Nós racionalistas, encontramos na Bíblia a mentalidade de um povo bastante bárbaro, com uma noção de justiça um tanto estranha e uma série de contradições e enganos. Os cristãos vêem nela um livro todo harmonioso, produto da mais alta sabedoria. Temos que concordar com João de Freitas: muitas vezes, “ENXERGAMOS O QUE SOMOS ENSINADOS A ENXERGAR”.
“E, por fim: não percamos tempo em tentar descobrir "falhas" na Bíblia. Apostar na inexistência de Deus. Não precisa ir muito longe” (Domingos Oliveira Medeiros, “Carta ao Anticristo 2000”).
Sempre me soava estranho o deus criador de todas as coisas escrever segundo o pensamento dos que pensavam que a Terra fosse em forma de um disco a flutuar sobre as águas (Deuteronômio, 5: 8). Era impossível entender como justiça que o filho fosse punido pelo erro do pai (Deuteronômio, 5: 9; I Reis 11:34, 35; Gênesis, 9: 22-25). Mas imaginar as estrelas caindo pela terra (Mateus, 24:29; Apocalipse, 6:13), coisa fisicamente impossível; um deus assentado lá no céu com os pés apoiados sobre a terra (Mateus, 5: 34, 35) e esta movimentando a alta velocidade fazendo uma órbita de muitos milhões de quilômetros; alguém do alto de uma montanha avistar todos os reinos do mundo (Mateus, 4: 8); um homem do povo escolhido fraudar seu patrão com a ajuda divina (Gênesis, 30: 37-43); etc. foi mais confuso.
Hoje, que a arqueologia apresenta dados novos, informando que lugares mencionados nas histórias patriarcais não existiam ao tempo que a Bíblia diz eles terem vivido (Ver ), compreendemos melhor por que alguns dados não conferem com outros, como encontramos até um pai mais novo do que o filho (II Crônicas, 21:20; 22:1-2), etc.
Por outro lado, um número bem maior de pessoas lêem o mesmo livro e vêem tudo perfeito e harmônico, nada de absurdo, nada de engano...
Diante de duas visões tão opostas de uma mesma coisa, só resta como explicação a afirmação de que enxergamos o que somos ensinados a enxergar. Uns vêem luz no mesmo lugar onde outros vêem trevas.
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