Usina de Letras
Usina de Letras
16 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 63298 )
Cartas ( 21350)
Contos (13303)
Cordel (10362)
Crônicas (22579)
Discursos (3249)
Ensaios - (10703)
Erótico (13595)
Frases (51824)
Humor (20190)
Infantil (5622)
Infanto Juvenil (4961)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1387)
Poesias (141334)
Redação (3357)
Roteiro de Filme ou Novela (1065)
Teses / Monologos (2442)
Textos Jurídicos (1967)
Textos Religiosos/Sermões (6365)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Cocó de vaca... A sério?... Que delícia... -- 04/09/2003 - 14:16 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
cara_boi.jpg (6378 bytes)

993300>Há mais ou menos 56 anos, em Mindelo, eu, meus primos Álvaro e Fernando, enquanto nossa avó amassava a farinha milha e aquentava o forno, saíamos para a estrada da Estação à procura de montículos de bosta. Arrastávamos um caixote de madeira, munidos com uma pequena chapa ferrugenta para não borrar as mãos.



Íamos... Íamos... Corríamos... Até encher o caixote com o precioso produto vedante. De volta, colocávamos a bosta junto do forno, onde já estavam a tostar duas ou três bôlas redondas. Nossa avó - chamava-se Maria - pegava numa delas, talhava-a em quatro, e dava um pedaço a cada um de nós. Que pitéu, que maravilha, quentinha, a escaldar os lábios e a ponta da língua.



Assistíamos então à faina: nossa avó limpava a cinza ao forno com uma pá de chapa. De seguida, descobria as broas cruas e, uma a uma, introduzia-as ao calor. Benzia-as e colocava a tampa na boca do forno, vedando as frinchas com bosta a bastar. Daí a minutos, na ampla cozinha, bailava um cheirinho de levar o nariz até ao tecto.



Sobre as brasas sobrantes na crepitante lareira, nossa avó dispunha meio-cento de sardinhas, brilhantes de frecura, a assar. Ena... A água começava a correr-nos na boca...



A noite descia lenta... Nosso tio Valentim e tia Maria, pais do Álvaro e do Fernando, voltavam da fábrica...



- Meninos - dizia paremptória nossa avó - toca a lavar a cara, as mãos e os pés. Depressa, que a ceia está pronta...



Bem... Estou neste momento a extasiar-me com a lembrança. Oh... Quem me dera apanhar agora aqui um naquinho daquela broa, duas sardinhas, aquelas batatas cozidas com casca, molhadas em azeite puro e vinagre vermelho, uma malga de caldo verde e uma canequinha de vinho americano... Ah... E o cheirinho ambiente da bosta de vaca... Seca pelo calor do forno... a pairar no ar...



Ena... António Maia... Quando fazemos por aí uma petiscada à moda de nossos avós. Bosta?!... Da melhor... Das pachorrentas e malhadinhas vaquinhas "da Antonina"... Que saudade... Que saudade... Lembra-se?... As vacas sossegadamente a pastarem nesse seu grande campo que fica nas traseiras de minha casa?...



Por falar no seu campo, neste hodierno tempo: quando é que manda fazer lá um estádio de futebol?... É o que está a dar António!... Ah... Ah... Ah...



Torre da Guia

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui