Há dez anos foi apresentada, por Robert Kaplan e Norton, a metodologia de Balanced Scorecard (BSC), na revista Harvard Business Review. O conceito, que vem sendo adotado em nível crescente também no Brasil, trata de uma abordagem equilibrada para vários tipos de indicadores, que são importantes para determinar o sucesso de uma estratégia corporativa.
Devem impulsionar o crescimento da tecnologia fatores como abertura de mercado, globalização e aumento da concorrência. Há ainda dificuldades de comunicação sobre o conceito e esta é considerada uma barreira para a difusão exponencial do BSC. “A comunicação é essencial e a estratégia deve ser difundida em todos os níveis da empresa”, frisa Mathias Mangels, sócio da Symnetics.
Segundo Roberto de Carvalho, diretor de marketing da Business Objects (BO) para a América Latina, os indicadores são tipicamente organizados em quatro perspectivas: financeira (estratégia de crescimento, rentabilidade e risco); clientes (metodologia para agregar valor); processos internos de negócios (as prioridades de processos distintos de negócios que melhoram a satisfação dos clientes e acionistas) e aprendizagem e crescimento (as iniciativas que irão suportar o ambiente de mudança, inovação e crescimento organizacional).
“Ao contrário de um sistema de informação executivo (EIS), o BSC costuma ser muito mais abrangente e distribuído dentro de uma organização. Geralmente, os indicadores financeiros isolados são insuficientes para a visão estratégica dos negócios. O BSC visa avaliar como as unidades de negócios criam valor para os clientes sem desviar totalmente a perspectiva do desempenho financeiro da empresa”, ensina Carvalho.
Empreitada
Cada fornecedor, tanto aquele que oferece a solução de BSC como aquele que a implementa, apresenta uma metodologia diferente. O conceito é normalmente o mesmo. Uma aplicação de BSC permite executar, monitorar e corrigir as estratégias empresariais. “A idéia é olhar para a companhia no curto, até o longo prazo, entender e enfrentar os desdobramentos causados pelos indicadores”, afirma Vanderlei Ferreira, diretor geral da Cognos.
O especialista da BO acrescenta que o BSC ajuda também a alinhar as estratégias com o dia-a-dia operacional. Trata-se, segundo ele, de um modelo que ajuda as organizações a transformar sua estratégia em objetivos que, por sua vez, formam a base para atingir os resultados de negócios (desempenho) por meio de um alinhamento estratégico, tático e operacional.
As grandes empresas são as mais comprometidas com iniciativas de BSC. Mas todos os segmentos devem ter, como premissa básica, o compromisso com a implantação da estratégia em toda a corporação. Há interesse em implementar? Então comunicar é o verbo que pode iniciar a empreitada. Desdobrar o que foi planejado é o passo seguinte.
“Garantir que os recursos estejam focados nos planos é vital para que haja motivação e para que os objetivos sejam atingidos”, detalha Mangels. Essencial também é que a diretoria da corporação execute o processo lembrando dos dados internos que devem ser trabalhados, recursos, crises que necessitam ser resolvidas, além dos indicadores e metas que serão conquistados.
Especialistas afirmam que, só pelo fato de comunicar a estratégia corporativa, os resultados aparecem, já que há foco dentro da companhia. Cada empresa cria os seus próprios indicadores e trabalha-se em cima deles para a obtenção de resultados. Recursos, finanças ou pessoas podem ser parte da metodologia e todas as áreas que compõem a empresa devem adequar suas necessidades à ferramenta de BSC.
Ferreira, da Cognos, resume os passos a serem dados pelas corporações: primeiro decide-se pela adoção da estratégia; em seguida devem ser traçados os objetivos estratégicos; apontar causas e efeitos em cima dos indicadores vem depois, ao mesmo tempo em que perspectivas futuras têm que ser visualizadas. “O desafio é entender esses passos e colocá-los em prática”, declara o executivo. Além disso, há que se atentar para o equilíbrio daqueles profissionais que operacionalizam a estratégia, ao mesmo tempo em que devem cumprir os objetivos do BSC.
“Os gerentes têm que atuar como técnicos, ou o elo de ligação entre as metas e os processos. Os papéis de cada departamento da corporação devem ser revistos para que a estratégia seja seguida e os objetivos cumpridos”, esclarece Roberto Pereira, diretor de negócios BSC da IDS Scheer. O sucesso do BSC está, na visão de Pereira, na união da estratégia aos processos.
Vantagens
Conheça alguns diferenciais conquistados por meio de ferramentas de Balanced Scorecard, segundo a Business Objects:
- visão dos negócios a partir de perspectivas diferentes;
- melhor elaboração e monitoramento das estratégias;
- alinhamento e compartilhamento da visão e metas, desde o nível estratégico até o tático e operacional;
- melhor definição dos planos de ações;
- agilidade no processo decisório e colaboração.
Para todos os gostos
Há, no mercado, ferramentas de Balanced Scorecard oferecidas por vários segmentos. O de fornecedores de pacotes de gestão é um deles. A SAP, por exemplo, oferece dentro do componente MySAP Financials o Estrategic Enterprise Management. Já o Enterprise Performance Management, da PeopleSoft, foi desenvolvido em cooperação com a KPMG.
Os fornecedores de soluções de BI (Business Intelligence) também estão no mercado de BSC. A Hyperion, por meio da solução que leva o mesmo nome, permite às corporações implantar a aplicação Web para a análise de negócios. É possível utilizá-la para comunicar a estratégia organizacional, ações e indicadores visuais, permitindo monitorar e analisar os resultados em relação aos objetivos estratégicos para detectar oportunidades de melhoria.
Segundo informações divulgadas pela empresa, a ferramenta capacita os usuários a entender as relações de causa e efeito entre as informações financeiras e não financeiras. O Hyperion Balanced Scorecard possui mais de 30 mil métricas pré-formatadas, classificadas por áreas de negócio e segmentos de mercado.
A Business Objects possui uma solução para desenvolver aplicações EPM (Enterprise Performance Management), incluindo o BSC, chamada Application Foundation. Algumas características são templates para uma rápida implementação e construção dos indicadores; ambiente gráfico para navegação intuitiva dos indicadores (Web) e alertas a serem gerados automaticamente a partir de regras de negócios, entre outros.
Cognos Metrics Manager é a solução de BSC da empresa de mesmo nome, que já está em processo de implantação em cinco clientes no Brasil, que têm a ferramenta anterior (KPI Business Pack). No caso do SAS Institute, o Strategic Performance Management atende o mercado de BSC – três corporações estão em implementação. As brasileiras Vision e Fiber Consulting competem no mesmo mercado, assim como a Gentia, de procedência norte-americana.
