espíritos. Qual sua opinião sobre isso?"
2.- COMENTA Djalma:
"Parabéns, Pe. Quevedo. Admiro muito a sua coragem e o dom que tem em desmentir essas pessoas que enganam as outras. Tenho muita apreciação pelo seu trabalho e também pela destreza como resolve os enigmas e problemas. Por exemplo desmascarando aqueles que espalham que é médium todo aquele que escreve, fala ou age inconscientemente! Parabéns!!!"
3.- AGRADECE Ana Claudia:
"Querido Pe. Quevedo: Há anos gostaria de agradecer o que o senhor fez por mim, e cada dia esta vontade cresce. Hoje consegui o seu e-mail e gostaria de dizer apenas uma frase: muito obrigada..."
"Quando tinha 14 anos mantive contato com meninas de minha idade que me amedrontavam com a brincadeira do copo : sem que soubessem como, recebiam espíritos e outras coisas piores. Um dia fiquei em pânico e depois não podia ficar jamais no escuro, não dormia e vivia com medo. Quando não agüentava mais, contei à minha mãe. Ela não acreditava de maneira alguma em nada de aquilo que me apavorava. E me levou a um dos seus cursos".
"E desde então eu sou uma pessoa segura da minha fé e livre de toda aquela superstição que me assustava. Graças à claridade e firmeza dos seus argumentos e de suas palavras, fiquei convencida. Minha vida é dividida em antes do Pe. Quevedo e depois do Pe. Quevedo. Sou grata por toda a minha vida".
4.- COMENTA Rodrigo Fernando:
"Conheço pessoas espíritas. Insistiam em que a inconsciência dos médiuns no que fazem, é prova de que são os espíritos dos mortos. os que agem. Hoje, conhecedor de todas as contradições exaustivamente demonstradas pelo senhor em relação a tal superstição, nenhum espírita me convence a acreditar no que ele acredita".
RESPOSTA GERAL
Diz Allan Kardec em "O Livro dos Médiuns" (nn. 179-180) com referência à psicografia (e à paracinesia: mesa dançante, brincadeira do copo, radiestesia etc.):
Como geralmente "não temos consciência" dos
sonhos (e sonambulismos, etc) devem-se aos
espíritos dos mortos?
"Pode o espírito exprimir suas idéias, quer movimentando um objeto, a mão do médium servindo de simples ponto de apoio, quer acionando a própria mão (...). O que caracteriza o fenômeno é que o médium não tem a menor consciência do que escreve (...). É preciosa esta faculdade por (...). Todavia, é possível reconhecer o pensamento sugerido por não ser nunca preconcebido; nasce à medida que a escrita vai sendo traçada".
Os espíritas kardecistas falam também de mediunidade mecânica. Escreve Allan Kardec (n.45).
"O médium escreve como uma máquina, sem ter a mínima consciência do que está obtendo, sem a menor emoção, sem se ocupar com o que faz, distraído, rindo e conversando de uma coisa e outra".
Acrescenta Aksakof no seu "Animismo e Espiritismo":
"Se um médium escreve (...) e se não pode reproduzir de maneira exata, precisa, o que ele próprio escreveu, quer em estado sonambúlico, quer quando tiver voltado ao estado normal, ficaremos no direito de pretender que está aí a prova irrecusável de que a consciência sonambúlica do médium foi alheia à sua atividade mediúnica e de que não teve naquilo parte alguma".
Evidentemente. O problema é a respeito de quem é o ser inteligente que age nesses casos de "sonambulismo" ou transe: o espírito do morto ou o inconsciente do vivo?
William Crookes começa por compreender que a maioria dos fenômenos espiritóides é na realidade manifestação das faculdades dos vivos.
Mas o falso argumento de "não ter consciência", dado o total desconhecimento de psicologia naquela época, inicialmente confundia o grande físico e grande pioneiro da pesquisa em parapsicologia (como antes enganara a Allan Kardec e a todos os pioneiros do Espiritismo).
Escrevia W. Crookes:
"É do médium ou de uma das pessoas presentes que estão no aposento, ou antes essa inteligência está fora deles? Sem querer, presentemente, pronunciar-me de modo positivo sobre esse ponto, posso dizer que, mesmo constatando que em muitos casos a vontade e a inteligência do médium parecerem ter tido muita ação nos fenômenos, observei também vários casos que pareceram mostrar de uma maneira concludente, a ação de uma inteligência exterior e estranha a todas as pessoas presentes".
Não fica de maneira nenhuma claro, como freqüentemente deturpam os espíritas, que Crookes aqui aluda aos espíritos dos mortos. Imediatamente acrescenta em nota:
"Desejo que se entenda bem o sentido de minhas palavras: (...) acontece às vezes que as faculdades suas (do médium ou dos assistentes) parecem agir de maneira inconsciente".
Os fatos em que o médium "não tem consciência" da sua ação deixaram Crookes desconcertado. Pelo desconhecimento próprio da época, repetimos.
De sua vasta experiência, Crookes escolheu este caso:
"Cheguei a ver a Srta. Fox escrever automaticamente uma comunicação para um dos assistentes, enquanto uma outra comunicação sobre assunto diferente era dada para outra pessoa por meio do alfabeto com golpes (da mesinha girante : paracinesia), estando a médium durante todo esse tempo conversando com uma terceira pessoa, sem o menor embaraço, sobre um assunto completamente diferente dos dois anteriores".
