Apagou! Apagou a democracia, a liberdade e a consciência. Quem apagou? O APAGÂO, é claro. O APAGÃO apagou. Parece piada, mas infelizmente é a mais pura verdade: o racionamento de energia foi usado para ocultar a - vergonhosa- vida política brasileira.
As superficiais e sensacionalistas notícias – ou melhor, especulações- sobre a falta de energia foram o principal assunto da mídia no momento em que ocorriam no país acontecimentos de grande importância. O caso do Banco Marka, bem como a cassação de ACM e outros fatos de cunho político eram discretamente abordados, enquanto matérias traziam manchetes gritantes sobre corte de luz ou racionamento.
Usou-se um velho truque para “jogar a poeira em baixo do tapete”: os meios de comunicação deram toda atenção possível à falta de energia, tentando assim desviar a atenção da audiência dos acontecimentos que envolviam a política. Para completar, as matérias sobre o racionamento mostravam-se especulativas, não trazendo informação, e sim um aglomerado de suposições.
Esse lamentável fato vai ao encontro dos repuduantes ideais da Indústria Cultural: alienar a telespectador e fazê-lo consumir. Quantas pessoas sabiam que tentaram conseguir o impichment de FHC? Um quinto das que se digladiavam nos supermercados por uma lâmpada fluorescente, que de um dia para o outro virou o fetiche nacional? Talvez um quinto seja muito...
O fato é que o alarmismo em relação ao APAGÂO ocultou outras informações, e mais uma vez o brasileiro foi ofuscado e manipulado pela tirania da indústria cultural.