Há anos, fiz uma tradução de episódio envolvendo o Rei do Tango, Carlos Gardel e um Guevara, a que dei o título de GUEVARA X GARDEL, que se resume, mais ou menos, no seguinte: os amigos Gardel e Lippi, mais um maestro amigo deles(que não lembro o nome), participavam de uma noitada em buate da Capital Portenha, quando o Lippi, maqgrinho e bom dançarino, estava na pista dando "show" com uma garota "pé de ouro", quando rapazes "niños de mamá" começaram a vaiá-lo e dirigir-lhe ofensas.
Num intervalo, o Maestro e Gardel ponderaram de que eles deviam procurar outro lugar para se divertirem, para evitar confusão.
Os três, então, sairam e pegaram um carro. Alguns quarteirões adiante, foram "fechados" pelo carro do grupo e Gardel desceu para ir falar com os rapazes, chegando a dizer-lhes;"Não queremos briga. Por que vocês nos seguem!" - Gardel tinha o hábito de colocar a mão direita sobre o coração,
num gesto amistoso e de quem falava com sinceridade.
Foi aí que um dos que os perseguiam, gritou:"Atira!" E o Guevara atirou mesmo, alvejando Gardel no torax(provavelmente região external), ficando a bala alijada em seu corpo.
Levado ao hospital mais próximo, o acadêmico que o atendeu, achou por bem não retirar o projétil,deixando a decisão para os médicos da manhã que já estava próxima. E eles aprovaram a iniciativa do moço, dizendo que seria mais perigosa a extração.
Assim, o filho de D. Berta Garde, conviveu com uma bala no corpo por cerca de dez anos, até sua morte em Medellin, Colômbia, em desastre de avião.
O leitor poderá pensar: E a Justiça? - O M.M. Juiz que atendeu ao caso, recomendou ao advogado de Gardel "ser melhor não se envolverem em questão com importante família, podendo prejudicar um futuro brilhante do agressor..."!
Tal tradução foi publicada na Folha de Pernambuco (período em que era da família Asfora), e, como desapareceram meus exemplares, procurei, no Arquivo Público, encontrar meu trabalho, e, por mais que tenha pesquisado, lendo edição por edição, não encontrei. É muito azar: na coleção, do tempo dos Asfora,tal número não pode ter desaparecido. O que aconteceu?Esconderam?
Modéstia à parte, mandei um exemplar do jornal e o livro, em espanhol, de um fulano de tal Rosembaum, para o saudoso amigo poeta Helio C. Teixeira, no Rio, e tenho carta dele em que faz elogio à tradução, dizendo que "não podia ter sido melhor;;;"
Gostaria de reler a coluna com meu trabalho, que foi publicada pela Folha da época, sem um erro sequer.
Se alguém do Recife que, por acaso, leia este artigo e quiser me ajudar a encontrar a tradução GUEVARA X GARDEL, ficarei muito agradecido: estou sem o jornal e sem o livro(que,diga-se de passagem, gostaria de comprar).