Ora, se o inconsciente pode coordenar as atividades de conversar, correr... sem nem sequer saber o consciente onde deve colocar a língua e quais posições devem adotar os lábios, quais músculos deve mexer e como..., por que não poderia em estado alterado de consciência manifestar igual "divisão da personalidade" na psicografia e na locução automática?
Mais adiante, o próprio Crookes atribuirá os fenômenos espiritóides à "força psíquica" do médium e dos assistentes:
"A teoria da força psíquica nada mais é do que a simples verificação do fato quase indiscutível atualmente: (...) certas pessoas (estão) dotadas de uma organização nervosa especial (...) Como a presença de uma tal organização é necessária à produção dos fenômenos, é razoável concluir que essa força procede dessa organização por um meio ainda desconhecido (...) Tem sua fonte na alma ou inteligência do homem".
AÇÃO INTELIGENTE DO INCONSCIENTE
É mais do que simplório o argumento (?!) de Kardec e dos espíritas -e de alguns antigos teólogos- para atribuir aos mortos -ou aos demônios!- os movimentos inteligentes de objetos inanimados (telecinesia, além dos fenômenos de psicografia, paracinesia e locução automática, até agora visados). Já naqueles primeiros anos do espiritismo protestava com muita razão, por exemplo Saintyves:
"Estão sozinhos nessa opinião. Não se vê que a presença dos demônios ou dos espíritos dos mortos seja necessária para explicar as respostas inteligentes fornecidas por uma madeira não inteligente. Chevreul e mais tarde Babinet explicaram os movimentos das mesas por impulsos inconscientes".
NÃO TINHAM NEM RUDIMENTOS DE PSICOLOGIA
Anos mais tarde, o grande pioneiro da Parapsicologia, Prêmio Nobel em Fisiologia, Charles Richet, haverá de lembrar delicadamente a estes líderes do espiritismo que tal pretensão é desconhecer inclusive o abc da psicologia, não só da parapsicologia:
"Em muitos médiuns a consciência fica intacta. Continuam a falar, discutir com as pessoas presentes, enquanto o inconsciente elabora outras conversas, outros atos que se traduzem (...) pela psicografia, pela mesinha (...) Às vezes esta dissociação entre a personalidade consciente, normal, e as novas personificações que afloram é ainda mais complicada. Porque em certos casos, com a mão direita o médium escreve umas frases (...), outras completamente diferentes com a mão esquerda (...). Mas esta dissociação da personalidade (...) não tem nada de metapsíquica (parapsicológica). É ainda da psicologia clássica (...), fato banal freqüentemente constatado".
O "argumento" espírita hoje é de um simplismo e de uma ignorância assombrosos. Quer dizer que qualquer ação inconsciente, da qual a pessoa "não tem a menor consciência", é "sem a menor dúvida" ação dos espíritos dos mortos?
Insistimos no fato antes aludido: Caminhamos, corremos... São inumeráveis músculos agindo sincronicamente. Se pretendêssemos conscientemente movimentar cada um desses músculos ao correr, por exemplo, imediatamente cairíamos. Respiramos: poucas pessoas sabem com exatidão quais músculos externos e internos deveriam mover. Quem é capaz de movimentar conscientemente cada músculo da língua, dos lábios, do pescoço, dos pulmões, do peito... que intervém na fala?
Até o mais ignorante sabe que nenhum espírito de morto tem algo a ver com esses movimentos automáticos. Só a ignorância dos primeiros mestres espíritas e o fanatismo (ou má vontade?) dos modernos podem agarrar-se ao "irrefutável argumento" de que tem de ser do além porque "o médium não tem consciência". Estes automatismos habituais já sugerem certa "divisão da personalidade", simultaneidade de duas ou muitas idéias, ações etc., umas conscientes outras inconscientes.
Isto é, que os espíritas não saibam (ou, hoje, alguns não queiram) explicar o "não têm consciência", não prova que o fato seja do além, só prova ignorância. Hoje é absolutamente inadmissível o falso pressuposto do "argumento" espírita: só haveria consciência, não haveria inconsciente!!!
Que os médiuns não tenham consciência do que escrevem, falam, fazem... só prova que é inconsciente.
Comparando o ser humano a um carro, ao cérebro chamaríamos motor. Nas manifestações inconscientes dos médiuns, se fossem os espíritos dos mortos a empurrar, o cérebro -o motor- do médium teria que estar parado, mas o caso é que em todas essas manifestações inconscientes, o eletroencefalograma mostra a atividade cerebral correspondente ao modo com que o médium escreve ou fala ou mexe. As ondas do consciente são diferentes das ondas em estado de inconsciência, isto é, as ondas cerebrais em estado de vigília são diferentes das ondas no sono e na hipnose, e diferentes com olhos abertos das que se produzem quando os olhos se fecham etc. Nas chamadas manifestações mediúnicas o cérebro está agindo da mesma maneira que agem nos estados similares de inconsciência, sono, hipnose, automatismos...
(Trasladado do site oficial do padre Oscar Quevedo, CLAP - Centro Latino-Americano de Parapsicologia: www.clap.org.br).