Observo onde está enterrado Santos Dumont a estátua de Ícaro, a lenda grega do ser humano sonhando em voar (sonhando com dias melhores), mas construindo asas de cera... Consegue voar, mas estando mais próximo ao sol a cera derrete e ele cai... Ele mesmo Santos Dumont repetiu a FRAGILIDADE de Ícaro. A mesma mente extraordinária que tornou o avião possível, se degenera numa doença rara e ele acaba se matando.
Se percebe essa fragilidade de sete mil anos de história. É normal que o ser humano erre, é da sua própria natureza humana a facilidade de errar. O homem vivendo em sociedade e estando na mão do próprio homem, é incrívelmente vulnerável e frágil. O Papa João Paulo II sendo baleado repetiu a história de Cristo, em que se viu que não bastou ser o filho de Deus, a melhor pessoa do mundo, incrívelmente correto e bom, para não ser vítima de intrigas e agressões.
Compreendo um segundo ponto levando a essa fragilidade, analisando a nave Columbia que de repente explode no ar. Quanto maior a complexidade das coisas todas e também da tecnologia, maior a tendência das coisas darem errado e de ocorrerem acidentes. Uma civilização mais complexa, traz também uma complexidade maior de problemas : No capitalismo cego que continuamos a ter, diversas matérias primas e recursos, logo de fato acabarão ou se tornarão escassos. O meio ambiente, a natureza, continua a ser agredida e a partir disso os distúrbios no clima estão se tornando mais frequentes, ocorrendo igualmente mundo a fora, o que levará cada vez mais a quebras na produção agrícola, ao mesmo tempo em que o crescimento da população mundial continua a explodir.
Um terceiro fator levando a essa fragilidade do ser humano, se percebe na história, da tendência de eternamente a maioria das sociedades, só saber viver buscando formar estruturas de poder no maior gráu. Terminada a Segunda Guerra Mundial o homem horrorizado com a destruição toda, condenou imensamente a fixação por poder na Alemanha, que tinha levado à guerra. Passado algum tempo, o mesmo ser humano continua com a mesma natureza, com fixação por poder, pelos valores da sociedade de consumo. O que chamam de globalização, é a mesma fixação por concentração absurda de poder, de produção e consumo. Essa globalização está levando milhões de pessoas ao desemprego e falta de perspectivas. Se percebendo esses aspectos e problemas todos acima, deve-se lembrar o que se diz, que muitas vezes a soma é maior que a união das partes. O fim de matérias primas, recursos e quebras de produção agrícola, se soma à explosão populacional, à natureza já difícil do ser humano e à inclinação ao longo de toda a história das sociedades, por concentração de poder e consumo. Ou seja, não são problemas ocorrendo de modo isolado, mas ao mesmo tempo, em conjunto.
Os atentados terroristas em Nova York mostram o que se vê ao longo dos séculos, que destruir sempre é fácil, que a civilização que construimos sempre tem um lado de fragilidade e que se vive num mundo em que não basta ser o mais forte, têm-se que ser o mais habilidoso, o mais político, o mais correto e o mais justo, e também o de mais cultura, organização e civilização.
Nesse quadro todo atual da política se agravando com a chamada globalização, se vê que não será possível bilhões de pessoas mundo a fora viverem passivamente, sem terem condições mínimas, sem terem o que comer e sem futuro. Da mesma forma que se diz que : Em casa que não tem pão todos brigam e ninguém tem razão, numa Terra cada vez mais sem pão, todos brigarão e ninguém terá razão. Uma nova guerra será apenas uma entre várias, se a natureza humana que venceu e realizou maravilhas em sequência de civilizações, não conseguir vencer e se modificar a si mesma...