Quando vejo tantas empregadas domésticas não desejando sair de onde estão, dizendo inconscientemente às patroas que não querem crescer. Quando vejo tantos professores não querendo subir na carreira, correndo apenas atrás do óbvio e continuando a dar suas aulinhas “arroz com feijão” e torturando seus alunos no seu dia-a-dia. Quando vejo tantos diretores de empresas públicas e privadas querendo apenas mandar e comandar, sem jamais envidar esforços para se atualizar e aprender mais. Quando vejo o dono do buteco da esquina contente com aquilo que tem ou não tem, sem nenhuma pretensão maior de subir na vida. Quando vejo tanta gente encostada no barranco das lamúrias, achando que tudo na vida é mesmo difícil e ruim e que não adianta tentar crescer porque isso é só para quem tem sorte. Quando imagino que a canção “Oh, vida marvada, num dianta fazê nada” foi feita para essas pessoas, então eu, por conta de pernilongos indesejados, ligo a tv à noite e fico muito feliz. Fico feliz, pois vejo o presidente de meu país, aquele que um dia foi um simples torneiro mecânico, fazendo uso da palavra numa das mais fortes organizações mundiais e dizendo o que muitos estadistas poderiam dizer, até mesmo gostariam de dizer, mas não o fazem porque tem medo. Parabéns, presidente!