Brincadeira de menino. Depredar telefones públicos para fazer radinho de galena. Afinal, quem era Galena? Seria Galeno? Pouco importava, o que motivava-nos era tirar o microfone do telefone e, utilizando dois fios, fazendo um de terra em uma arvore. Fantástico! Podia-se ouvir AM da arvore... antena boa, pena não poder sintonizar.
Milene quis que eu ensinasse. Disse não, afinal era segredo de estado.
Milene fez birra e foi brincar com as outras meninas, amarelinha. Eu também gostava, mas a mágica do som deixou-me ali sentado debaixo da figueira o outono todo.
Um dia vi que a amarelinha de Milene era poética. Já era tarde demais, pois o radinho de galena era sonoro demais e eu não pude ouvir a mim mesmo.
Hoje Milene brinca de trova e eu oiço a voz do Brasil.
Dedicado ao silêncio solene de Milene Arder no melhor estilo "sei que não me lê porque tenho um nome estranho", não é vero?