Nosso 7 de setembro, data da Independência do Brasil, passou sem que o povo brasileiro tivesse algum motivo para comemorar. Antes, a expectativa era grande, porque o povo acreditou que pudesse mudar o País com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, que acabou frustrando boa parcela da população, ao continuar a política recessiva de FHC.
Há um movimento popular colhendo assinaturas com o objetivo de solicitar a realização de um plebiscito oficial sobre a Alca – Área de Livre Comércio das Américas, símbolo do imperialismo truculento americano. A sociedade civil colheu em 2002 mais de 10 milhões de assinaturas em “consulta popular” sobre a Alca, imposição dos EUA aos países pobres da América, ferindo a soberania do Brasil, mas, infelizmente nossos governantes sequer tomaram conhecimento.
O que os defensores da Alca não informam ao povo brasileiro, conforme Boletim da Campanha Jubileu Sul/Brasil – Campanha Brasileira Contra a Alca, a Dívida e a Militarização: 1. “A Alca vai concentrar mais renda e poder nas mãos das transnacionais americanas. 2. Vai continuar subtraindo direitos trabalhistas e piorar as condições de trabalho. 3. Desintegrará a cultura própria de cada povo, pela pressão homogenizadora da mídia global. 4. Afetará a agricultura familiar e a segurança alimentar dos povos. 5. Destruirá o meio ambiente. A biodiversidade da Amazônia será monopolizada pelas empresas dos Estados Unidos. 6. Subordinará as necessidades das pessoas ao jogo do mercado. E privatizará ainda mais os serviços públicos. 7. Acelerará a desnacionalização da economia do País e a quebra das médias e pequenas empresas. 8. Implicará perda da soberania nacional e autodeterminação dos Estados-Nações. 9. Vai impor o dólar como moeda única. 10. Porque outra integração justa, soberana e solidária é possível, entre as Nações do Hemisfério Sul.”
O Brasil sempre se norteou pela paz, mas isso não significa que tenhamos que aceitar tudo o que os EUA nos impõem. É preciso discernir o que é bom ou não para o povo brasileiro. Durante esta semana está acontecendo o ato do Grito dos Excluídos, cujo lema é “Tirem as mãos... O Brasil é nosso chão.” Conforme o jornal Diário de S. Paulo, do dia 7 de setembro de 2003 “ os protestos começam hoje, com o Grito dos Excluídos, como um alerta contra a instalação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca)”. Dom Tomás Balduíno, presidente nacional da Comissão Pastoral da Terra, afirma “não se admitirá que o espaço no governo fique reservado ao capital”.
Evidentemente, o Brasil pode participar dos debates sobre a conveniência de fazer parte ou não da Alca, desde que o faça com independência e não como quer os EUA. Ocorre que, até agora, as prioridades do governo Lula têm sido voltadas para o mercado financeiro interno, o banco mundial e o capital financeiro internacional, deixando aqueles que o elegeram decepcionados com as decisões adotadas, que não trazem nenhum benefício aos brasileiros. É a filosofia do Ministro Ricúpero: “ O que é bom a gente mostra, e o que é ruim a gente esconde.”
Gaba-se o governo de ter eliminado privilégios e marajás. Ledo engano. Os marajás são os banqueiros e os membros do Congresso Nacional, com salários astronômicos e privilégios de toda sorte, que se agitam dentro das duas casas para massacrar ainda mais os trabalhadores. Muito cinismo. Não há palavra mais apropriada para descrever o que os partidos políticos são capazes. Dentro do Congresso Nacional são testas de ferro do capital internacional. Fora, dizem estar ao lado do trabalhador. É muito cinismo mesmo. E Lula sabe disto, porque já esteve lá. Mas, como disse o Ministro Maurício Corrêa, o Presidente Lula flutua entre o Ministro chefe da Casa Civil e o Ministro da Fazenda, inebriado pelo poder.
Os jornais de São Paulo, do dia 08 de setembro de 2003, trazem a manchete: “No 7 de setembro, Lula ficou longe do povo.” Na prática, Lula já está longe do povo desde quando assumiu a Presidência da República e retomou a política de FHC e do FMI. Enquanto isso, o desemprego cresce e consequentemente a fome aumenta, mas o Fome Zero continua aí... no papel.