O Brasil tem uma economia 175 vezes maior que a da Macedônia e 160 do que a da Albânia. Mas, quando o assunto é educação, o País possui uma surpreendente semelhança com os dois. Cerca de 50% dos alunos brasileiros, macedônios e albaneses na faixa dos 15 anos estão abaixo ou no chamado nível 1 de alfabetização, uma marca estabelecida pela Unesco que classifica os estudantes que conseguem apenas lidar com tarefas muito básicas de leitura.
Numa escala sobre níveis de compreensão de leitura englobando 41 países, o Brasil está quase no fim da fila: 37.ª posição – à frente (e não muito) somente da Macedônia, da Albânia, da Indonésia e do Peru.
Os dados fazem parte de uma pesquisa sobre alfabetização que a Unesco e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgam hoje na Inglaterra sob o título de Literacy Skills for the World of Tomorrow (Alfabetização para o Mundo de Amanhã).
É a primeira vez que o Brasil – ao lado de 14 países emergentes – é incluído na comparação internacional. O estudo é baseado nas informações colhidas pelo Programa Internacional de Avaliação do Estudante (Pisa), realizado em 2000, que entrevistou entre 4.500 a 10 mil alunos em cada país.
No outro extremo, entre as nações cujos alunos têm a melhor capacidade de leitura, a Finlândia aparece em primeiro lugar. Em seguida estão: Coréia do Sul, Hong Kong (China), Canadá e Japão. A França ocupa a 15.ª posição e os Estados Unidos, a 16.ª.
A receita de sucesso dessas nações não se limita a poder de investimento público na educação, diz o responsável pela área de pesquisas da Unesco, Albert Motivans, do Instituto de Estatísticas da instituição. “Investimento em educação é parte da equação. Mas os países que têm os melhores desempenhos são os que têm menos desigualdade”, disse por telefone ao Estado, de Montreal, no Canadá. “O dinheiro para educação importa, mas também importa como ele é distribuído entre a população.”
A Itália, por exemplo, investe mais do que o dobro em educação do que a Coréia, mas está bem atrás em termos de desempenho – não só com relação à leitura, mas também à capacidade de compreensão matemática e científica, registrada entre os alunos do país asiático.
Só quantidade – Sobre a posição do Brasil, a pesquisadora do Instituto Fernand Braudel e professora titular da Universidade de São Paulo (USP) Maria Luíza Marcílio se diz espantada. “Estamos piores que países da América do Sul mais pobres do que nós”, comenta. “Houve uma expansão de matrícula nos últimos anos nunca vista em outros governos, mas essa expansão quantitativa não pôde ser acompanhada pela melhoria qualitativa.”
Durante o governo Fernando Henrique Cardoso, o porcentual de crianças e jovens matriculados no ensino fundamental chegou a 96% – uma elevação de 7 pontos em oito anos.
“O nosso grande desafio é garantir inclusão e qualidade”, afirma a secretária de Educação Fundamental do MEC, Maria José Feres. Para isso, o governo planeja adotar uma série de medidas, como valorização e formação dos professores, incentivo aos sistemas estaduais de avaliação dos alunos e ampliação do ensino fundamental para nove anos. Enquanto isso não ocorre, estudantes brasileiros, macedônios e albaneses continuam partilhando dificuldades na escola.
(O ESTADO DE S. PAULO, www.estadao.com.br, terça-feira, 01/07/2003, página A10, Geral/Educação).
NOTA: Com referência à reportagem acima, leiam a seguir a transcrição da íntegra de minha carta publicada, embora editada, na revista ÉPOCA (www.epoca.com.br, Edição 132, 27/11/2000, página 128, “Cartas”), a qual se refere à matéria “O pastor de todas as almas” (ÉPOCA, Edição 131, 20/11/2000, páginas 54/59, “Religião”):
“De acordo com respeitáveis estatísticas, a média de Educação no Brasil é de aproximadamente três anos, enquanto que em países de primeiro mundo é de doze. Freqüentei o espiritismo por algum tempo na pós-adolescência, porém, em paralelo, o estudava, sempre com um pé atrás. Mais tarde tive o privilégio de conhecer a Parapsicologia (www.clap.org.br), que me levou a conhecimentos extraordinários, a um senso crítico bastante aguçado e, principalmente, a observar as contradições da “terceira revelação” e de outras crendices não menos preocupantes. Sendo assim, será que o fato de o espiritismo ter vingado especialmente aqui no Brasil, um país de solo fértil para incontáveis superstições, ‘e não na França, onde ele brotou pelas mãos de Allan Kardec’, não dá para desconfiar que nos faltem realmente mais alguns anos dessa libertadora Educação?