Se é pra escrever sobre qualquer coisa, ok. vamos lá:
A CANETA
Tenho um colega de trabalho que tem uma compulsão. E decorre de uma outra, que é a minha de ficar com as canetas de todo mundo. Explico. Não tenho cuidado com as canetas que pego no trabalho. O pedido é feito ao setor de material, vêm caneta, papel, clipes, etc. Aí todo mundo pega logo uma caneta, principalmente ser for bic, que é a melhor.
Teve um mês que eu cheguei a ter cinco canetas em casa, pois ia colocando no bolso, guardava-a em uma gaveta qualquer lá em casa e esquecia. No outro dia, pegava outra, e por ai a coisa andava.
Minha fama de ladrão de caneta vai longe. Esse meu colega já foi vítima algumas vezes dessa minha cleptomania involuntária causada por esquecimentos também involuntários. Pois bem, todos os dias, várias vezes, ele levanta o teclado do computador à sua frente; o teclado é o cofre da caneta dele.O mais engraçado nisso tudo é que, mesmo tendo acabado de ver a caneta no lugar, alguns instantes depois ele novamente faz a verificação.
Só não sei se ele tem essa mania quando eu não estou presente, ou se ela se mostra independente de mim, porque nesse caso ele seria mais compulsivo do que eu, visto que não pego quinze canetas por dia, e é esse o número de vezes que ele olha sua querida caneta sob o teclado.
O CELULAR
Ontem em sala de aula, discutindo sobre a ética na educação, vários casos foram levantados para que questionássemos se os sujeitos das ações haviam sido éticos, tendo em vista que ética pressupõe sempre ter em mente o outro sobre quem nossas ações podem incidir.
Uma colega falou que no seu bairro um assaltante matou um taxista, foi perseguido por colegas do morto, e foi morto brutalmente, tendo o corpo se transformado em massa como de tomate porque os motoras revoltados passaram com seus carros sobre o infeliz assassino.
Outro caso relatado foi o de um ladrão que foi morto por ter roubado um celular. Então, uma das pessoas presentes perguntou-nos quanto vale uma consciência tranqüila, referindo-se ao fato de os motoristas de táxi não terem refletido sobre suas ações, cometendo um assassinato tão bárbaro quanto o que queriam vingar.
Outro disse que a questão da consciência tranqüila era relativa, pois no caso dos taxistas, pode ser que eles, ao assassinar um assassino, estavam tomados da convicção de estarem prestando enorme serviço à sociedade, daí estarem com sua consciência limpa.
A pessoa contra-argumentou perguntado a esse última o que achava correto e se ela faria o mesmo que os taxista. A resposta foi que não, porque preço nenhum paga uma consciência limpa.
Outro presente disse que dificilmente os taxistas poderiam estar com a consciência tranqüila, já que vivemos em uma sociedade muito presa a valores cristão, e que, depois de passado o domínio da paixão que os levou ao “olho por olho, dente por dente”, iriam considerar errado o que fizeram. E no caso do ladrão morto por ter roubado um celular? Não foi olho por olho nem dente por dente. Foi olho por uma unha, e dente por uma olhada enviesada.
A conclusão da turma é que não podemos substituir o poder constituído, encarregado da punição dos infratores, senão estaremos dando o direito a qualquer um, contra qualquer um, de fazer o que lhe apraz, como lhe apraz, na hora em que lhe aprouver fazer. Se nossas ações tiverem que fazer frente às demandas de uma sociedade em que a lei é aplicada in loco, sem o ritual previsto, qualquer um pode ser vítima do arbítrio de pessoas sem a mínima noção do que seja respeito à vida, que às vezes significa respeitar a vida de quem, ao nosso juízo, não deveria viver.
O ABORTO
Ainda sobre a ética, falávamos outro dia a respeito do aborto. Foi-nos indagado o que faríamos se nossa filha, adolescente, estudante, com toda a vida pela frente, engravidasse.
Um dos presentes fez referência a um fato lamentável. Segundo ele, uma senhora viúva e muito religiosa, criava uma neta como se fosse filha. E possuía um cachorro que tratava como gente. Ao saber que a neta engravidara, quis obrigá-la a abortar com a ameaça de expulsá-la de casa. Quando outros familiares da jovem souberam do caso, condenaram as ameaças da avó, que recuou em suas intenções assassinas e permitiu que a neta tivesse a criança. O detalhe ressaltado por quem contou a história é que aquela senhora, dizendo-se muito religiosa, dava mais valor à vida de um cachorro do que à vida humana.
Vá lá que para algumas religiões todos os seres do mundo, de árvores a humanos, são iguais, não merecendo qualquer distinção valorativa e o respeito que ela suscita. Tudo bem que outras digam serem pedras, rios, cachorros e homens portadores da imagem divina, que é o panteísmo.
Mas estamos no Brasil e nossa pátria se orgulha de ser a mais católica do mundo. Por falar em catolicismo, li quando era mui jovem um livreto de um padre que condenava o aborto. Dizia ele que um dos argumentos mais utilizados pelas feministas em defesa do aborto, é que as mulheres são donas de seus corpos e podem decidir qualquer coisa sobre algo que é seu. Diz o padre que esse argumento é falacioso, falso mesmo, haja vista que há uma gritante diferença entre um feto no ventre e as mãos ou os pés da mulher grávida.
Elas podem sim decidir arrancar de seu corpo os pés, as mão e mesmo a cabeça...Todavia, O SER que está sendo gerado no ventre NÃO é o corpo da mãe, não é sua extensão; apenas dele necessita para se alimentar e crescer. É um OUTRO corpo, uma OUTRA vida, contra a qual ninguém tem poder, nem mesmo sua mãe. É óbvio que há casos em que o aborto é necessário. Indiscriminadamente, é CRIME. E assim terminou a discussão sobre o tema.