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Artigos-->Maria Rita e o DNA da MPB (Um Novo Rosto Atrás do Mesmo Véu) -- 20/09/2003 - 00:10 (Carlos Frederico Pereira da Silva Gama) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
“Cada aeroporto

É um nome no papel

Um novo rosto

Atrás do mesmo véu”

(Cazuza, “Solidão que Nada”, 1987)



Entre uma e outra audição de um dos discos fundamentais dessa terra brazilis (que vem a ser “Acabou Chorare”, dos Novos Baianos de 1972 – muitos “velhos baianos” se seguiriam) recebo a notícia. Mais uma “revolução da MPB” a caminho: acaba de lançar seu disco de estréia a filha de Elis Regina (não só dela – de César Camargo Mariano também). Casas de show esgotadas, crítica “especializada” de joelhos e além de tudo, um hit – a primeira edição do disco já desapareceu das prateleiras. Nada de novo no front da MPB. Mais uma donatária a caminho.



Nossa música popular, há tempos, se caracteriza pela reverência para com o passado (na contramão do resto do mundo, que se reapropria do passado em prol do futuro, olhamos para o futuro querendo voltar no tempo). Nossas tradições são verdadeiramente inesgotáveis – não porque faltem inovadores (sempre os há, dissidências tachados de “malditas”), mas porque abundem imitadores e “continuadores da obra de fulano” a torto e a direito. Bom, esse fenômeno também ocorre em outras terras e estilos musicais (haja vista a onda “retrô” no Rock e pasmem, na Música Eletrônica – sempre dita “do futuro”).



Para deleite de nossa ala nacionalista, estamos na vanguarda do continuísmo artístico mundial. Não somente pouco se produz de novo – questão de criatividade. Via de regra, o crepúsculo de um artista é precedido pela ascensão de seus familiares, dispostos (e quase sempre bem sucedidos) em “ocupar seu espaço” antes que “oportunistas” o façam. E isso ocorre sob o aplauso da chamada “opinião pública”, mídia comandando o movimento, orientando esse peculiar “Carnaval” realmente sem data para acabar.



Não faltam, no Brasil, artistas deitados em berço esplêndido dispostos a mudar algo para que tudo permaneça exatamente como está. Apenas alguns exemplos: os filhos de Caetano Veloso, Dorival Caymmi, Djavan, Wilson Simonal, Moraes Moreira, Jair Rodrigues, fora a própria Elis Regina etc (e pouparei os leitores de comentários sobre Wanessa Camargo e Sandy & Júnior, embora estes não sejam senão parte do quadro geral).



Como os icebergs, o paternalismo em nossa música popular abriga problemas maiores do que poder-se-ia imaginar, à primeira vista. Afinal, exemplos de “famílias Do-Ré-Mí” abundam em todos os gêneros (basta citar os dois – talentosos – filhos do magistral Johann Sebastian Bach). Não seria diferente na MPB não é? Pois bem. O complicador no caso nacional é o fato do DNA superar largamente o talento como critério “definidor” de uma herança musical. Haja vista os filhos de Elis Regina. Unidos, não possuem senão uma minúscula centelha do talento da progenitora (e quiséramos que esse caso fosse um mero evento isolado e esparso). Mais do que falar em “família Dó-Re-Mi”, o caso é de capitanias hereditárias. Ed Motta é o caso limite: por anos a fio, seu talento musical foi preterido em prol da denominação “sobrinho de Tim Maia” que, por sua vez, acabou por se tornar uma camisa-de-força artística.



Enfim, deixo claro que não escrevi as linhas acima motivado por alguma rejeição peculiar à música de Maria Rita Mariano (mesmo pensando que “Como Nossos Pais” seria uma música capaz de sintetizar tudo o que pode-se dizer sobre seu talento). O artigo é fruto de pura insatisfação com o conformismo criativo de nossa música popular (de resto, não exclusiva de nosso país, mas certamente mais presente aqui do que em qualquer quadrante de nossa galáxia). Quiçá dias melhores virão...Até lá, esperarei ouvindo a melhor “dobradinha musical” de abertura de um disco desde que Miles Davis abriu seu “Kind of Blue” (1959) com “So What” e “Freddy Freeloader” – que vem a ser “Deus Lhe Pague”-“Cotidiano”, Chico Buarque da leva 1971. Até mais!

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