A Câmara dos Deputados aprovou em 1º turno o texto da Reforma da Previdência, devendo acontecer o mesmo na votação do 2º turno. O Senado Federal, por sua vez, deverá homologar o texto já aprovado pela Câmara. De início, percebe-se que houve erro na elaboração do texto da Reforma, cujo objetivo nunca foi solucionar problemas de trabalhadores e servidores e sim arrecadar mais dinheiro para pagamento de juros da dívida externa e eterna para satisfazer às determinações do FMI. Como se vê, a pressa foi tamanha que o Presidente Lula enviou à Câmara dos Deputados duas das mais importantes reformas, sem que houvesse tempo para debates dos temas mais polêmicos, especialmente no caso da Reforma da Previdência.
Por outro lado, deve-se lembrar que taxar inativos, reduzir aposentadorias, aumentar a idade mínima, privatizar a previdência e desmontar o serviço público nunca foram bandeiras do PT, que, ao contrário, conquistou eleitores pregando a geração de mais empregos, melhorias e qualidade de vida para os servidores e trabalhadores, em geral. Por que, então, o PT ao assumir o Poder, abraçou com tanto empenho estes pontos ?
Neste caso, fica fácil adivinhar o futuro: mais alguns anos, o propalado rombo da Previdência continuará, porque, como diz o meu amigo, Dr. Enéas Athanázio, “o diagnóstico está errado e os remédios não farão o efeito desejado.” O Governo, então, com o apoio da mídia, sempre envolvida e comprometida com interesses escusos, começará a noticiar informações de que a vida média do brasileiro aumentou. Como o rombo da Previdência vai continuar, outra reforma virá aumentando a idade mínima de 60 para 65 ou 70 anos, a compulsória passará de 75 para 80 ou 85 anos e o salário será reduzido ao mínimo do mínimo, com prejuízos para quem passou a vida inteira trabalhando no serviço público. Mas o rombo vai continuar, simplesmente porque a doença é outra: sonegação, evasões fiscais, desvios do dinheiro público para outras áreas. E como diz o ditado: “tudo ficará como dantes, no quartel de Abrantes.”
Para o professor Plínio de Arruda Sampaio, do Instituto de Economia da Unicamp e fundador do PT, “Lula é parte atuante da cúpula do PT e e responsável por desviar a rota do partido, provocando mudanças rejeitadas por parte dos filiados que estabeleceram a divisão irreversível, tendo se tornado prisioneiro da correlação de forças que integram o seu governo, o que não permite ao Presidente enfrentá-las e sustentar administrativamente as defesas do partido. O PT só tem uma saída: mudar o Estado. Se não fizer isso, sofrerá com as políticas aplicadas e será rejeitado.”
O Congresso Nacional e a Justiça Eleitoral prestariam um inestimável serviço ao Brasil, se elaborassem um projeto de Lei que obrigasse o candidato a cargo eletivo, principalmente Governador e Presidente, a registrarem em cartório uma cópia do programa de governo, detalhadamente, aberto a população, com cópia a um Órgão Supremo, a fim de que, ao ser eleito não pudesse trapacear seus eleitores, como está ocorrendo agora com o Partido dos Trabalhadores, cuja cúpula tomou rumo diferente do apregoado, acenado e encenado.
Criou-se, então, uma situação insólita: a cúpula do PT faz uma coisa e a maioria dos seus filiados querem outra. E querem, com justiça, o que foi pregado, o que foi defendido, o que foi programado. Querem Dignidade. Querem Coerência. Não há conciliação. A separação parece ser definitiva. Posso estar enganado, mas penso de forma diferente. A esta altura do campeonato, entendo que nem Lula nem o PT têm mais credibilidade junto aos eleitores.
A eleição para Prefeito na cidade de São Paulo, logo, logo, dirá se tenho razão ou não. É só esperar. Uma questão de tempo.